Nutrição

Cozinhar: Um hábito que exercita a amorosidade e resgata valores

Escrito por Val Amores
Cozinhar é uma atividade bem interessante: mais do que preparar saborosos pratos e satisfazer ao paladar, cozinhar envolve o direcionamento e o uso de nossa energia, gerando uma rotina saudável ou não.

O corpo sente a energia, a motivação, a intenção que aquele que manipula e prepara o alimento traz consigo.
Além disso, sentir alegria e disposição desde a ideia de preparar algo até o colocar da mão na massa, faz com que os momentos na cozinha, sejam bem especiais e cada prato ganhe também o tempero da amorosidade.

Vale relembrar que o corpo absorve mais do que os nutrientes quando nos alimentamos. Por isso, é importante estar em um estado consciente e desperto, estar em um estado de conexão com a gentileza que habita em nós por meio da imersão em pensamentos positivos, sempre que a proposta for cozinhar!

Um ciclo de transformação 

Os alimentos são transformados no calor, ao serem processados, fatiados e congelados, podendo adquirir mais ou menos qualidade e nós conduzimos esses processos, sendo também transformados a cada etapa de uma ação na cozinha. Nada acontece isolado. Você doa um ato e se transforma na proporção em que doa.

Por isso, é impossível não experimentar um mergulho no autoconhecimento, quando a culinária é focada e cheia de propósito!

Podemos ganhar mais entendimento sobre quem somos ou deixar escapar uma grande oportunidade de prestar atenção em nossas qualidades, potenciais e até mesmo dificuldades, quando estamos no passo a passo de alguma receita, por exemplo.

O valor que damos a algo vem do reconhecimento que temos de nosso próprio valor.
Até o lavar de louças nos dá um lado nosso, um sabor interno. Se ao lavar louças, você reclama da sujeira, talvez tenha esquecido que a paciência é um fruto doce e que faz muito bem.

Basta prestar atenção no aprendizado que o espaço cozinha proporciona e se permitir experimentar cada minuto culinário como se fosse um minuto de meditação e autocuidado.

No cozinhar, exercitamos alguns estados internos interessantes:

A virtude da paciência;

A gestão do tempo;

A capacidade de improviso e adaptação;

Senso de medida;

Consciência ambiental;

Criatividade;

Processos curativos do estresse e ansiedade pela introspecção e pelo envolvimento em trabalhos manuais;

Cuidado prático da saúde física;

Presença com cooperação;

Simplicidade;

Autonomia com responsabilidade;

Senso de humor.

A culinária pede mentes dispostas ao aprender, mentes que analisem e trabalhem com a ideia do altruísmo, mentes que meçam pelo cuidado e não pela mesquinhez, mentes ponderadas e criativas, mas acima de tudo pede mentes capazes de perceber que o resultado saboroso ou não, de algo, vem sempre da qualidade da intenção que se tem e do reconhecimento de quem se é.

O sabor marcante da amorosidade 

Preparar refeições, fazer um bolo para receber a família ou os amigos, para levar ao setor de trabalho, traz à tona o resgate do companheirismo, do acolhimento, do convívio pela conversa olho no olho e do cuidar.

A culinária tem o aspecto da memória afetiva. Ela aproxima as pessoas, fortalece vínculos e faz com que se registrem experiências de amorosidade e carinho na existência e na jornada de cada um.

Cozinhar é uma atividade muito antiga, que precisa ser mantida e incentivada, sem distinção de sexo, profissão e idade. É preciso renovar os votos com o fazer natural e dissociar-se daquilo que nos robotiza em excesso e que nos distancia de nosso lado mais orgânico e bonito.

Preço e valor

Atualmente é comum dar preço a tudo, fomentar o mais rápido, o pré-pronto e o artificial. Trocar preço por valor e cozinha por programas de culinária é bem habitual, mas aqueles que preparam suas refeições, sovam seus pães e fazem seus manjares entendem o quanto há diferença no sabor, na qualidade e, principalmente, na dinâmica da saúde e do consumo. Sabem, acima de tudo isso, que o criar algo com a energia que se tem e com as próprias mãos eleva a autoconfiança. 

Se desfrute, nesse processo, da verdadeira abundância: podemos fazer e recebemos pelo que fazemos, naturalmente, sem que uma etiqueta de preço nos seja dada.

O cozinhar nos devolve a dinâmica integrativa que tem a vida. Ao cozinhar, nós entendemos que só pela mistura de elementos cheios de diversidade se tem algo inteiro, que de fato alimenta. Cada pedaço é uma parte desse todo. Entendemos que assim é na culinária e assim é no convívio.

Reconectando e cozinhando 

Vivemos na era da fragilidade, do excesso de doenças, da propagação de pânico. Em parte, a extinção de aspectos mais artesanais de nossas rotinas e o aprofundamento no hábito de mais desembalar do que descascar, junto ao medo de sujar as mãos e da preguiça, nos fez chegar a esse ponto mais crítico (que pode ser alterado), que nos trava e nos limita.

Perdemos a conexão com os recursos da Terra, com a vitalidade e com o orgânico da existência quando nos afastamos da ideia e da prática de hábitos saudáveis, como o de cozinhar, por exemplo.

Então, é fundamental criar tempo para o uso do espaço cozinha, pois essa decisão é a decisão de criar uma vida com mais qualidade, mais verdade e mais harmonia.

Afinal, o que nos alimenta, alimenta também boa parte de nosso estado emocional, gera um impacto em nós e no entorno. A qualidade de nosso estado emocional garante uma existência mais saborosa ou mais amarga. A escolha é sempre nossa.

Que tal, hoje mesmo, você começar a desvendar a potencialidade da culinária no seu processo de autoconhecimento e voltar a modelar os dias com a doçura de quem modela um bom biscoito de gengibre natalino?


Você também pode gostar de outros artigos da autora. Acesse: O consumo consciente do bem e a nutrição da paz

Sobre o autor

Val Amores

Pedagoga, conteudista da área educacional, culinarista vegana e condutora do projeto Veganices da Val - Grupo no Facebook no qual receitas diárias são postadas, bem como reflexões sobre comportamento alimentar alinhado a uma vida mais orgânica, sustentabilidade e ecologia interna. Voluntaria na Organização Brahma Kumaris, mãe, filha. Uma alma apaixonada por nascer e por do sol, beija flores, autoconhecimento e ideias de transformação positiva do mundo!

Estou agora atuando no projeto OrganicaMente Criativa que atua com conceito de ecologia interior para o resgate do ser criativo e orgânico das pessoas para que ações sejam de fato, sustentáveis - O projeto propõe autoconhecimento, dinâmicas, vivências e expressão com arte sustentável.

E-mail: valeriaamores@yahoo.com.br
Facebook: amoresvalveg | grupo veganice da val
OrganicaMenteCriativa
Instagram: @veganicesdaval