Tenho pensado em formas de colocar em prática todos os ensinamentos referentes a um coração amplo e aquecido e separei aqui algumas práticas que sempre me fizeram muito bem para me manter com o coração aberto e caloroso.
Somos seres que gostamos de compartilhar nossas ideias para nos sentirmos pertencentes. Isso engloba a lei do amor que é o pertencimento e seria minha primeira ação da lista. Desde sempre, amo escutar as histórias das pessoas. Um dos motivos de ter cursado jornalismo foi esse: poder todos os dias conhecer histórias novas.
Perdi as contas de quantas vezes as pessoas me perguntaram: você é psicóloga? Não era e não sou psicóloga. Simplesmente é da minha natureza o interesse genuíno em saber das experiências das pessoas. Passei cinco anos em uma empresa de marketing multinível, embora não gostasse de vender. O que me fez ficar durante todo esse período foram as histórias de superação das pessoas.
Desde uma que tinha medo de falar ao telefone com o cliente e se tornou milionária a ponto de não precisar trabalhar mais e hoje desfruta de sua mansão em Maui, até um casal que morava perto de um Posto de Saúde no México e passou a oferecer chás para os pacientes enquanto esperavam ser atendidos pelos médicos… Até que não precisavam mais dos médicos porque a conversa e o chá os curaram da enfermidade.
Essa história parece muito com a do Dr. Hen Len, divulgador do Ho’oponopono pelo mundo. Ele sentava todos os dias em seu escritório, pegava a ficha de cada paciente da ala psiquiátrica e repetia a Oração do Ho’oponopono que, entre outras palavras, consiste no “Sinto muito, me perdoe, amo você, obrigado”.
Em alguns meses, os pacientes tiveram alta a ponto de os trabalhos de toda a ala psiquiátrica, precisarem ser encerrados. Não havia mais ninguém para tratar. Acredito que o Ho’oponopono não fez esse milagre sozinho. Ele foi somado ao interesse genuíno do Dr. Hen Len por seus pacientes.
Outra ação da lista é sorrir. Essa é uma tarefa simples. Não seria necessário indicar isso porque sorrir deveria ser natural a todo ser humano. Mas, não é isso que vem acontecendo. As pessoas estão cada vez mais sérias. Muitas não têm motivo para isso e ainda questionam aquelas que sorriem.
O sorriso fez parte de um dia inteiro de prática de um Seminário de Cosmic Power que participei em Bad Reichenhall, na Alemanha. A cada uma hora de palestra da instrutora, parávamos para ficar 10 minutos com o sorriso mais largo que conseguíssemos. Muitos insights emergem através deste simples exercício. Lágrimas saltaram dos meus olhos e outras emoções atreladas ocorreram.
Outro exercício que você pode fazer quando estiver acostumada a sorrir por dez minutos, é sorrir olhando para o espelho. Respire, olhe-se no espelho e abra seu melhor sorriso. Aquele sorriso em que você mostra todos os dentes. Sua mente pode trazer vários julgamentos. Posso garantir que todos eles dizem respeito a algo que ouviu de alguém que sofreu alguma repreensão por sorrir por não ser a “hora certa”.
O sorriso abre seu chacra do coração de forma inimaginável. Em um dia cansado de trabalho, um sorriso pode recarregar todas as baterias novamente. Ao estar em um ambiente sério e desagradável, onde acreditam que é preciso transmitir seriedade para serem aceitos e amados, um sorriso é como um sol de verão, trazendo soluções positivas para o que ocorre de negativo ali.
Lembre que você é aceito e amado pelo que você é e quanto mais leve você vive a vida (e o sorriso ajuda muito na construção dessa leveza), mais as pessoas vão querer estar com você.
Mais um passo para o coração amplo é fazer as pessoas se sentirem importantes. No contexto onde cresci, esse passo era bem difícil porque nossos pais foram educados a deixar o bebê no berço para não ficar mimado. Se, nesse aspecto, já era assim, imagine fazer um adulto se sentir importante. Ouvi muito os adultos dizerem quando eu era criança: “já está se sentindo toda importante”. Ser importante ou fazer o outro se sentir importante era um tabu.
Havia outra crença em torno de fazer alguém se sentir importante. Ela tinha a ver mais com a lei do dar e receber da constelação medial. Era algo como: não vou dar importância a essa pessoa para ela me dar valor.
Então, vem Dale Carnegie e combate isso. Ele fala que quando acontece de você valorizar alguém, a pessoa fica desarmada. Ela se sente vista. Alguém que poderia passar na rua despercebida passa a olhar para você como alguém que está disposta a amar.
Quando eu tinha vinte anos, todos os dias parava em um semáforo e Júnior, de nove anos, sempre estava pedindo alguma ajuda. Durante quatro anos, quando ia trabalhar, falava com ele, perguntava como estava a mãe e os irmãos. Ele sempre respondia e tinha um belo sorriso no rosto.
Uma das últimas vezes que passei no semáforo, Júnior estava com 13 anos, começando a falar umas gírias que não eram nada doces frente ao que ele falava comigo. Estava com o cabelo pintado, raspado de forma estranha. Eu falei: “Você está se drogando, Júnior? Vai jogar sua vida fora? Faça algo de bom com sua vida!”
Ele não respondeu e ficou sério.
Quase vinte anos depois, encontrei Júnior novamente em um semáforo do outro lado da cidade. Ele estava vendendo limpador de para-brisa. Quando nos vimos, nos reconhecemos imediatamente. As lágrimas saíram pelos meus olhos e muito emocionada falei: “Que bom que você não foi para as drogas… Fiquei triste naquela época…”
Ele respondeu com o sorriso doce de sempre: “Não. Aquelas coisas que a senhora falou foram muito importantes para mim. Sou longe das drogas. Trabalho todos os dias. Tenho três filhos para sustentar”.
Uma família! Para mim, a coisa mais digna de um ser humano é formar uma família, independente das condições que essa família tenha. Percebi o sagrado disto em muitas constelações. Abri a carteira e tinha uma nota de cem reais. Entreguei para Júnior e disse para comprar brinquedos para os filhos. Que dia feliz! Que dia feliz! Tanta felicidade por ter simplesmente feito uma pessoa se sentir importante anos atrás.
Um dia, estava com meu pai e minha mãe e paramos em um semáforo. Minha mãe disse: “Lá vem o menino pedir esmola, feche o vidro”. Eu disse: “Não, esse é Leonardo. Deixe eu abrir o vidro para perguntar se melhorou do braço (ele havia sido atropelado)”.
Meu pai começou a rir e disse: “Essa menina sabe o nome de todas as pessoas que ficam pedindo esmola no sinal”. Eu respondi que sim, pelo menos dos sinais que costumava passar. Meu raciocínio é muito simples. Se estou dentro do carro, sem fazer nada, esperando o sinal ficar verde, pelo menos converso com alguém.
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Outro aspecto é que a história dessas pessoas é fascinante. Conheci um que começou pedindo esmola no semáforo. Com o que ganhava, comprava frutas na Ceasa. Depois, ele começou a pegar frutas para ele e mais dois amigos venderem. Com a comissão que recebia dos amigos, deu entrada na compra de uma pequena camionete. Então, passou a pegar a camionete cheia de frutas na Ceasa e deixava nos semáforos para os vendedores de frutas em troca de uma comissão.
Essa é uma das histórias, dentre muitas. Só as conheço e elas preenchem meu ser de bondade porque fiz essas pessoas se sentirem importantes.