Há algum tempo, venho me interessando por filosofia, o estudo das religiões e ciência, e pude identificar que o equilíbrio é o que mais se aproxima de uma vida dita assim IDEAL (permita-me ressaltar que a palavra “Ideal”, para muitos amantes da sabedoria, é de profundidade vasta, mas a usarei para definir tal estilo de vida equilibrado).Trilhar o reto caminho, trilhar o caminho do meio, mas que caminho é esse?
Com um pouco de interesse, podemos identificar, no meio em que vivemos, todos os fenômenos que nos cercam, e, pelo simples fato de nota-los, já podemos agir e evitar que esse equilíbrio se perca. Ontem, feriado nacional, final de semana prolongado, o dia lindo, céu azul uma brisa suave, confortável, de blusa ou sem, bastava escolher, sombra fria, o sol quente, tudo ao seu bel prazer (Ideal.)
Acordei tarde, aliás, fui acordado, por pranayamas, praticados no quarto ao lado. Denise, minha esposa, aluna dedicada e postulante a professora de Yoga integral, além de fazer o Onmmmmmmmmm… por muito mais tempo que eu, faz limpeza das vias respiratórias muito bem. Nosso único compromisso na parte da manhã era fazer as compras do mês, e decidimos que, o quanto antes o fizéssemos, melhor, e assim o fizemos.
Após cumprimento da tarefa, aproveitei o dia favorável para fazer um passeio de bicicleta pelo bairros e cidades vizinhas, já que Denise optou por fazer a troca de um presente que ganhou, no shopping (no feriado, really?!).
Durante meu passeio, passei por algumas lojas e bares em uma avenida famosa no município próximo, onde se viam carros de valores astronômicos, e pessoas muito bem vestidas, normalmente empunhando celulares de telas gigantes e com uma fruta mordida estampada na parte de trás (acho que uma pera?!), mas também se viam pessoas humildes, vestidas de formas simples, batalhando cada latinha de alumínio, pálidas, ofuscadas por tanto brilho. E, evidentemente, eu passava por ali, apenas um espectador, observando tudo, muito atento, procurando entre esses dois mundos o meio, a certa medida, nem mais nem menos.
Estudei Marketing, fui do varejo por muito tempo, conheço bem o termo “criar necessidade”, sei que os profissionais que fazem isso acham realmente que estão fazendo uma coisa boa pelas pessoas que consomem, respeito isso. Mas pare para pensar, “criar necessidades” em um pais como o Brasil, acha que precisamos criar mais necessidades para o nosso povo? O que você sente quando não tem uma necessidade atendida? A resposta é simples: frustração, sofrimento, algumas sentem vergonha. Isso é bom? A imagem transmitida através das mídias consumidas pela massa é de um homem norte-americano de classe média, e somos em 7.6 bilhões! Nem precisa ser bom com números (igual a mim) para saber que essa conta não bate. E o mercado continua criando necessidades, por quê?
Recentemente, um vídeo viralizou na internet, mostrava um homem passando a mão nua por uma cascata de aço derretido. Ele passava o braço indo e voltando e, mesmo aquela substância, estando alta temperatura, entrando em contato com a pele, não o machucava, mas por quê? Aço derretido (entre 1400 e 1500°C) não queimar a pele sem proteção? A resposta é simples: tempo de exposição! Se ele diminuir a velocidade em alguns segundos, corre o sério risco de ter ferimentos que podem ser fatais. É mais ou menos o que acontece com todos: venho de origem humilde, tenho conhecimento de causa, sei das dificuldades que muitas pessoas passam diariamente para viver.
Rico nunca fui, hoje tenho uma vida estável com momentos de maior ou menor dificuldade, e, hora ou outra, precisamos de algo e nos vemos obrigado a ir aos grandes centro de compras, lugares que estimulavam seu ego, aquele lugar que faz você querer tudo, as luzes brilham, as pessoas são felizes, seu crédito parece ser infinito, e te fazem pensar que, se apertar um pouquinho, dá para levar aquela camisa bonita, ou um novo par de tênis… Pronto: você já está exposto ao fogo, se não tiver seu objetivo bem definido, e ficar um segundo a mais nessa cascata de fogo, já sabe, né!?
O que podemos fazer como seres conscientes é identificar, de fato, quais são realmente nossas necessidades, o que realmente é fundamental, para que tenhamos uma vida digna e justa, ter controle sobre seus vícios, saber alimentar seu ego de forma que ele não seja posto de lado e apodreça, nem a ponto de inchar e sair flutuando. Se você não souber para onde vai, qualquer lugar serve, já dizia Shakespeare.
Se não souber diferenciar o que você precisa, do que você quer, se oferecerem qualquer coisa, você compra!
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