Dias chuvosos de fina chuva peneirada, invariavelmente, aguçam o meu pensar.
Dias chuvosos de forte chuva extravasada também aguçam o meu pensar.
Qualquer chuva desperta em mim uma consciência primitiva, memória ligada ao divino, ao princípio elementar que é acreditar. Na humanidade. E eu acredito.
E, porque acredito, me dedico. E, por me dedicar, a minha espontaneidade trinca e quebra qualquer resistência do outro, até a última camada dura.
E lá na medula, eu creio, as células sanguíneas multiplicam-se em plenitude e felicidade.
Sempre fui assim, e se não for, não serei eu: comprometida demais com o outro.
Nos dias orvalhados pela chuva fina, sinto o amor incondicional guiar as minhas ações. E é sempre assim.
Nos dias molhados pela chuva forte, sinto também o amor incondicional guiar as minhas ações. E é sempre assim.
Nos dias de sol, a semente divina latente em mim floresce em bons dias, boas tardes, “como vais?”, “como estás?”, “oi, tudo bem?” e sorrisos sinceros rasgados por onde avista-se o coração.
E o que faço nunca é social ou por obrigação, é inteiramente por amor e devoção.
Devoção sem a conotação religiosa. Só por respeito e dedicação à vida mesmo.
A minha e a dos outros. Dos que conheço e dos que nem preciso conhecer.
E é sempre assim, em todos os meus dias. Em todas as estações.
E se o dia não está para bons dias, porque, é claro, nem sempre me sinto como o belo vitral feito pela minha filha, pequeno filtro de luz colorido, lembrete alegre lá no alto da porta do meu escritório, na minha casa, olho por meio do vidro da janela, vejo as folhas das árvores chacoalhando contentes ao vento, então, me entrego ao livre pensar.
E penso… Em tudo, em todos, em um mundo não perfeito, mas possível, sim, e por que não mais cortês?
A cortesia do bom dia, verbalizada ou insinuada em um olhar sorridente, modifica qualquer energia por mais carregada que seja.
O bom dia acompanha elegantemente qualquer situação!
É como uma refeição completa para encarar a jornada diária. E por falar em refeição e alimentos, lembrei de uma situação:
Pertinho da minha casa tem um supermercado, a encarregada de observar o entra e sai do povo é parente do dono, chama-se Yolanda. Sempre à cata de alguma infração.
Moro no bairro há quase 17 anos, vira e mexe estou por lá fazendo umas comprinhas.
Nasce o sol, põe-se o sol. Chuvas fortes e chuvas finas. São incontáveis os meus bons dias e boas noites, raramente respondidos com um carrancudo aceno de Yolanda.
Sinceramente? Em algumas vezes, eu pensei em desistir… “VAI TE CATAR, YOLANDA!”, só pensei.
“E, por me dedicar, a minha espontaneidade trinca e quebra qualquer resistência do outro, até a última camada dura. E lá na medula, eu creio, as células sanguíneas multiplicam-se em plenitude e felicidade.”
Correção: nem sempre consigo quebrar a resistência do outro, mas a minha dedicação e espontaneidade continuam multiplicando as células sanguíneas em plenitude e felicidade. Mesmo que sejam as minhas.
Um ótimo dia!
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