Convivendo

A Jornada da Heroína

jornada da heroína
Escrito por Raisa Covre

Documentário mostra a importância da cura do feminino para a evolução de toda a sociedade. 

A sociedade contemporânea vive um momento bastante delicado quando pensamos no equilíbrio entre feminino e masculino. Existe uma necessidade urgente, quase gritante, de resgate da força de tudo que o feminino evoca. Nas palavras de Sri Prem Baba, o feminino se manifesta como aceitação, cooperação, gentileza e receptividade. O masculino como ação e realização. No entanto, um desequilíbrio criou raízes nas estruturas sociais há algum tempo e as nossas expressões de consciência foram contaminadas por medo, ódio e agressividade – o que também distorceu os arquétipos do inconsciente coletivo.

As forças do feminino e do masculino existem em todos nós, homens e mulheres. E a cura de suas características dentro de nós é um caminho para a evolução da sociedade como um todo. Lembrando novamente de Prem Baba, a distorção do feminino causa vitimização, submissão, além de carência e dependência. Enquanto isso, o masculino desequilibrado traz a agressividade e a violência. Todas características de uma sociedade doente, que precisa de recuperação. Consciente desse movimento e da urgência dessa cura, Monica Branco, produtora audiovisual e terapeuta transpessoal, idealizou o projeto: “A jornada da heroína – O feminino como instrumento de cura do ser e do planeta”, um documentário que contará a história de ícones atuais da cura feminina, como Morena Cardoso e Rose Kareemi Ponce.

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O tema dialoga com o desenvolvimento da própria idealizadora. “A jornada do herói é um tema que me acompanha há 19 anos”, conta. O primeiro contato veio com a obra “O poder do mito”, resultado de uma série de entrevistas gravadas entre Bill Moyers e Joseph Campbell nos anos de 1980. Monica tinha 16 anos. “O livro foi um expansor de consciência para mim, ainda que fosse muito jovem e com dificuldade de entender intelectualmente algumas coisas, existia uma conexão intuitiva com os temas do livro, muita coisa ali fazia sentido sem que eu entendesse de todo”, diz.

A conexão com a cura do feminino chegou alguns anos mais tarde como parte de seu processo de autoconhecimento. Adepta da análise Junguiana e da cura por meio das sagradas medicinas da floresta, a terapeuta teve contato com a Dança do Sagrado Feminino, com Gleice Lemos, além de outras vivências, como: trabalhos com grupos de mulheres, estudos de mitos e arquétipos, até o aprofundamento da psicologia feminina em si. “Tudo isso trouxe para dentro do meu processo a consciência de trabalhar e resgatar aspectos desse feminino atrofiado”, analisa.

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A construção de uma jornada 

Como explica Monica, uma das características do feminino é o trabalho coletivo e, assim, após conceber o tema que gostaria de trazer à vida, a produtora procurou parceiras. “Convidei a Laura Lobo, que é minha colega na pós-graduação e ela aceitou. Convidei intuitivamente, pois sei que ela está buscando trabalhar também esse feminino e tem um forte potencial do alto de seus 21 anos”, conta. “Também convidei a Larissa Abachioni, que é uma amiga que já trilha há alguns anos esse caminho com as medicinas e com o feminino e vem desenvolvendo um trabalho lindo de despertar do feminino a partir do corpo”. 

Depois, as três chegaram até Taciana Fortunati, atualmente diretora do filme, alguém que adentrou recentemente nesse caminho de busca pelo autoconhecimento por meio do resgate e cura de seu feminino. “Além de dirigir o filme, ela se desafia dentro do projeto a fazer essa jornada na frente das câmeras, se guiando por meio da bússola da jornada das mulheres que convidamos”, explica Monica.

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“A jornada da heroína – O feminino como instrumento de cura do ser e do planeta” tem como uma de suas missões inspirar o maior número de pessoas possível. Por meio da história das heroínas que curam suas próprias feridas e, assim, curam também o mundo à sua volta, o filme pretende levar esse chamado para cada um de seus espectadores, indicando o autoconhecimento como caminho de transformação. “A mulher e seu feminino foram oprimidos durante séculos, mas o feminino no homem também foi. O homem não pode sentir, não pode acessar suas emoções. O homem não pode sequer usar rosa, que já é ridicularizado”, recorda Monica.

“Esse resgate é um chamado coletivo para que possamos acessar todas as características do feminino saudável em nós”, acredita. Isso significa acessar sentimentos, expor emoções, reforçar uma sociedade baseada no coletivo, em princípios de empatia e compaixão pelo outro. “Precisamos levar o planeta em consideração, precisamos agir a partir de um lugar interno genuíno, sempre equilibrando as polaridades masculina e feminina”, reforça. As gravações do documentário já começaram, de forma independente. Para o desenvolvimento do projeto, as autoras contam com a ajuda de uma rede de parceiras, que doam serviços e produtos para auxiliar nos custos da produção. Além disso, o projeto tem uma página no Catarse, ferramenta online de financiamento coletivo. Para ajudar, acesse aqui

O Sagrado Feminino 

Os movimentos que costumam ser conhecidos como Sagrado Feminino evocam uma consciência milenar ancestral de valorização do feminino. É o chamado das características das sociedades antigas matriarcais para os tempos contemporâneos. “A Terra está clamando pelo feminino. Em muitos níveis isso está vindo à tona, seja nos âmbitos políticos ou sociais, seja no âmbito religioso e do sagrado”, explica Monica. “As pessoas estão despertando para a força do feminino. Existe uma movimentação forte acontecendo para a queda do patriarcado, uma movimentação que está sendo impulsionada pela força do feminino em homens e mulheres”.

Isso não quer dizer uma concorrência com os homens, nem nada do tipo. A questão aqui é o equilíbrio entre as grandes forças que habitam na essência de todos os seres humanos: anima e animus, yin e yang. É preciso respeitar o feminino e o masculino existente dentro de cada ser para chegarmos a um novo estágio de consciência evolutiva. Como lembra Prem Baba: “A mulher está, pouco a pouco, ocupando o seu lugar no mundo, mas isso é fruto de uma expansão da consciência coletiva que possibilita esse amadurecimento, essa cura da distorção, pelo menos em algum grau. Ainda temos muito para curar em relação a essas distorções”. 


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Sobre o autor

Raisa Covre

Mulher, sonhadora e cofundadora do Espaço Cura, uma casa multicultural de yoga, terapias alternativas e vivências de autoconhecimento e Sagrado Feminino. Também é jornalista, curiosa das eternas questões entre Céu e Terra, quase psicanalista e filha de Fé.

E-mail: raisa.espacocura@gmail.com
Instagram do Espaço Cura: @curaespaco