Em grande parte dos dias, vivemos no limite. Muitos compromissos foram firmados em nossa situação de vida a ponto de estarmos sempre com a agenda lotada. Em meio a essa enxurrada de responsabilidades em casa, no trabalho, na escola, na faculdade e onde mais a vida nos levar, não há espaços para erros, enganos, pausa para um café ou desistências, mesmo que momentâneas, afinal, você pode ser taxado de procrastinador ou até mesmo preguiçoso.
Como acrobatas, estamos com milhões de bandejas penduradas até os dentes diante de um público sempre muito exigente e intolerante. Infelizmente, fomos “adestrados” a depender dos aplausos, a pedir pelas flores no palco, a precisar da chancela deste público para nos sentirmos nós mesmos. E, ao final de todo esse esforço artístico, muitas vezes, nem somos remunerados a contento. Não importa o nome ou mesmo o rosto do que nos aflige, uma hora o corpo poderá responder de forma extrema e não vai ser bonito, muito menos artístico.
Tudo começa com uma aflição generalizada, que nubla o raciocínio e o discernimento. A porteira das emoções mais difíceis foi aberta e, como não fomos educados a lidar com nossos sentimentos de uma forma saudável, somos tomados por uma grande ansiedade.
Naturalmente, o corpo físico responde com o aumento dos batimentos cardíacos. No mesmo compasso, vem a respiração, acelerada e sufocante. A combinação de eventos leva à materialização do desequilíbrio, com tontura e dores no peito. Fique alerta, pois você pode estar tendo um ataque de pânico.
Saiba mais sobre Ataques de Pânico:
Causas
A ciência ainda não chegou a uma resposta para o que causa um ataque de pânico, até porque experiências estressantes ou traumáticas podem até produzir padrões similares no aspecto físico, mas elas se pulverizam em diferentes endereços, histórias de vida únicas e personalidades singulares. Em meio a uma grande variedade de combinações, pessoas que vivem o mesmo acúmulo de tensões, por exemplo, podem ou não chegar ao extremo.
Por isso, muitos fatores podem ocasionar um ataque de pânico, mas, antes de listarmos as possíveis causas, é preciso diferenciar bem as terminologias. Ataque de pânico não é a mesma coisa que síndrome ou transtorno de pânico. Enquanto o ataque ou crise de pânico é episódico e a pessoa não necessariamente passará por isso novamente, a síndrome de pânico é diagnosticada a partir da frequência dos ataques, dentre outros sintomas, como, por exemplo, medo de estar em espaços públicos (agorafobia) e até dos próprios ataques de pânico.
Ataques de pânico, portanto, podem ser o escape desordenado de grandes traumas como acidentes ou mesmo abuso sexual. O uso de drogas, efeito colateral de medicamentos ou problemas no sistema fisiológico também se apresentam como gatilhos. Contudo, são nos episódios de estresse extremo, acúmulo de tensões, ansiedade, depressão, baixa autoestima e sentimento de culpa que os ataques de pânico encontram morada na maioria dos indivíduos, demonstrando a inépcia do homem diante de seus pensamentos e de suas emoções.
Diagnóstico
Como visto no começo deste artigo, um crescente de sintomas acomete o indivíduo e, quando ele menos espera, já está tomado por aquela indescritível correnteza. Ataques de pânico não enviam mensageiro ou sinal de fumaça. Eles acontecem repentinamente e, em muitos casos, são confundidos com um infarto. Passado o descontrole físico e emocional, muitos vão em busca de um cardiologista, mas este não encontra nada. Aliviados com o diagnóstico, têm muitas pessoas que simplesmente esquecem o ocorrido e seguem com suas vidas.
Contudo, não se pode deixar um ataque de pânico passar. Para não haver dúvidas e/ou equívocos em eventos fundamentais para a manutenção da saúde, é importante conhecer seus sintomas físicos mais comuns. Como a maioria das pessoas pouco ou nada sabe de seu universo emocional, o alerta físico é um grande aliado, talvez o único.
Sintomas como taquicardia, náuseas, formigamentos pelo corpo, suor excessivo, respiração desregulada, tonturas, tremores, calafrios, sensação de falta de ar, variações extremas de temperatura, sensação de quase morte ou perigo iminente, medo e até sensação de desmaio indicam que você está tendo um ataque de pânico.
Chegar a esse ponto não é, nem de perto, o melhor dos cenários, portanto, se as coisas não andam muito boas em sua vida e você está passando por uma escalada de estresses e até mesmo traumas, busque compreender a situação e o que está varrendo para debaixo do tapete. Caso você já tenha experimentado esses sintomas, procure ajuda. Um médico psiquiatra é o mais indicado para diagnosticar ataques de pânico ou outros transtornos. Cuide de si mesmo!
Os ataques de pânico fazem parte do quadro de sintomas específicos de quem sofre da doença crônica denominada síndrome do pânico. Neste caso, além de crises frequentes, a instabilidade psíquica é presente em todos os momentos.
O grande incômodo e situação de desespero não tem hora nem lugar para acontecer, pode ser no trânsito, na rua, num bar ou festa. Algumas das características são suadouro, sensação de perigo, palpitação, dificuldade para respirar, para engolir e até mesmo tonturas e desmaios.
Durante os ataques alguns pensamentos ficam passando pela cabeça de quem sofre, saiba aqueles que mais expressam as sensações das vítimas:
Pensamentos comuns no ataque de pânico
A primeira parte do corpo a sucumbir diante de um ataque de pânico é a mente. Acostumada a governar, a seu modo, cada passo do caminho, quando um indivíduo vivencia um episódio desses, seus pensamentos tentam segurar as rédeas de uma carruagem desgovernada. Sem habilidade alguma para isso, a mente expele uma torrente de constatações e sugestões que se acumulam como resíduos nocivos, que só intensificam os sintomas físicos. Conheça alguns dos pensamentos mais comuns que surgem durante um ataque de pânico.
- “Não estou me sentindo bem”
A primeira identificação normalmente vem com esta frase. Não se sabe bem o que se passa, apenas sente-se um desconforto e não se sabe o que fazer, como reagir.
2. “Ah, não! De novo não!”
Para aqueles que já tiveram outras crises fica mais fácil reconhecer quando elas estão a caminho, o que, entretanto, não permite controlá-las.
3. “ O quanto será constrangedor desta vez só porque eu tenho esse medo estranho?”
Por não poder controlar os ataques em nenhuma circunstância, as pessoas que sempre os tem sentem vergonha e medo sem nem mesmo saber claramente o porquê estão se sentindo daquela maneira.
4. “Estou tendo um ataque do coração?”
Tanto para os que já passaram por isso quanto para aqueles que passam pela primeira vez, o ataque de pânico pode ser confundido com ataque do coração, principalmente por conta de seus sintomas comuns como a sudorese a palpitação.
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5. “As pessoas estão me julgando agora”
Ao mesmo tempo em que não se pode controlar a reação do corpo, a pessoa permanece consciente daquilo tudo que está acontecendo e de seu comportamento estranho, portanto teme julgamentos e olhares estranhos, o que piora ainda mais a instabilidade psíquica.
6. “Porque não sou normal e corajoso assim como os outros?”
Tal comportamento traz resposta de estranhamento de muitos e faz com que aquele que sofre dos ataques se sinta estranho em relação aos outros, inseguro e sem confiar em si mesmo por não poder controlar totalmente o que sente, pensa e como se comporta nestes momentos.
7. “Eu vou morrer”
Dependendo da intensidade destes ataques a pessoa pode pensar estar morrendo. Eles não são previsão de fim nem mesmo de melhora, não se sabe até quando aquele incômodo todo estará presente.
8. “Quem eu realmente gosto irá se decepcionar comigo”
Além da preocupação com olhares estranhos, o indivíduo se sente muito mal, sente-se “fraco”, teme julgamentos e acha que ninguém entenderá as razões pelas quais aquilo tudo está ocorrendo.
9. “Por favor, faça isso parar”
Sem poder ou conseguir reagir de muitas maneiras, a pessoa que passa por um ataque de pânico só consegue desejar que aquilo tudo passe o mais rápido possível pois não faz o mínimo sentido e não traz nenhuma sensação boa.
10. “Respire fundo”
Exatamente por não encontrar outras escapatórias para minimizar a situação, a pessoa simplesmente deseja que aquilo passe rapidamente e tenta, no mínimo, respirar fundo para lidar melhor com a situação.
Tratamento e cuidados
Após o diagnóstico de um psiquiatra, o paciente deverá ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com a presença de médicos, psicólogos e assistente social. Muito além de remediar um órgão em desequilíbrio, um ataque de pânico levanta a necessidade de se olhar o indivíduo de uma forma mais sistêmica, observando fatores sociais e psicológicos.
Além de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos em casos mais graves, um dos tratamentos é a psicoterapia. Prática realizada por psicólogos, ela tende a colocar as cartas na mesa, abrindo espaço de diálogo para que a pessoa identifique suas próprias limitações enquanto compreende a natureza de seus pensamentos e seu estado de ansiedade. Somos feitos de muitas camadas seladas e, em muitos casos, necessitamos de um guia que poderá desfazer os nós que nós mesmos criamos.
Dentro da psicoterapia, alguns citam, por exemplo, a utilização da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), criada pelo psiquiatra Aaron Beck na década de 1960. Ao invés de analisar os acontecimentos em si, essa abordagem aprofunda a busca do problema a partir do modo como cada indivíduo interpreta as situações. Segundo essa corrente, todo comportamento que temos é adquirido ao longo da vida. Não adianta, portanto, listar uma série de culpados externos, pois a resposta está dentro de nós.
Enquanto a medicina tradicional poderá colaborar nesta cura, o autocuidado também ajuda. Por isso, respire fundo algumas vezes e tente manter-se atento a isso, ao invés de embarcar no terrorismo mental que só agrava os sintomas físicos. Respirar profundamente contribui para aliviar a tensão muscular. Afaste-se de locais movimentados, mentalize um cenário mais tranquilo em seus pensamentos, como uma praia ou uma paisagem montanhosa, e sempre lembre que não importa o tamanho da tempestade, ela vai passar e você está seguro.
O tratamento para ataques de pânico pode incluir visitas ao psiquiatra e também uma consulta médica. O problema pode estar associado à questões de trauma assim como à alterações hormonais.
É importante identificar o comportamento e correr atrás de suas causa a fim de gerar melhora. Além disso, o paciente deve estar consciente que tudo o que sente no momento de seu ataque e a maneira como se comporta são diferentemente vistos por ele mesmo e pelas outras pessoas. Não se deve sentir vergonha ou ainda mais medo por agir assim, apenas tentar solucionar e enfrentar o problema sem causar mais medos e inseguranças que aquelas já existentes.
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