Convivendo

Ser mulher

Escrito por Amanda Magliaro

Quando o nosso maior superpoder se torna o nosso maior inimigo

Mulher é muito forte. Nós caímos, e não ficamos muito tempo nos lamentando no chão. Somos magoadas, e damos o outro lado da moeda. Somos guerreiras e super-heroínas. E o nosso superpoder é simplesmente o poder de cuidar.

Mulher não se dá pela metade. E, assim, o nosso superpoder se torna o nosso maior inimigo.
Nós sabemos cuidar das nossas próprias vidas, generalizando, somos as mais dedicadas ao estudo. Buscamos o nosso lugar no mercado de trabalho, ainda que o sistema seja cheio de injustiças. Vivemos lutando para sermos nós mesmas e sairmos do padrão “mulher perfeita”. Conseguimos levar uma vida inteira de competição entre mulheres, mesmo que estejamos lutando para mudar isso. Somos usadas por muitos homens: somos magoadas e deixadas no fundo do poço, e ainda conseguimos dar a volta por cima. Nós damos à luz, e muitas de nós cuidam dos filhos sozinhas, enquanto ainda arranjam tempo para trabalhar e ir na academia.

E, para completar, ainda somos capazes de cuidar dos outros, seja animal ou pessoa. Nós temos mais empatia em nossos corações do que os homens. Nós conseguimos olhar para alguém que já nos fez mal e colocar a mágoa de lado para cuidar dele, se necessário. Quando os nossos companheiros chegam em casa, ainda que estejamos brigados, conseguimos deixar uma comida pronta na geladeira. Quando os nossos filhos são ingratos e nos machucam com as suas palavras, ainda conseguimos abraçá-los e dar um sorriso por mais que o nosso interior esteja destruído. Então, encontramos o nosso problema: ao ter esse desejo tão grande de cuidar dos outros, nós acabamos nos doando demais. A gente deseja tanto que o outro sorria e que seja feliz, que doamos até o que não temos mais em nossos corações. Sabe quando você chega cansada, as pessoas do trabalho ou da sua família já sugaram tudo, e você ainda tenta dar aquela reserva de amor para o outro? Essa reserva era o seu amor-próprio. Porque mulher quando ama não é igual ao homem que doa uma parte de si para o outro, a mulher se doa por inteiro.

Como diria o Tio Ben: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Nós nos dedicamos tanto a cuidar da nossa carreira, vida pessoal e do outro, que acabamos passando do ponto às vezes. Chegamos ao momento em que o Super-Homem volta à sua terra natal ainda tendo sua fraqueza pela kriptonita, em outras palavras, chegamos ao momento em que o nosso bicho-papão vira o nosso reflexo no espelho, nossa essência. Por isso, tente manter o equilíbrio, veja até onde vale a pena se exaustar e se doar, pense mais em si mesma. Prezar pela própria felicidade e sossego não é egoísmo.


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Sobre o autor

Amanda Magliaro

Redatora e tradutora, me apaixonei pela vida desde que aprendi a enxergar tudo o que ela tem para oferecer. Existem aquelas pessoas que nunca conseguiram encontrar seu caminho, até o próprio caminho decidir ir ao seu encontro, eu fui uma delas.

Num mundo cheio de possibilidades, escolhi acolher todas quando comecei a escrever. A busca por ser alguém melhor e mais feliz, e a chance de poder auxiliar uma pessoa que seja através da magia das palavras é o que significa para mim ter meu sonho se realizando todos os dias.