O adoecimento emocional dessas mães tem início ainda quando são bebês e é importante saber que elas não nasceram assim, mas que se fixaram dentro deste padrão de funcionamento por conta de algum histórico real e muito difícil que certamente passaram sem que tivessem a oportunidade ou condições para se organizarem psiquicamente de modo diferente. Como resultado, essas mães acabam projetando em suas crias, as variações das sensações emocionais de tais vivências traumáticas que foram mal resolvidas. A imagem é de um vento forte e frio permeando as suas infâncias, causando uma forte gripe que nunca foi devidamente tratada e muito menos curada. Muitas dessas mães, além de narcisistas perversas, ainda estão vinculadas à outros quadros patológicos dissociativos.
O adoecimento psicológico da mãe narcisista perversa revela-se no total distanciamento emocional, sendo que as conexões, quando ocorrem, fazem parte de um teatro muito bem elaborado que tanto as vítimas, quanto a própria família e sociedade tem dificuldade de perceber.
Embora camuflem este aspecto, o que as movem são seus intermináveis desejos de autossatisfação, o que dificulta sobremaneira a conexão real com o outro. Quando tem filhos, não conseguem ser sensíveis às suas demandas, sendo que em grande parte das vezes acabam sendo negligentes nos mais variados temas de desenvolvimento. Não há empatia e as exigências em relação aos filhos podem ser avassaladoras. Nunca demonstram estar plenamente satisfeitas e os filhos geralmente não sabem o que fizeram de errado ou o que poderiam fazer para receber um olhar de amor legítimo.
Por mais que façam para receberem aprovação e um olhar de validação dessas mães, absolutamente nada as fará saírem de dentro do que podemos chamar de “delírio sobre si mesma”, posto que estão encantadas com as suas próprias demandas. Ao contrário, quanto mais quiserem afeto, mais incomodarão e mais serão depreciadas. De nada vai importar tirar notas boas, ser boazinha, ajudar na limpeza da casa ou o que quer que seja, a regra geral é calar, aceitar e não ser vista, entendendo que quando aparece passa a ser um incômodo que deve ser destruído. As armas são críticas e invalidação das conquistas somadas aos abusos de poder que, muitas vezes, visam prejudicar as demandas saudáveis de sociabilização dos filhos. Estes aprendem a sobreviver de modo ansioso, com medo de errar e com uma autoestima de baixíssimo nível.
A maioria das filhas de mães narcisistas perversas passam tempo demais fazendo de tudo para ganhar um olhar de afeto e de admiração que nunca acontece e em meio a essa sensação angustiosa de falta, e por conta disso, muitas partem mundo afora na mesma busca sendo as mais fáceis presas de abusadores da atualidade.
Apenas quando despertam e se dão conta da trama onde estão é que existe a real possibilidade de rumarem para mapas de vidas bastante diferentes de todo adoecimento e dor que se submeteram em nome da sobrevivência. Reprocessar e reprogramar crenças de menos valia sobre si mesmas, inaugurando o amor próprio na máxima potência e a segurança de se reconhecer naquilo que se é, será um dos inúmeros ganhos dessa conquista de lucidez. Terapia competente nessa área também serve de inquestionável benefício para que este salto na vida possa ocorrer.
Quanto mais despertos, melhor!
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