Comportamento Saúde Mental

10 consequências que ansiedade não tratada pode trazer para a sua vida

Mulher sentada no chão com as mãos na cabeça tendo uma crise de ansiedade
Liza Summer de Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Explore as 10 consequências impactantes que a ansiedade não tratada pode desencadear em sua vida. Desde efeitos na saúde física até impactos nos relacionamentos, cada aspecto destaca a urgência de cuidar da saúde mental. Compreenda e cuide de sua saúde mental agora.

Todo mundo sente ansiedade. Ela é normal em situações de maior nervosismo, como uma prova difícil ou a chegada de um filho. Para fugir em situações de perigo ou até mesmo conseguir planejar o próprio futuro, é essencial que exista um pouquinho de ansiedade.

No entanto, para algumas pessoas, esse sentimento ultrapassa os limites normais. Ele deixa de ter um motivo específico e causa sofrimento intenso. É nesse momento em que há a suspeita do transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

O transtorno de ansiedade é um dos problemas mais preocupantes em todo o mundo — e no Brasil não é diferente. Em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 29,3% da população brasileira sofre com taquicardias, tremores, preocupações excessivas, isolamento e vários outros sintomas relacionados à TAG.

E a inquietação fica ainda maior ao saber que boa parte dessas pessoas não procuram o tratamento adequado para a sua condição, sofrendo ainda mais com as consequências da ansiedade não tratada. A seguir, veja o que o transtorno pode causar na sua vida quando não recebe a atenção devida:

1 – Uso de drogas e álcool

Homem deitado com a cabeça na mesa depois de tomar remédios e álcool
dima_sidelnikov de Getty Images no Canva

A ansiedade tem uma ligação de mão-dupla com o abuso de álcool e outras drogas. Quando uma pessoa se sente muito ansiosa, o uso das substâncias ilícitas pode atuar como um gatilho que potencializa as crises. Ou seja, ela consome cada vez mais para evitar a sensação ruim que vem após o uso. E o contrário também acontece: tentando fugir das preocupações excessivas, muitas pessoas buscam nas drogas uma forma de extravasar o que se passa em sua mente.

E aí o ciclo se torna vicioso, agravando ainda mais a situação. Principalmente no caso dos jovens, a adição em drogas lícitas e ilícitas traz inúmeros malefícios à saúde mental de quem as utiliza. No que diz respeito à ansiedade, ainda que o quadro pareça controlado durante o consumo, o resultado quando o efeito passa é reverso: torna as crises cada vez mais fortes.

Além dos impactos para a saúde, isso também prejudica as relações sociais e de trabalho do usuário, já que pode afastar amigos, familiares e colegas de trabalho.

2 – Depressão

O abuso do álcool e outras drogas combinado com a ansiedade pode ainda resultar em depressão. Mas esse é um transtorno que, mesmo em quem não utiliza nenhuma substância, está comumente associado à TAG. Na prática, pessoas com comportamentos ansiosos apresentam um risco 33 vezes maior do que a população geral de apresentar comportamentos depressivos.

A lógica é simples: um indivíduo muito ansioso está sempre em estado de alerta e sente que nunca está completamente resolvido em diversas áreas da vida. Isso faz com que ele tenha dificuldades para pensar, agir e se sentir de forma plena, o que provoca o surgimento de inseguranças e problemas na autoestima. Desses sentimentos, nasce a depressão.

Outra explicação tem a ver com fatores genéticos. Alguns dos genes que acarretam um maior risco para o transtorno de ansiedade são os mesmos que também levam a um maior risco para depressão.

Por isso, quando o quadro de ansiedade vier associado a sintomas como a perda de prazer em coisas que a pessoa gostava de fazer antes, tristeza profunda e alterações de sono, apetite e psicomotricidade, pode ser que a depressão também esteja presente.

3 – Problemas digestivos, problemas estomacais e problemas intestinais

Já no que diz respeito à saúde física, a ansiedade não tratada impacta, principalmente, o trato gastrointestinal. Quando não controlada, a TAG pode alterar as funções do organismo e resultar em problemas estomacais mais graves ao longo do tempo, como gastrites, úlceras e síndrome do intestino irritável.

É comum que quem sofre com preocupações excessivas experimentem queixas como dores de estômago, náuseas, diarreias, constipações, azias e outros. Todas elas fazem parte da vasta gama de problemas digestivos associados à ansiedade.

A gastrite nervosa, uma das principais doenças crônicas associadas ao estado emocional, é uma inflamação do estomâgo que acontece em momentos de estresse intenso. Os sintomas vão desde cólicas até mal-estar, vômitos e mudanças no apetite. Em um contexto mais amplo, afeta ainda o bom funcionamento da vida social, pessoal e profissional daquele indivíduo.

4 – Insônia

Mulher com insônia olhando o relógio
dragana991 de Getty Images no Canva

A ansiedade também interfere diretamente na qualidade do sono. E por que isso acontece? Por conta do pensamento acelerado, das preocupações excessivas e do permanente estado de alerta que fazem com que a pessoa demore a pegar no sono.

Antigamente, os especialistas achavam que a insônia era mais um dos sintomas da ansiedade. No entanto, hoje já se sabe que são condições distintas que, muitas vezes, podem andar lado a lado, como se fossem comorbidades.

Aprenda mais sobre ansiedade

Todas as inquietações relacionadas à ansiedade podem fazer com que a pessoa não consiga relaxar completamente, sofrendo de insônia. Por outro lado, quando essa dificuldade para dormir já existe, a hora de dormir pode ser envolta em muita ansiedade: o medo de não conseguir descansar e sentir as repercussões no dia seguinte. Ou seja, ansiedade e insônia agravam uma a outra.

Noites mal dormidas, além de prejudicarem o rendimento no dia seguinte, também dificultam a fixação de informações, causam maior irritabilidade e diminuem a capacidade de concentração.

5 – Dores de cabeça e dores musculares

As dores aparentemente sem motivo são mais uma das consequências da ansiedade. Dores de cabeça constantes e incômodos musculares persistentes representam as queixas mais comuns desses pacientes. Isso porque o cérebro interpreta o sofrimento psicológico como um problema físico, provocando somatização dos sintomas em resposta aquela ameaça.

No caso das dores de cabeça crônicas, a explicação está associada às alterações nos níveis de serotonina no cérebro, neurotransmissor responsável pela satisfação e bem-estar. A sua queda é alertada pelo corpo através de dores de cabeça na nuca, na testa e em outras regiões do encéfalo.

A tensão também se espalha pelos ombros, pelas costas e por outras áreas do corpo, levando à recorrência de relaxantes musculares, o que pode acarretar dependência medicamentosa. A razão é que os músculos ficam muito tempo contraídos devido à angústia que não passa.

6 – Problemas cardíacos e respiratórios

Até mesmo quem não tem o transtorno de ansiedade sente o coração acelerar quando se sente mais ansioso. Por que isso acontece? Porque o estresse causado por essa sensação leva a um aumento da produção de cortisol e adrenalina, o que leva o corpo a ativar o modo de combate. Parece que só existem duas opções: lutar ou fugir. E, para isso, o sangue precisa circular rapidamente pelo organismo.

Em ocasiões pontuais, esse é um ótimo mecanismo de sobrevivência humana. Mas quando a ansiedade é constante e a produção de cortisol e adrenalina fica elevada por muito tempo, o risco é de contração das artérias. Entre as consequências, estão a hipertensão, o infarto e o acidente vascular cerebral, conhecido como AVC.

Já em relação ao sistema respiratório, os problemas podem surgir devido à falta de ar. Durante uma crise de ansiedade, os músculos do corpo ficam tensos e rígidos, inclusive os do pescoço e dos ombros, dificultando a passagem de ar. Além disso, a respiração fica acelerada, cansando esses músculos, que não conseguem trabalhar direito. A asma é um dos problemas respiratórios que pode ser agravado pelo transtorno de ansiedade.

7 – Suicídio

Ainda que o comportamento suicida esteja muito mais relacionado com a depressão no imaginário popular, a ansiedade também pode ser um dos fatores que levam ao suicídio. Estudos mostram que há uma forte correlação entre os sintomas ansiosos e os pensamentos suicidas. Os números de pessoas com transtorno e ansiedade que tentaram o suicídio são bem mais altos do que aqueles entre a população geral.

No entanto, esse é um tema que ainda exige mais estudos. Infelizmente, o suicídio ainda é um tabu tanto para pessoas que sofrem com transtornos psicológicos e psiquiátricos quanto para quem convive com elas e até entre os próprios especialistas.

Mesmo assim, é um fato que, se não for tratada adequdamente, a ansiedade pode, sim, levar a comportamentos suicidas e até ao ato de colocar um fim na própria vida.

8 – Ataques de pânico, fobias e TOC

A ansiedade costuma aparecer associada a outros transtornos, inclusive agravando quadros mais leves. Entre eles, estão a síndrome do pânico, as fobias e o transtorno obsessivo compulsivo, o TOC.

A síndrome do pânico, também chamada de ansiedade paroxística episódica, é a ocorrência repentina de crises agudas de ansiedade sem nenhum motivo aparente. Na maior parte dos casos, a pessoa sente um medo intenso e apresenta sintomas físicos e emocionais de tensão. É como se ela tivesse a certeza de que vai morrer ou enloquecer em breve. Tais crises podem surgir devido ao medo excessivo característico da TAG.

O mesmo medo, em graus mais elevados e frequentes, pode resultar em uma fobia, problema classificado como um tipo de transtorno de ansiedade. Essa fobia pode ser de qualquer coisa: palhaço, agulha, lugares fechados, altura, entre muitos outros. Não importa qual seja o objeto causador de medo, mas a sensação de pavor que ele suscita.

Já o transtorno obsessivo compulsivo, por sua vez, está relacionado aos pensamentos indesejados típicos da ansiedade. A pessoa pensa por tantas vezes em uma situação que não consegue controlar que aquilo se torna uma obsessão. Para extravasar, ela pode desenvolver hábitos ou rituais em seu dia a dia que afetem a rotina, caracterizando o TOC.

9 – Emagrecimento ou obesidade

Apesar das várias consequências já citadas neste artigo, é a alteração no peso que geralmente acende o alerta para as outras pessoas de que algo não vai bem com quem tem o transtorno de ansiedade.

O ganho ou a perda de peso acontecem, entre outros motivos, pelo apetite desregulado. Quando ansioso, o indivíduo costuma comer rapidamente, sem prestar atenção nos sabores, o que pode alterar a sensação de ansiedade e modificar os hábitos alimentares. Além disso, pode surgir ainda uma compulsão como forma de escapar daqueles sentimentos ruins.

No caso do aumento de peso, outras razões envolvem o desequilíbrio na saúde física e mental, como a dificuldade para dormir, manter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos. A liberação de hormônios do estresse também pode levar o organismo a um estado inflamatório.

Já quando há a perda de peso, mais rara, os motivos estão relacionados à perda de apetite e, em algumas ocasiões, ao uso de medicamentos antidepressivos.

10 – Baixa imunidade

Mulher deitada no sofá doente
Anna Subbotina no Canva Pro

Por fim, sabe-se que a ansiedade influencia na imunidade de uma forma geral. Durante situações ansiosas específicas, o corpo se prepara para lutar ou fugir, mas depois retorna aos seus níveis normais. Já quando o estresse é frequente, o organismo enfrente dificuldades para voltar ao funcionamento regular. Isso faz com que o sistema imunológico enfraqueça.

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Nesse contexto, podem surgir diversas doenças, como infecções, viroses e alergias. É que o estresse altera o número de linfócitos presentes na corrente sanguínea, ou seja, estruturas responsáveis pela destruição de agente invasores, tais como vírus e bactérias. Sem eles, qualquer pessoa fica suscetível a adoecer.

A ansiedade não tratada e associada a hábitos de vida ruins, como alimentação desequilibrada, sono desregulado e sedentarismo, acarreta uma baixa imunidade. Sendo assim, além de ficar doente mais vezes, a pessoa leva mais tempo para se curar.

Ou seja, não dar a atenção devida ao quadro de transtorno de ansiedade generalizada leva ao surgimento de problemas mentais, físicos e sociais. É importante procurar ajuda especializada para entender a fonte dessa ansiedade e tratá-la da melhor maneira, levando em consideração a sua rotina. Não existe um único caminho para controlar a ansiedade, mas é fundamental reconhecer o problema e buscar orientação médica. Com paciência e o tratamento adequado, o paciente com TAG é capaz de alcançar muito mais qualidade de vida.

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