Como os
danos provocados pelo incesto emocional não são facilmente detectados, eles costumam aparecer mais na vida adulta, quando acontecem
as dificuldades da manutenção de vínculos saudáveis e mais duradouros. Seria como se estivessem traindo os pais.
Muitos dos filhos também são orientados de modo camuflado ou direto para que tomem cuidado nos seus relacionamentos por conta dos sofrimentos causados pelas escolhas erradas dos genitores. O aviso subterrâneo, portanto, seria para que
permanecessem atados ao papel de maridos e esposas desses pais e que essa sim seria a parceria ideal. Como consequência, ou os relacionamentos são fadados ao fracasso ou os filhos não pensam em ter algo mais consistente e, muitas vezes, nem buscam.
Os efeitos para a vida podem ser permeados por estados depressivos que, com o tempo, podem aumentar ou uma total dissociação da realidade e de si mesmos como um mecanismo de fuga pela impossibilidade psicológica de entrar em contato com questões emocionais que afetam todo o caminhar de uma vida que, certamente, poderia ser bem diferente.
Vale a pena ressaltar que a identidade dos filhos desse tipo de abuso, em que o incesto emocional prevalece, fica misturada com a do pai ou da mãe projetada.
Na vida adulta existe enorme dificuldade, pois não se sabe onde um começa e o outro termina. E,
por conta desse desarranjo, há dificuldade de se impor limites. Como a identidade está baseada na lealdade para com os genitores, a vítima ora se sente onipotente, ora se percebe com receio de ser rejeitada se não cumprir com a identidade planejada para si. Portanto, sentimentos de inferioridade e de não pertencimento costumam servir de pano de fundo. Abaixo do papel a ser cumprido,
há enorme insegurança e tensão caminhando juntas. As relações afetivas serão drasticamente prejudicadas pela repetição de cenário de importância em face da insegurança e do medo do abandono. Não será fácil estabelecer ligações ou um sentimento de pertença.
É preciso muita terapia para que essas vítimas, acostumadas a satisfazer as necessidades de seus pais, possam reconhecer que também têm necessidades próprias e que estas podem ser válidas. Por outro lado, no reverso da situação, pode ser que se desenvolva um excesso de ânsia de serem atendidos a qualquer custo pelos parceiros em geral, nunca estando satisfeitos com o que recebem, alucinando que são o centro de tudo. Outros, na tentativa de suprir expectativas, passam a vida correndo freneticamente numa empreitada de demonstrações de sucesso para se sentirem aceitos, não rejeitados e, quem sabe, amados.
Quanto mais despertos, melhor!
Você também pode gostar de outros artigos da autora: Mães narcisistas e seus filhos