Sabe aquela empresa de cartão de crédito que tem o seguinte slogan: “Existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras, existe Mastercard.”?
Esse slogan é de uma inteligência e sutileza que admiro, pois existem, sim, coisas que o dinheiro não compra. E são exatamente essas “coisas” que o dinheiro não compra, as coisas que não têm preço, que são as mais caras e as mais valiosas, tão irônico, não acham? Mas é a pura verdade.
Na última semana, eu perdi o meu gatinho, ele foi para o céu, para o paraíso, para outro plano, para a terra dos gatinhos, é tão doloroso em uma época de festas falar de dor, falar de morte. Não acham? É a celebração do nascimento de Cristo, momento de olhar para dentro, resgatar valores, se preencher de amor, ressuscitar o ser divino e puro que todos nós somos, mas sabe o que as pessoas fazem? Compram! E compram desenfreadamente, presentes para os amigos, namorados, chefes, filhos, roupas para a festa de confraternização, compram coisas que o cartão de crédito pode comprar.
Eu trocaria qualquer cartão black com limite suficiente para comprar um avião pela vida do meu gato, eu trocaria todos os meus vestidos, não… Eu trocaria todo o meu guarda-roupa pela vida do meu gato, eu trocaria a cafeteria que comprei no dia que ele foi atacado por 2 cachorros pela vida dele, talvez se eu tivesse chegado mais cedo em casa, teria poupado a vida dele, talvez se eu não tivesse ido ao shopping, se eu não tivesse ido às compras, talvez…
Pois a vida é exatamente como tem que ser, tudo acontece por uma razão, tudo… Tudo tem um porquê e não cai nem mesmo um floco de neve sem a vontade de Deus e a vontade foi levar meu amigo, meu filho, meu príncipe Francisco, nome do Papa mais amoroso que já tivemos e assim era o Francisco. Durante quase 6 anos, ele alegrou a nossa casa com os seus miadinhos, com aquele olhar conquistador que só os gatos têm, com os seus ronronados, com o entrelaço nas nossas pernas pedindo atenção e carinho, eu o deixava maluco quando o pegava no colo e começava a dançar simulando uma valsa por toda a casa, quando ele se achava o jogador de futebol com as suas bolinhas pela chão correndo e jogando para um lado e para o outro como se fosse fazer um gol, eu o amo tanto que parece que ele saiu de dentro de mim.
O Paco, era assim que o meu gatinho era conhecido pelas pessoas mais íntimas, foi muito companheiro, um gato tão inteligente que parecia gente.
Ele sabia o horário que eu chegava em casa e me esperava na janela, ele me acordava de manhã para ir trabalhar, ele me olhava com aqueles olhos profundos que, mesmo sem dizer nada, diziam tudo e me dava beijinho encostando o focinho no meu nariz. É tanto amor envolvido, uma sintonia profunda, uma conexão além da vida.
E é tão doloroso, é doloroso demais, é um sofrimento do tamanho do mundo saber tudo o que ele sofreu, não poder ter estado lá para protegê-lo, eu não pude fazer nada, nada! Nesse momento, percebemos o quanto somos impotentes, o quanto não temos controle de nada. Qual controle nós temos? Nenhum, não comandamos nada, a vida é como tem que ser e ponto final, quem somos nós? Ninguém! Ninguém no controle da vida e, ao mesmo tempo, tudo perante a criação de Deus, pois somos como Deus nos criou (citação de “Um Curso Em Milagres”).
A saudade é profunda, é intensa e avassaladora, dói muito, mesmo para mim que me acho a super espiritualizada, coitada de mim, pois foi com essa cena que percebi que ainda tenho um longo caminho pela frente, como o meu professor, Marcos Adriano, de “Um Curso Em Milagres”, diz: “A espiritualidade é de escada, não de elevador.”, e eu acabo de descer uns 20 degraus, é difícil aceitar, entender, compreender e olhar para a situação enxergando como normal, como tinha que ser assim. Não é fácil, porém é necessário, Deus nos fez puros, não devemos tomar o sofrimento do mundo que está dormindo.
Olhando de forma sistêmica, está tudo certo e aconteceu o melhor que poderia ter acontecido, mas mesmo tendo o conhecimento prático, o sentimento ainda é de tristeza e de saudade.
Apesar desse emaranhado de emoções dentro de mim, eu aprendi uma lição com essa experiência: não compre nada no natal, não compre nada que julgue que é especial, pois o especial não pode ser comprado.
Quer presentear alguém especial? Que tal algo que o dinheiro não compra? Vou contar uma situação:
Minha mãe é professora. Nas terças-feiras, ela só tem 2 aulas de manhã, sai de casa bem cedinho e logo retorna. Quando ela está chegando em casa, eu estou saindo para ir trabalhar e nos encontramos na porta. Em todas as terças, ela diz: “Que bom que você ainda está em casa, vamos tomar café da manhã juntas?”, e eu respondo: “Não posso, tenho que ir trabalhar!”.
Tomar café da manhã com a nossa mãe é uma daquelas “coisas” que o dinheiro não compra, de que vale os presentes caros no dia das mães, no dia do aniversário ou no natal se eu não tenho a capacidade de doar o meu tempo para estar com ela por alguns minutos durante a manhã? Não valem nada os presentes, não significam nada, eu aprendi pelo caminho da dor que o único tempo que importa é o presente e o segundo presente é o zero, o momento que estamos agora importa, a situação que está na nossa frente agora importa, apenas o momento presente importa, esse momento vale mais do que um pote de ouro.
O meu conselho é: não compre e se doe de presente para as pessoas que você ama, saia da frente da TV, saia do celular, olhe no olho, abrace, beije, diga que ama e se organize para estar mais próximo das pessoas que você ama, faça “coisas” que o dinheiro não compra.
E o meu desafio é: nesse natal, use a sua criatividade, troque as coisas por momentos, por experiências e por tempo com as pessoas que você ama. Compartilhe aqui as suas ideias e inspire o mundo.
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