Seguindo com a nossa série de respostas às perguntas dos nossos leitores, hoje o ESF Responde será sobre meditação. Para quem não sabe essa série começa em nosso Instagram (@eusemfronteiras). Lá, nós colocamos uma enquete com dois temas, que nesse caso foi Yoga vs Meditação, e como vocês podem conferir na imagem abaixo, meditação ganhou por votação da maioria.
Então, nós abrimos espaço para que os nossos seguidores mandassem suas dúvidas sobre o tema. Dentre as várias perguntas que recebemos, algumas foram selecionadas e foram respondidas por quatro colunistas nossos que são especializados no assunto. Conheça cada um deles:
Anand Nisargan
Criador do ESPAÇO PRESENÇA e focalizador de seus Retiros de Meditação, Anand Nisargan é formado em Medicina na Unicamp, em 1994 abandonou seu trabalho como médico psiquiatra para tornar-se instrutor de meditação. Bebeu da fonte do Mestre Osho em sua própria presença física e foi membro de suas comunas na Alemanha, Itália e Brasil, sendo tradutor de dezenas de seus livros e vídeos. Além disso, ele também é autor do livro “A Arte de Estar Presente”.
Anna Maria Oliveira
Formada em Pedagogia, com especialização em Administração Escolar, Anna pratica meditação Raja Yoga e Yoga com Respiração Dinâmica. Ela também atua como Palestrante, Coach Educacional, Instrutora de Yoga Lúdico na Educação e Consultoria Pedagógica para professores e escolas. Ainda, ela realiza atendimentos in company e em grupo. Graduada em cursos complementares como Arte Contemporânea, Xilogravura, Educadora Brincante, Instrutora de Yoga para Crianças e Jovens, Reiki Tibetano, Técnicas Corporais Ayurveda. Fundadora da Academia Confluência, criou a metodologia do Coaching Integrado Pedagógico em Grupo, método CIP, em parceria com Antônio Carlos Antunes. Atualmente, ela está produzindo um livro para educadores e pais, com foco para a prática de Yoga com Crianças de 04 a 10 anos.
Juliana Ferraro
Psicóloga por formação, Juliana Ferraro é viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée, depois disso fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de 1 ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pelo Yoga e pela meditação. Hoje, ela é professora de Yoga e terapeuta reikiana em Paraty, RJ.
Maria Helena Lakshmi
Praticante de Yoga há mais de três décadas e proprietária da Mudrá Yoga. Formação acadêmica em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda, tendo atuado em várias agências de publicidade e propaganda em Porto Alegre. Ministrou aulas de Pesquisa Mercadológica na UNISINOS como assistente de ensino. Escritora, com dois livros publicados, e Instrutora de Yoga com formação em várias modalidades.
Tania Rainha
Terapeuta e Instrutora Master&Science em ThetaHealing® certificada pelo THInK – EUA. Graduado em Educação Física e pós graduada em Fisiologia Humana . Além disto, é graduada em Reiki, Karuna Reiki, Cura Estelar e Cura Cristalina e Terapia Floral.
Você pode conhecer um pouco mais de cada colunista clicando em seus nomes no texto acima.
Então, agora mostraremos as perguntas selecionadas seguidas das respostas de cada colunista!
1) Devemos priorizar um horário do dia para meditação ou qualquer horário é bom?
Resposta por Anand Nisargan:
Qualquer horário é bom para meditadores experientes, mas, na prática, os melhores horários são antes e/ou depois das atividades ou compromissos do dia a dia. O antes ou depois deve ser escolhido com muita consciência, pois o nível de facilidade ou profundidade atingido em um horário da manhã não é o mesmo que o do outro à tarde ou à noite. Escolha o que você sentir que consegue desfrutar mais e ter mais facilidade, e isso varia de pessoa para pessoa, por isso não há uma regra fixa quanto a meditar antes ou depois dos compromissos do dia a dia.
Resposta por Anna Maria Oliveira:
É sugerido que a meditação seja realizada pela manhã e à noite, como forma de começar e finalizar o dia com mais tranquilidade. Indicada sempre que sentir vontade ou necessidade.
Resposta por Juliana Ferraro:
Os melhores horários são o mais cedo de manhã, logo que acorda, ou à noite, antes de dormir. Porém, não se prenda a isso. O melhor horário para meditar é aquele que você pode.
Resposta por Maria Helena Lakshmi:
Podemos meditar em qualquer hora ou lugar, porém, quando destinamos um local e um horário específicos para a meditação, isso facilita a prática, pois dessa forma a mente se torna mais passiva. Sempre que chegamos ao nosso local e horário destinados para essa prática a mente já entenderá que você está ali para meditar e logo ela se acalma, porque percebe que, quer ela queira ou não, por alguns minutos você estará no comando e não ela, a mente.
Especificamente quanto ao horário, o mais recomendado é nos primeiros instantes do dia, ou seja, entre quatro e seis da manhã. Nesse período do dia, existem menos interferências energéticas na atmosfera, pois a maioria das pessoas está dormindo, o que resulta em menos barulhos mentais circulando no seu entorno. Entretanto, se esse horário não for viável, escolha qualquer outro que fique bom para você e não deixe de meditar. Isso é o mais importante.
Resposta por Tania Raina:
Não existem regras em relação à meditação, para uns pode ser maravilhoso levantar e realizar uma prática meditativa, enquanto para outros pode ser muito difícil.
É aconselhável que se medite diariamente, pois quando praticamos o silêncio estamos desacelerando nosso corpo físico, mental e emocional, abrindo espaço para recebermos a energia Divina e, conscientemente, perceber os padrões mentais/emocionais que oscilamos todos os dias.
Quando realizada esporadicamente terá efeitos analgésicos, como o relaxamento e tranquilidade, pois ainda estamos imersos e inconscientes de todas as crenças e paradigmas limitantes encontrados em nosso subconsciente. Quando realizada todos os dias, com determinação, a meditação aos poucos se torna uma parte do Ser, expandindo a consciência para um novo entendimento sobre nós mesmos. A compreensão dos antigos padrões como hábitos, crenças e paradigmas são percebidos e ganham espaço para serem substituídos.
2) Por que sempre que eu vou fazer uma meditação guiada eu durmo?
Resposta por Anand Nisargan:
Sono atrasado é o maior inimigo das meditações em que há imobilidade corporal, ainda mais se houver uma voz calma e monótona conduzindo a meditação. Nas meditações que não são conduzidas, a possibilidade de dormir diminui, mas, nesse caso, a pessoa precisa saber meditar por si mesma, o que, na verdade, é essencial para um meditador que quer se aprofundar na arte de aflorar a Presença.
Resposta por Anna Maria Oliveira:
Por conta do relaxamento mental. O corpo descansa e o sono surge. Dica: meditar por dois minutos e aumentar o tempo aos poucos, porque assim a mente vai criando o hábito de se concentrar e não dormir.
Resposta por Juliana Ferraro:
Você deve meditar sempre sentada com a coluna ereta, se deitar, vai dormir, é normal, porque seu corpo relaxa.
Resposta por Maria Helena Lakshmi:
Depende um pouco de você e um pouco de quem está guiando a meditação. VOCÊ não deve estar de estômago cheio, não deve estar fisicamente cansado e também não deve meditar na posição deitado. A posição ideal para meditação é sentada com a coluna ereta e a cabeça alinhada no prolongamento da coluna, pois essa posição dificulta adormecer. QUEM ESTÁ GUIANDO a meditação deve ter um tom de voz adequado, não alta demais que atrapalhe sua concentração e nem suave demais que se torne um convite ao sono.
Resposta por Tania Raina:
A meditação desacelera todo nosso sistema, podendo até mesmo chegar à frequência de ondas Theta, que é a frequência que atingimos enquanto sonhamos. Quando não estamos habituados com esses processos e frequências, nosso corpo pode compreender que esse é o momento para descansar, já que essas frequências só eram acessadas antes de irmos dormir. Quando dormimos, nosso subconsciente continua a ouvir à meditação e às instruções que estão sendo dadas, porém não permanecemos conscientes.
Se isso ocorre frequentemente, procure realizar práticas meditativas sentado em uma cadeira, chão ou outro local de sua preferência para minimizar as chances de dormir até que se habitue à prática.
3) Quais os tipos de meditação posso meditar deitada?
Resposta por Anand Nisargan:
Na verdade, quando a pessoa entende o que é meditação em sua essência, a postura deixa de ter muita importância. Assim, não há necessidade de sentar em determinada postura padrão, embora a coluna ereta e cabeça alinhada com a coluna seja uma condição básica para meditações sentadas. A mesma meditação pode ser praticada deitada, mas nesse caso a tendência de dormir é maior e, havendo essa tendência, melhor evitar deitar para meditar. Mas, quando já estamos deitados, por exemplo, antes ou depois de dormir, procurar estar o mais presente possível deitado já é uma meditação.
Resposta por Anna Maria Oliveira:
Tipos de meditação: sentada, em pé, caminhando e deitada. Sim, pode meditar deitada, mantendo a concentração, relaxamento do corpo, sem dormir, por alguns minutos. Ver artigo sobre meditação para vestibulandos.
Resposta por Juliana Ferraro:
Apenas medite deitada se você tem a intenção de dormir. Pode ser qualquer tipo.
Resposta por Maria Helena Lakshmi:
Existe uma técnica maravilhosa chamada Yoga Nidra, que é um relaxamento super profundo onde o praticante trabalha um propósito, uma resolução interior de algo que ele deseja conquistar, realizar ou resolver (Sankalpa). Essa técnica de relaxamento é também considerada como uma meditação tântrica e é realizada na posição de Shavasana, onde o praticante permanece o tempo todo deitado de costas, em decúbito dorsal, com as pernas ligeiramente afastadas, os pés tombados naturalmente para fora, os braços estendidos ao longo do corpo e os olhos fechados. Nas demais técnicas meditativas, a posição ideal é sentada.
Resposta por Tania Raina:
Nós podemos realizar quaisquer meditações deitados, porém precisamos tomar cuidado para não cochilar. Hoje é muito comum querermos meditar deitados, pois estamos “cansados” devido ao dia de trabalho e fazemos isso tarde da noite. Porém, desta forma nós não acessamos o estado meditativo, pois nosso corpo já se prepara para “dormir”. E essa somatória com o início da meditação acaba por nos induzir ao sono, assim, terminamos dormindo sem ter acessado o estado meditativo para receber seus benefícios.
4) Como sei que estou no estado meditativo?
Resposta por Anand Nisargan:
Meditação é estar com a consciência desperta ao que está acontecendo no momento, e sem alimentar pensamentos sobre o que é percebido. Dar-se conta disso chama-se “Sentido de Presença”; o reconhecimento de que estou presente no momento é o que devemos desenvolver na meditação. Assim, não basta simplesmente estar presente, mas é importante também DAR-SE CONTA de que está presente. Se reconheço que estou percebendo a realidade do momento e mantendo essa percepção por um tempo, mesmo que pequeno, nesse período estou no estado meditativo.
Resposta por Anna Maria Oliveira:
Quando você sente a mente mais tranquila, a respiração suave e um estado interno de paz e confiança. Às vezes, é possível sentir ondas de calor, sensação de aconchego, amor por si mesmo e gratidão.
Resposta por Juliana Ferraro:
Quando você não se preocupa com isso. Se está focando entrar nesse estado, nunca vai acontecer. Relaxe, deixe seu ego de lado e deixe fluir.
Resposta por Maria Helena Lakshmi:
Você não sabe. Mas você saberá que não está em estado de meditação sempre que estiver praticando e se der conta que se afastou do seu foco e está pensando em outras coisas. Nesse momento, gentilmente, com serenidade, você retoma o seu foco meditativo. Não importa quantas vezes isso aconteça, o que verdadeiramente importa é a persistência de sempre retomar a prática, com gentileza, com desapego e sem julgamentos.
Resposta por Tania Raina:
Quando iniciamos a prática, percebemos a inquietude de nosso corpo físico, mental e emocional. E, conforme o tempo passa, começamos a acessar um estado de relaxamento em todo nosso corpo, acalmamos também o pensar e as emoções. O estado meditativo é o estado no qual atingimos o relaxamento profundo, os pensamentos se tornam distantes e inatingíveis e temos a profunda sensação de unidade e completude no nosso “vazio interior”.
5) Por que quando eu tento meditar, meus pensamentos parecem um tornado, e acabo não conseguindo ficar tranquila?
Resposta por Anand Nisargan:
Na meditação, simplesmente percebemos o que sempre esteve acontecendo, mas que não nos dávamos conta; assim, percebemos mais claramente a turbulência habitual de nossa mente. Meditação é estar perceptivo à realidade do momento. Havendo pensamentos que nos tiram desta atenção, o ponto básico é pegar em flagrante esta ausência e simplesmente voltar a atenção à realidade presente. Meditação é esse treino, e técnicas de meditação são situações favoráveis à vivência desse treino. Um aspecto difícil de as pessoas assimilarem é que o ponto central da meditação não é buscar tranquilidade, já que ela, a tranquilidade, é CONSEQUÊNCIA da Presença. Assim, o ponto central é estarmos no centro silencioso observador da realidade do momento, o que significa que posso estar observando a própria intranquilidade, sem lutar contra ela. A observação neutra acaba transformando a intranquilidade em tranquilidade, mas isso não deve vir de esforço, e, sim, é um acontecimento natural fruto da observação neutra.
Resposta por Anna Maria Oliveira:
No começo, isso é natural! Meditar não é não pensar em nada, é reduzir a criação de pensamentos. Comece a meditar poucos minutos, leve a mente a prestar atenção ao ato de inspirar e expirar, as sensações físicas que esse ato causa. Aumente o tempo aos poucos. Dica: criar imagens mentais para conduzir a mente ao estado meditativo.
Resposta por Juliana Ferraro:
A mente está manifestando a sua natureza, que é pensar. Quando você senta para meditar, não quer dizer que você está pensando mais, apenas está prestando mais atenção a isso. É normal. Deixe os pensamentos irem e virem e desapegue, não lute contra sua mente. Com o tempo de pratica e paciência, você vai encontrar momentos de silêncio. Fique na respiração como foco principal e deixe os pensamentos passarem em plano secundário.
Resposta por Maria Helena Lakshmi:
Porque você certamente está se deixando identificar com os seus pensamentos. Você não é o pensamento, você é consciência pura, imutável e perene. Procure colocar a sua consciência na condição de observador dos seus pensamentos sem se identificar com eles. Perceba os pensamentos como se você estivesse olhando para algo externo a você. Quando saímos de dentro do círculo, e olhamos lá de fora, podemos ver tudo com mais clareza. Quando observamos os nossos pensamentos sem nos identificarmos com eles, de forma natural, eles reduzem sua frequência deixando pequenos espaços vazios entre um e outro. E é nesses pequenos espaços que a meditação acontece.
Mas teoria é apenas teoria, você só vai saber quando experimentar. Então vamos lá, medite, medite e medite, o mundo agradece!
Resposta por Tania Raina:
Quando começamos a meditar e procuramos sentir o âmago do nosso coração, precisamos, em primeiro lugar, esvaziar todos os conceitos, ideias, projeções, medos e quaisquer formas de pensamento/emoção/preocupação que estejam nos acompanhando. Quanto mais deixarmos esse turbilhão de pensamentos ir e vir, mais rápido a tempestade irá passar.
O problema é a identificação com os pensamentos e emoções. Quando estamos identificados e eles surgem em nossa mente, todas as nossas ideias projetadas sobre isso começam a aparecer. E, lentamente, projetamos uma história com começo, meio e fim em nossa mente com aquela “forma-pensamento”, o que nos trará mais e mais do mesmo. E tudo isso não passa de uma “viagem”, pois estamos procurando através da meditação experienciar o “AGORA”.
Para iniciar a prática da meditação e começar a dissolver esses padrões, experimente sentir as batidas do seu coração e conte cada uma delas, de 1 a 8 e de 8 a 1. Caso o foco na contagem seja perdido, comece a contar novamente.
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