O que é Yoga? Para que serve? Quem pode praticar? Como funciona? Serve para perder peso? Essas são algumas das perguntas mais frequentes que a maioria das pessoas faz quando contata pela primeira vez uma escola de Yoga.
E algumas pessoas são ainda mais pontuais e vão logo se rotulando: Yoga não é para mim, sou muito ansiosa, não sou flexível, não consigo ficar sentada no chão com as pernas cruzadas, não tenho paciência, não sou nem um pouco zen, e por aí vai o rosário interminável de justificativas, nada fundamentadas num conhecimento real, nem do Yoga e, muito menos, de si mesmas.
Não pretendemos aqui elucidar nenhuma dessas questões, simplesmente lançar um pequeno pontinho de luz sobre elas e sobre suas origens. Até porque, todos esses questionamentos podem ter várias respostas e cada resposta pode ter inúmeras interpretações que dependem também de inúmeras variáveis. A ideia deste texto é conduzir o leitor a uma reflexão sobre tudo o que envolve essas questões, mas especialmente uma reflexão sobre si mesmo e sobre a sua verdadeira essência, buscando uma maior conexão com a sua natureza primordial.
Você não vai encontrar aqui as respostas clássicas contidas na vasta literatura existente sobre essa filosofia milenar, essa verdadeira joia preciosa chamada Yoga. O que você vai encontrar aqui são nossas reflexões sobre o tema, fundamentadas na experiência de mais de três décadas praticando Yoga e mais de uma década ensinando Yoga.
O que é Yoga? Yoga é a vida ao seu redor e dentro de você. Yoga é uma prática milenar, uma filosofia de vida, um legado do Oriente para todos os povos do mundo, uma moeda de ouro que, quando bem aplicada, rende muita riqueza nos bancos da vida. Yoga é sentir essa vida fluindo no corpo físico por meio da sua respiração. Essa respiração que você pode até pensar que tem certo controle sobre ela, mas isso é pura ilusão.
Independentemente da sua vontade ou da sua interferência, a respiração acontece livre e espontânea, tal como a vida, pois a respiração nada mais é do que vida fluindo nesse corpo físico que você (o seu espírito) habita nessa existência.
Yoga é estar presente e contente em cada momento da sua existência, independentemente da natureza de cada situação. É entregar e deixar fluir, é deixar chegar e deixar partir. É partir quando for preciso, sem partir-se em mil pedaços. Não estou afirmando que temos que viver sempre com aquele sorriso falso estampado na face, não é nada disso. É tão somente ter leveza diante das situações.
Quando uma situação mais difícil surgir, é saber enfrentar com suavidade e, principalmente, buscando de forma consciente encaixar-se dentro dela com o maior conforto físico e mental possível. E isso só se consegue estando presente no presente, com naturalidade. É levar o conhecimento do Yoga da sala de aula para a vida, para o seu dia a dia e para o dia a dia de quem convive com você. E, mais ainda, é fazer isso sem tornar-se aquela pessoa chata que fica querendo convencer todo mundo ao seu redor sobre a sua verdade. É agir com clareza, com discernimento, com determinação, mas também com amorosidade e respeito com tudo e com todos, especialmente com você mesmo.
Existe um código de conduta, ou princípio ético, na filosofia do Yoga chamado de Ahimsa, que vem do idioma sânscrito e significa “não violência”. Quando falamos sobre Ahimsa com as pessoas logo elas se defendem: eu sou super da paz, amo a natureza, tenho bichinhos de estimação que cuido como se fossem gente, sou gentil e generoso com todos ao meu redor, enfim, estou tranquilo com essa tal Ahimsa. Porém, inúmeras vezes, essas mesmas pessoas cometem violência contra si mesmas quando se afastam da sua essência.
É para isso que serve o Yoga nosso de cada dia. Para proporcionar mais sabedoria e lucidez nas ações práticas da vida, para oferecer ferramentas confiáveis e eficazes para lidarmos com as pedras do caminho sem nos machucarmos. A vida é muito simples, não é necessário enredar-se em suas próprias armadilhas, nem deixar-se prender em lugares intrincados onde uma coisa se entrelaça ou se mistura com outra ou com muitas outras, criando os emaranhados da existência onde parece não haver mais nenhuma saída.
Para quem é o Yoga? Para mim, para você e para todos os “mins” e “vocês” que andam por aí trilhando suas jornadas neste planeta. Respira e deseja ser feliz? Pronto, o Yoga é para você.
O Yoga não tem pré-requisitos, não escolhe raça, cor, tipo sanguíneo, sexo, classe social, orientação sexual.
A prática física de asanas e pranayamas, por mais avançado que seja o praticante, por mais que consiga atingir a perfeição nas posturas mais complexas, por mais que pratique horas e horas por dia, todos os dias, que se dobre inteiro fazendo coisas quase inimagináveis com seu corpo, na verdade não é nada além de exibicionismo e ego exacerbado, se essa pessoa não levar para o dia a dia a essência dessa filosofia milenar, tanto para si própria quanto para todos aqueles que cruzarem o seu caminho ao longo da jornada.
Emagrecer, curar a ansiedade, ter mais paciência, conseguir sentar no chão com as pernas cruzadas e a coluna ereta e todo o interminável rosário de justificativas e perguntas perdem a força, tornam-se sem importância e acabam sendo resolvidas de forma natural e espontânea quando praticamos Yoga sem ego, sem ter como meta principal a conquista de benefícios próprios, para o corpo e para a mente, como se isso fosse a única meta do Yoga.
Praticar asanas e pranayamas, exercitar o corpo e a mente, alimentar-se bem, cuidar da saúde e tudo o mais é importante, com certeza, porém tudo isso é tão somente a pontinha do iceberg do Yoga. O verdadeiro Yoga vai muito além de tudo isso, mas você só vai descobrir se praticar com humildade, com toda a inteireza do seu Ser, levando todo o conhecimento, todas as descobertas, toda a rica beleza do Yoga para muito além do tapetinho, para a vida diária, procurando cumprir o seu Dharma, a sua jornada no Planeta Terra, dentro dos princípios da retidão e da justiça, nunca perdendo de vista aquele pontinho luminoso, aquela chama de luz que existe dentro do infinito espaço escuro da sua morada mental.
Basta conectar-se com essa luz, a luz da sua essência, a luz do seu espírito, para mantê-la acesa e cada dia mais brilhante. Esse é um caminho bastante eficaz para conquistar uma vida plena, feliz e repleta de bem-aventurança. Claro que podem existir vários outros, você só precisa descobrir o que faz sentido para você e seguir o caminho escolhido com determinação, sabedoria e leveza. Vivendo dessa forma, você vai encontrar o seu pote de ouro no final do arco-íris com toda a certeza.
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Maria Helena Lakshmi – Escritora, Instrutora de Yoga, Fundadora da Escola Mudrá Yoga e Aprendiz da Vida.
