Durante algumas semanas, tenho mastigado uma questão que é libertadora e ao mesmo tempo uma polêmica.
Por que quase ninguém fala sobre dinheiro e salários, a não ser quando quer contar que conseguiu uma superoferta em algo ou esnobar o quanto gastou em alguma ocasião? Fora isso, a conversa fica guardada para o lado pessoal de cada um e é algo até íntimo. Foi assim que eu fui criada e preciso escrever e falar sobre isso, para que se torne algo sobre o qual eu não tenha mais medo ou vergonha de falar.
Muitos sabem que trabalho e sempre trabalhei com terapia e com yoga. Tudo aquilo que promove autoconhecimento e saúde, objetivando a felicidade e a cura das coisas que nos fazem sofrer.
Para isso, eu investi (e invisto) muito tempo e dinheiro! Se você contar desde a primeira escola que eu fui, vamos nos embolar com o quanto a minha família investiu em educação, em viagens e em tempo de estudo: livros, filmes, retiros, cursos, xerox, congressos… Nem eu sei mais!
Mas sim, foi e é feito um investimento pesado na minha formação.
Além do quanto eu me coloco prontamente a praticar o que uso como ferramenta, o quanto eu busco e trabalho pela minha cura. Afinal, que tipo de terapeuta é aquele que não faz terapia? Que tipo de professor de yoga é aquele que não pratica yoga?
Mas eu começo a sentir que esse tipo de trabalho (não só o meu, mas muitos terapeutas e professores) é super mal valorizado. É mais caro alisar o cabelo do que uma aula de yoga. Ninguém acha isso estranho? Eu não tenho nada contra se embelezar, mas todos deveriam ser igualmente valorizados.
Tudo aquilo que a gente sente que dá status, a gente se propõe a gastar dinheiro e não reclama, não pede desconto. Mas quando vai na terapia, que é algo que realmente vai te enriquecer como ser humano, que vai te liberar desse tanto de carga emocional, ai… A gente chora, pede desconto, fala que está muito caro. Desvaloriza o trabalho do professor, do terapeuta.
Mas além disso, nós mesmos, professores e terapeutas, é que precisamos aprender a não querer mais ajudar os outros a qualquer custo. Claro que existem algumas situações que saem disso, mas em geral, a gente tem que se valorizar. Porque, na maioria dos casos, quando a pessoa ganha desconto ou aula de graça, ela nem valoriza, falta sem avisar, reclama, toma o nosso tempo… E a gente se arrepende, mas não tem mais como reclamar e, depois, se fala algo, ainda fica como o vilão da história.
E eu sinto que a mudança nisso deve ser coletiva, pois quando um profissional resolve se desvalorizar, afeta aos outros, que ficam com fama de serem muito caros.
Vamos olhar para o tempo e dinheiro que colocamos em nossa formação pessoal e profissional e entender que trabalho espiritual não exclui dinheiro. Que dinheiro não é algo ruim, nem bom, é uma energia neutra. Que com o dinheiro temos como fazer escolhas mais saudáveis para nós e para o mundo, apoiando e ajudando aquelas pessoas que trabalham com o que a gente acredita.
Porque quem tem mais poder econômico controla o mundo. E porque esse poder econômico não pode estar nas mãos de pessoas que querem o bem, que trabalham internamente, que trabalham por algo maior e não apenas por dinheiro, mas usam com sabedoria.
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Não acredito que o poder corrompe. Só vemos em maiores proporções como as pessoas já são.
Ajudar aos outros dá trabalho e, para a pessoa que está sendo auxiliada valorizar o trabalho com o qual ela está se comprometendo, alguma troca tem que ser feita. E a moeda é o dinheiro, pois gera comprometimento no trabalho e a gente se sente valorizado.
O assunto vai longe…
Espero a sua opinião!
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