Uma alimentação adequada previne o surgimento de várias doenças em todos os estágios de vida da mulher. Mas após passar pela fase reprodutiva, chega de mansinho um período de transição (climatério) e a tão temida menopausa, fase natural do envelhecimento. Tanto no período chamado de transição menopausal quanto na menopausa propriamente dita os impactos da falta de nutrientes específicos podem determinar de que forma a mulher irá passar pelos eventos a eles relacionados.
Como o objetivo é sempre dar dicas de nutrição, saúde e bem-estar de forma prática, contaremos neste artigo com a colaboração e vivência clínica da Dra. Carla Gimenes, Ginecologista, Mestre em ciências, Especialista em ginecologia endócrina, obstetrícia e climatério pela Unifesp, reforçando a importância do trabalho multiprofissional na saúde da mulher, principalmente nestes períodos de transição: o climatério, menopausa e pós-menopausa.
Segundo a Dra. Carla Gimenes, a menopausa é o período fisiológico após a última menstruação espontânea da mulher. É o momento em que estão se encerrando os ciclos menstruais e ovulatórios. O início da menopausa só pode ser considerado após um ano do último fluxo menstrual. Antes disso começam a ocorrer o declínio dos hormônios estrogênio e progesterona, o que representa a passagem da fase reprodutiva para a não reprodutiva e é chamada de transição menopausal, diz a Dra.
A idade varia de mulher para mulher, mas de uma maneira geral ocorre entre os 45 e 55 anos de idade. Apesar de não haver uma idade específica, algumas mudanças no corpo da mulher indicam o início dessa fase. A intensidade e/ou a duração do fluxo aumentam até começar a espaçar e então parar.
Este período acarreta uma série de transformações na vida da mulher e no organismo feminino podendo aumentar a possibilidade do aparecimento e agravamento de doenças.
Durante a transição menopausal, a especialista relata que é comum as mulheres sentirem outros sintomas físicos e comportamentais, tais como: ausência de menstruação, ressecamento vaginal (secura) por atrofia genital, ondas de calor (fogachos), sudorese noturna, insônia, diminuição de libido, diminuição da atenção e memória, perda de massa óssea (osteoporose), aumento do risco de doenças cardiovasculares, alteração na distribuição da gordura corporal e depressão.
Como vimos, é realmente uma fase difícil para várias mulheres que acabam se sentindo envelhecidas, com baixa autoestima, afetando inclusive a sexualidade e o relacionamento.
É importante saber, ressalta Dra.Carla Gimenes, que existem tratamentos clínicos e nutricionais para os vários sintomas da menopausa e para a prevenção de várias doenças. Consultar um ginecologista é fundamental para fazer o diagnóstico e discutir o melhor tratamento, já que este deve ser individualizado e associado ao acompanhamento nutricional, com o nutricionista.
Neste contexto, o impacto dos nutrientes contribuirá para modular os “fogachos” e controlar o processo relacionado à alteração de humor. Esses benefícios contribuem para reduzir o risco de desenvolvimento de osteoporose, mal de Alzheimer, doenças cardiovasculares e câncer de mama.
A escolha por uma alimentação saudável é de extrema importância porque nessa fase há uma redistribuição da gordura corporal com acúmulo na região do abdômen e aumento do risco de doença cardiovascular, desta forma, orienta-se uma alimentação rica em alimentos especialmente in natura, legumes, hortaliças, frutas, leguminosas, cereais integrais, sementes, laticínios e carnes magras e, assim evitar produtos alimentícios industrializados, ricos em gorduras, sódio, açúcares e conservantes.
Vale ressaltar, que o consumo de sódio contribui para os elevados índices de hipertensão, aumento do risco de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (derrames). Os alimentos ricos em sódio são alimentos industrializados com cloreto, benzoato, glutamato e fosfato de sódio, alimentos salgados, curados, sal usado no preparo de alimentos e de adição que geralmente contém 40% em sódio.
Alimentos para menopausa
Outro fator importante e que após os 50 anos aumenta-se a necessidade de consumo de cálcio e vitamina D da mulher (que tem como alimentos fonte o leite e derivados, tofu (queijo de soja), peixes, espinafre e demais folhas verde escuras), da vitamina B6 (encontrada nos cereais fortificados, carnes em geral, produtos de soja fortificados). No caso da vitamina D, atingir as recomendações pela alimentação torna-se muita vez ineficiente, considerando que poucos alimentos contêm a vitamina, banhos de sol diários nos horários determinados de maior incidência raios UVB e a reposição por meio da suplementação, também são recomendadas.
Portanto, a nutrição faz parte do tratamento, uma vez que muitos nutrientes específicos contidos nos alimentos podem minimizar os sintomas no pré, durante e no pós-menopausa. Conheça abaixo os alimentos que podem fazer a diferença nesta fase:
As Leguminosas
Soja
Na soja e em seus derivados (tofu, missô) encontramos as isoflavonas que é uma substância muito importante com propriedades ditas funcionais conhecidas como fitoestrógeno. Este nome deve-se ao fato de sua composição ser bem semelhante ao estrogênio produzido pelo corpo da mulher.
Estudos apontam que no climatério, ajuda a reduzir os sintomas, como: ondas de calor, insônia, dores de cabeça, forte transpiração, ressecamento vaginal, mudanças constantes de humor, irritabilidade, depressão, queda na libido. Vale ressaltar que os efeitos da isoflavona no organismo humano tem sido amplamente estudado, mas ainda existem controvérsias a serem esclarecidas.
Outros alimentos que contêm fitoestrógenos que podem ser incluídos na alimentação são: erva-doce, repolho, cenoura, aipo, cereja, amora, espinafre, chá verde e inhame.
Oleaginosas
Castanhas, nozes, macadâmias, amendoim e amêndoas são fonte de vitamina E que regula a produção de estrogênio. O benefício está relacionado ao alívio às ondas de calor típicas da menopausa. A castanha do Brasil é especialmente indicada por conter o mineral selênio, que ajuda a fortalecer as funções cerebrais. São ricas também em zinco, mineral relacionado à liberação de serotonina, um neurotransmissor relacionado ao bom-humor.
Outros alimentos ricos em vitamina E que ajudam na hidratação e evitam ressecamento vaginal e da pele (gérmen de trigo, aveia, carnes, feijão, ervilha e cereais integrais);
Chocolate amargo (cacau)
Correspondem às categorias que possuem pelo menos 70% de cacau em sua composição. O aminoácido presente chamado triptofano estimula a produção da serotonina. Contribui para evitar problemas como depressão e ansiedade, comum neste período. Alimentos como a banana, o leite e a semente de abóbora também são fontes de triptofano.
Leite e derivados
O leite é rico em proteínas e cálcio. Na menopausa a absorção do cálcio encontra-se prejudicada pela queda de estrogênio. O consumo evita o enfraquecimento dos ossos, que pode resultar na osteoporose. Outros alimentos são fontes de cálcio como feijões e as hortaliças verdes escuras, como espinafre, couve, catalonia, brócolis e rúcula.
Peixes
É importante o consumo de peixes de águas frias, como salmão, bacalhau, atum, sardinha, cavalinha são ricos em ômega 3, um ácido graxo essencial para controlar os níveis de colesterol, prevenir doenças cardíacas e ajudar nas funções cerebrais. Além de ser ainda a principal fonte alimentar de vitamina D, que colabora para a formação óssea e facilita a absorção do cálcio.
Folhas verdes, banana, grão de bico, gergelim e amêndoas
Alimentos ricos em magnésio que contribuem para controlar alterações no humor e irritabilidade, modulam a resposta de hormônios de estresse e diminuem a compulsão por doces.
Sementes de linhaça
São fontes excelentes de fitoesteróis, contém ligninas, capazes de equilibrar o estrogênio e reduzir o colesterol.
Frutas Cítricas
Laranja, maracujá, limão, abacaxi, acerola, tangerina e lima da pérsia são ricas em vitamina C e fontes de bioflavonóides, antioxidantes importantes que atuam diminuindo os “fogachos”. Os flavonóides cítricos presentes nas laranjas, por exemplo, possuem ação que auxiliam na redução dos lipídios e atuam na prevenção do envelhecimento das células.
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Além deste olhar para a alimentação não poderia deixar de mencionar um outro fator importante a ser considerado – a prática diária de atividade física. Não existe nada melhor para liberar serotonina do que a prática regular de exercícios. Se exercitar não apenas causa bem-estar, como fortalece os ossos, controla os níveis de colesterol, evita doenças e contribui para o rejuvenescimento. Musculação, treino funcional e pilates são muito recomendadas, de preferência prescritas de forma individualizada e acompanhadas por um profissional da área educação física capacitado.
E por fim, Dra. Carla orienta que entre os outros tratamentos clínicos ginecológicos atuais para tratar o sintoma da menopausa que afeta muito a vida da mulher, a Secura Vaginal é a terapia do laser de CO2 fracionado (laser vaginal). Isso ocorre porque há uma diminuição da produção de estrogênios pelos ovários levando à uma atrofia genital. Como consequência vai haver uma diminuição da libido, pois a dor na relação sexual é tão grande que ela acaba inibindo o desejo, isso acaba levando, muitas vezes, à um desgaste no relacionamento.
A especialista explica que o tratamento a laser torna possível a restauração da fisiologia genital reativando o metabolismo das células atróficas estimulando a produção de colágeno facilitando a reparação da fisiologia genital melhorando assim os sintomas e a sexualidade. A técnica associa o laser CO2 fracionado com a emissão de D-Pulse tornando possível o rejuvenescimento da mucosa vaginal reduzindo a frouxidão da vagina decorrente de eventos naturais como o parto ou pelo próprio envelhecimento. Afirma também que é possível melhorar alguns casos de incontinência urinária. A ginecologista ressalta, o tratamento é realizado em consultório, sem anestesia por ser considerado indolor. Em geral são necessárias de 2 a 3 sessões com intervalo de 45 dias entre elas com resultados eficazes.
“É importante que a mulher entenda estes processos, busque ajuda dos profissionais de saúde, porque estar informada pode contribuir para escolhas mais saudáveis aliando o tripé do tratamento clínico, da alimentação saudável e da atividade física em prol da manutenção da saúde e qualidade de vida.” – Colaboração
Sugestão de receita
Salada de soja colorida
Ingredientes
- 2 xícaras (chá) de soja
- 6 xícaras (chá) de água
- 1 cebola grande picada
- 1/2 xícara (chá) de vinagre
- 3 colheres (sopa) azeite
- 1 colher (chá) de sal
- 1 pimentão verde picado
- 1 pimentão vermelho picado
- 2 tomates picados
- 1 xícara (chá) cheiro-verde/salsinha picada a gosto
Modo de Preparo: Higienize a cebola, os tomates, os pimentões e o cheiro-verde. Coloque por 15 min em água com solução clorada (01 colher de sopa de água sanitária para 1l de água ) . Enxágue, corte e reserve.
- Escolha e lave os grãos de soja.
- Ferva 3 xícaras de chá de água com 1 colher de bicarbonato
- Coloque a soja e deixe ferver por 5 minutos. Escorra e lave os grãos.
- Coloque a soja em panela de pressão com 6 xícaras de água, tampe e cozinhe a soja por 30 minutos ou até que os grãos fiquem macios .
Com a ajuda de uma colher retire as cascas que soltarem e escorra a água
- Lave os grãos da soja tempere com cebola, vinagre, óleo e sal, enquanto quente.
- Misture pimentão, tomate, cebola cheiro-verde e salsinha.
- Leve ao refrigerador.
Sirva como complemento de saladas, acompanhamento de carnes ou ingrediente para compor a salada de pote.
Dra. Carla Gimenes
- Mestre em ciências, Especialista em Ginecologia Endócrina e climatério pela Unifesp.
- Título de especialista em ginecologia e obstetrícia
- Terapia de Laser Ginecológico
- E-mail: cagimenes1@yahoo.com.br
- http://dracarlagimenes.com.br/
- http://clinicasementes.com.br/especialiade/ginecoligia-obstetricia/
- http://clinicasementes.com.br/medicos/dra-carla-gimenes/
- Fone: (11)3884.8984
- Á disposição
Dra. Vilani Figuiredo Dias
- Nutricionista
- Mestre em ciências da Nutrição – Nefrologia UNIFESP
- CRN-3 9748
Referências Bibliográficas