Nós usamos nossas palavras como nosso principal meio de comunicação para criar mensagens – tanto para argumentar quanto para expressar uma ideia. O que acontece é que esta forma de linguagem não é a única maneira que temos para nos comunicar. Nossos corpos se movem e balançam em sincronia com as nossas palavras, e continuam “falando” mesmo quando queremos ficar quietos.
Como o corpo fala
Nós usamos nossos corpos intencionalmente quando dizemos alguma coisa, como encolher os ombros, bater palmas, balançar a cabeça ou rolar os olhos. Outras vezes, nossos corpos entregam nossos pensamentos sem a nossa consciência, como quando nós inconscientemente apontamos nossos pés em uma direção, ou quando tocamos nosso pescoço ou rosto.
O escritor David Lambert aponta três objetivos fundamentais para a linguagem corporal:
Um substituto para o discurso consciente, como quando apontamos o polegar para cima; Um reforço para um discurso, como articular; E um reflexo do nosso estado de espírito, como nossas pupilas dilatadas.
A linguagem corporal foi provavelmente o primeiro meio de comunicação que o humano conheceu. O zoólogo britânico Desmond Morris sugeriu em 1969 que devemos a natureza animal toda e qualquer tipo de comunicação não-verbal que os humanos tenham desenvolvido.
Não é somente os seres humanos ou macacos que se comunicam não verbalmente. Outros animais como aves e lagartos incham o peito quando querem estabeler domínio. Sabemos, também, que os cães ao se sentirem culpados, abaixam suas cabeças.
Nossos corpos parecem ser ferramentas poderosas e universalmente expressivas, que dizem muito mais do que imaginamos, tanto quando queremos que eles digam algo, ou quando estamos alheios a ele.
O pensamento físico
Existe um campo emergente da psicologia conhecido como cognição incorporada, cuja principal premissa é que nossos corpos e o mundo que nos rodeia não só nos influenciam, mas como também estão intimamente entrelaçados em nossos pensamentos.
Estudos neste campo nos trouxeram alguns resultados incríveis: Sentar-se em uma cadeira dura torna as pessoas menos dispostas a fazer concessões, do que se estivessem em sentadas em um lugar confortável; Segurando uma prancheta pesada, as pessoas invariavelmente levam seu posto de trabalho mais seriamente; Segurar uma bebida quente enquanto conversa com alguém, pode levar você a ser mais carinhoso com quem fala, do que se estivesse segurando uma bebida gelada.
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A ideia típica que a nossa consciência fica dentro de nossos cérebros e observa o mundo, controlando o corpo para fazer suas ações, é apenas metade da história. Grande parte da nossa linguagem corporal acontece sem a nossa consciência. Mas, se olharmos para esta ideia de cognição incorporada, podemos descobrir que, tornando-se consciente e usando o poder da mente para escolher volitivamente nossos movimentos, podemos propositadamente alterar as nossas mentes e estados de espírito. Vamos explorar as possibilidades a seguir:
1 – Braços cruzados
O mecanismo de defesa mais usado: os braços cruzados. É utilizado para proteger o nosso coração e pulmões. Nós, muitas vezes, recorremos a ele quando nos sentimos nervosos, inseguros ou quando estamos “negativando” uma conversa. Para esta conclusão, cientistas observaram macacos que fizeram o mesmo tipo de mecanismo em situações parecidas.
Nós, talvez, não temos a intenção de manter uma atitude forte ou criar uma barreira física. Isso pode causar a impressão de que não estamos dispostos a ouvir a opinião alheia, e quem sabe nos tornar menos abertos àqueles que gostamos.
2 – Sorriso
Sorrir é contagioso. Nós temos neurônios-espelho em nosso cérebro, que disparam quando realizamos uma ação quando vemos outro alguém a cumprir.
Quando vemos um sorriso, nossos cérebros criam o mesmo padrão de atividade, pois nós sentimos as mesmas emoções que acompanham um sorriso – é a mesma ideia por trás desses bocejos contagiosos.
A boa notícia é que você não precisa ver alguém sorrir, você pode simplesmente fazê-lo sozinho. Fazer isso pode reduzir o nível de estresse e pensamentos negativos.
3 – Imitação
A imitação nada mais é do que copiar as ações de outra pessoa. Não precisa ser um mimetismo de corpo inteiro, porque até as pequenas ações causam um “espelhamento”. Isto acontece muitas vezes, incoscientemente, através dos neurônios-espelhos como já vimos no item anterior, mas o efeito continua se fizermos isso intencionalmente. Imitação ajuda a criar relacionamento com outras pessoas, e ajuda a resolver desentendimentos e promove a empatia.
4 – Desleixo
Você provavelmente já ouviu esta frase: “senta direito nesta cadeira!”, e hoje podemos afirmar que este é um ótimo conselho! Sentar ou ficar de pé desleixadamente pode levar um desalinhamento da coluna, o que afeta nossa saúde. Além disso, posicionar seu corpo desta maneira desleixada pode causar uma má impressão para os outros e para você. Isso pode causar entristecimento, pois empobrecemos nossa energia, segundo um estudo da Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos. Eles também descobriram que mudar de posição para uma posição vertical pode causar uma melhora no humor e na sua energia.
5 – Poses Poderosas
Já é de conhecimento de muitos que os animais estufam o peito para estabelecer uma posição dominante e poderosa, tendendo a ocupar mais espaço. Para nós, humanos, ocupar mais espaço está associado com confiança, e geralmente leva a crer que possui uma classe social mais elevada.
Melhorar a posição, com a intenção de “ocupar mais espaço” altera nossos níveis de testosterona e cortisol. Praticar uma pose simples todos os dias, durante 2 ou 3 minutos, pode aumentar o testosterona em até 20%, enquanto aqueles que se sentam desleixados ou se sentem desmotivados sofrem uma diminuição de energia.
O cortisol, hormônio do estresse, diminui apenas com um olhar e postura confiantes. Vale a pena treinar!
6 – Olhar
Há um poder no olhar. Olhando nos olhos de outra pessoa, automaticamente cria-se excitação – boa ou ruim – dependendo das circunstâncias. O olhar também consegue identificar uma mentira, e na maioria das vezes, detecta quando uma pessoa está sendo falsa.
Um estudo realizado em 1989 mostrou que, se duas pessoas se olharem olhos nos olhos por dois minutos, cria-se automaticamente um sentimento elevado de paixão e afeto.
• Texto traduzido e adaptado por Natalia Iannone da Equipe Eu Sem Fronteiras