O dicionário online de português diz que maternidade “é o estado, a qualidade de ser mãe; é a ação de pôr uma criança no mundo”. O mesmo dicionário diz que individualidade “é a qualidade, caráter do que é individual, do que existe como indivíduo”. É a partir da prática de enxergar-se e de viver como um indivíduo que os equívocos podem acontecer. Vamos entender o que isso quer dizer.
A maternidade é linda e também cansativa, mas por toda ideia já enraizada do sagrado da maternidade, parece que somente a parte do “ser linda” precisa se cumprir e a parte da realidade fica de lado. Isso faz com que muitas mulheres se sintam mal quando sentem falta de tempo para elas, para fazer as coisas que estavam acostumadas e que davam tanto prazer, sentem falta de um banho mais relaxante, de usar um perfume cheiroso, ao invés do perfume regurgitado. Eu já vi, li e ouvi isso inúmeras vezes. Isso sem falar no quanto as mulheres se cobram a perfeição, ou seja, precisam trabalhar, cuidar da casa, do filho, do marido, da comida e de tantos outros afazeres, e acabam com a ideia de fracasso porque não conseguem fazer isso.
Gostaria de deixar um recado para todas nós; “Mulheres: Relaxem!”. Nós só precisamos aprender a viver um dia de cada vez e lembrar que o aprendizado se faz em todas as ações do cotidiano. As tarefas já não são mais do homem ou da mulher, mas sim compartilhadas; o mundo está mudando, novos arquétipos estão se formando. Paciência é uma palavra muito importante na maternidade e, às vezes, resignação, porque depois que o bebê nasce não tem como devolvê-lo para a barriga ou esperar que a vida seja exatamente como era antes de ele existir. A vida muda e se ajusta a uma nova realidade e que pode ser prazerosa também. Nesse momento, entra a importância de nos enxergarmos como indivíduos. Individualidade é diferente de individualismo. Voltamos ao dicionário online de português para as definições de cada uma.
Individualidade “é aquele que existe como indivíduo” e individualista “é aquele que manifesta egoísmo”. Para o individualista é muito trabalhoso pensar em abrir mão das suas coisas para fazer alguma coisa para alguém. Porém, exercitar a individualidade é ter seu grupo de amigos e sair com eles, ter seus momentos de lazer e até com você mesmo e, ao mesmo tempo, saber atender a necessidade do outro pelo amor que sente e não por obrigação.
Ninguém nasce sabendo ser mãe e pai e espera-se que pais amem incondicionalmente, como se isso já estivesse pronto dentro de nós. Importante lembrar que somos seres em evolução constante e não seres prontos. Faremos coisas muito boas e outras nem tanto, mas todos aprenderão com isso.
Um bom exemplo para entender a importância de nos respeitarmos como indivíduos é pensarmos sobre irmãos gêmeos. Cada um quer ser visto como é e não confundido com o outro o tempo todo, eles querem usar roupas diferentes, gostam de matérias diferentes na escola, têm gosto musical distinto, enfim, cada um é um, sem ser individualista, mas desejando respeitar e ser respeitado como individualidade.
Para encerrar, gostaria de deixar um recadinho para as mães: a maternidade é linda, ensina a amar, a negociar, a se doar, mas não torna ninguém melhor do que ninguém. A maternidade pode ser vivida lado a lado com a individualidade e será muito mais saudável.
Existe uma frase que diz “maternidade é viver um mar de rosas”, mas há que se considerar os espinhos no caule representados pelo cansaço, pelas noites mal dormidas, pela impaciência, pelo não saber o que fazer e como lidar com aquele ser que está em suas mãos. É importante poder falar isso para que as pessoas reflitam e auxiliem, porque as críticas não vão ajudar. Trazer à realidade as dores e as delícias de ser mãe. Permitir-se ser mãe e mulher. Dessa forma, a vida seguirá mais leve e o respeito a maternidade e a individualidade se fará presente.
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