O budismo é uma filosofia e religião baseadas nos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda (o “Iluminado”, aquele que despertou do sono da ignorância). Surgido na Índia por volta do século VI a.C., difundiu-se especialmente nos países asiáticos, havendo diversas correntes.
Entre os diversos preceitos, o que foi mais difundido no mundo ocidental é a noção de carma, mas esta noção foi bastante distorcida, popularmente entendida como uma repetição de acontecimentos ruins na vida de alguém ou como “destino” (algo imutável). Porém a noção de carma vai além desta simplificação.
Os budistas acreditam que há um ciclo de renascimento, chamado samsara, que é a repetição perpétua de nascimento e morte dos seres, somente quem adquire a perfeita sabedoria ou se torna iluminado é que se torna um Buda e está livre da roda de transmigração.
O carma é a lei da casualidade, é a força de samsara sobre alguém. O seu significado original é “ações” e é considerado como uma espécie de força latente, potencial, resultante dos atos realizados no passado. Segundo esta lei, todas as ações, pensamentos ou palavras (boas ou más) possuem uma força dinâmica, que se exprime nas existências sucessivas. Isto é, cada uma de nossas ações resulta, dependendo de sua natureza, em sofrimento ou prazer, influenciando poderosamente em nossas vidas futuras. Este é um processo puramente impessoal, que faz parte do universo.
Criamos carma e recebemos a sua influência a cada instante. Como se trata de uma ação, o carma não é o “destino” imutável, rígido, pois pode ser modificado no decorrer da vida. Você pode mudar o curso de sua vida a partir de agora, mudando os seus atos intencionais e os seus padrões autodestrutivos!
Sendo uma energia, gerada por ações, palavras ou pensamentos, o que for gerado no agora afetará o futuro. Tudo o que precisamos é viver conscientemente no momento presente, com plena atenção e compaixão para descobrir a nossa verdadeira natureza. Por exemplo, se a raiva, a cobiça e a mágoa estão presentes no seu dia a dia, você está condicionando a sua mente e as suas emoções a vibrarem apenas nessas frequências negativas. Por outro lado, se você se esforça para reagir às coisas com calma e paz, procurando compreender tudo à sua volta com o coração cheio de compaixão, você condiciona a sua mente a viver neste estado de serenidade e aceitação plena.
Todas as qualidades mentais e todas as emoções, positivas ou não, estão presentes em nossas vidas, desde o nascimento. Se desenvolvemos as qualidades positivas, elevamos a nossa vibração, caso contrário, vibraremos apenas a negatividade, o que certamente atrairá mais coisas difíceis para nós. Vivendo com a atenção plena, nos tornamos conscientes dos condicionamentos que criamos e alimentamos, tornando bem mais clara a maneira que reagimos frente às situações.
O exercício de atenção plena nos dá a possibilidade de escolhermos, com total clareza e lucidez, quais as qualidades mentais e emoções que devem ser fortalecidas. Assim, nos libertamos de reações repetitivas e padrões condicionados de pensamento e emoções. A atenção plena é uma prática que requer um compromisso e engajamento reais, exige persistência e disciplina.
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Os fatores externos a você continuarão a surgir e afetar a sua vida, mas compreendendo o carma, por meio do exercício e desenvolvimento da atenção plena, vemos que, na verdade, ele nos permite assumir o controle de nossas vidas. Podemos abandonar padrões antigos, concluindo de fato que a verdadeira felicidade está dentro de nós. Assim, chegamos ao ponto de experimentar a vida completamente, independentemente do que estiver acontecendo à nossa volta.
Referências
Budismo – https://pt.wikipedia.org/wiki/Budismo;
“O Buda e o Budismo” – Maurice Percheron – Aux Éditions du Seul;
“A Doutrina de Buda” – Bukkyo Dendo Kyokai.