Filhos, vítimas dessa trama, sem terem noção de seus contornos psicológicos, costumam crescer inseguros e com enorme dificuldade para imporem limites saudáveis.
Pelo medo da perda afetiva, acabam oferecendo mais poder aos outros do que a si próprios e são os que mais têm tendência para se envolver em relacionamentos tóxicos. Sem discernimento para avaliar quem é quem na esfera da vida, costumam atrair todo tipo de pessoas, abrindo espaço para que toda sorte de abusadores mal-intencionados se deleitem sobre eles.
Tais vítimas, ao se perceberem em relacionamentos dessa ordem, quando ainda apostam em ter algum tipo de apoio e proteção por parte de suas famílias, costumam receber o que mais conhecem, que é exatamente tudo o que pode ser oposto do que se concebe como acolhimento.
Além de descrenças sobre os argumentos expostos, frequentemente são rechaçados e acusados como sendo os únicos culpados pelos supostos abusos sofridos, como se tivessem feito de muito ruim para receberem o tipo de retaliação que têm recebido da parceria afetiva, do ambiente de trabalho ou de qualquer outra fonte de maus tratos.
Por conta de pais narcisistas não validarem os argumentos de seus filhos – na maioria das vezes depreciando-os ainda mais – estes passarão por imensas dificuldades até poderem acessar o que de verdade ocorre.
Enquanto não despertarem desse drama diabólico e seus sentimentos permanecerem confusos variando entre inúmeras dúvidas sobre si mesmos – como a raiva, medo do abandono, da rejeição, mágoas e culpas – permanecerão à margem de tudo de bom que a vida pode oferecer.
Famílias com conteúdo narcísico exacerbado carecem de empatia e têm como pano de fundo o detrimento de um para o engrandecimento de outro, e continuarão agindo deste modo mesmo quando um filho clama por ajuda. Mesmo quando acontece um pedido desesperado de reconhecimento e proteção em relação aos maus tratos recebidos por alguém do universo externo ao núcleo familiar, as cenas de depreciação e de culpabilização continuarão sendo ativadas de modo cego, no alvo de dentro da família.
A maioria das vítimas necessita fazer terapia no intuito de despertar e de adquirir conhecimento sobre o tema. Enquanto isso não acontecer, a tendência é que elas enfrentem grandes dificuldades nas escolhas de outros mapas existenciais. Ao longo da vida, as vítimas, filhos de pais narcisistas perversos, podem passar por constantes episódios de ansiedade e medo de serem rejeitados, inclusive podendo evoluir para estados depressivos maiores e falta de sentido na vida.
Um bom processo terapêutico nesse sentido ajuda sobremaneira a saída desse tipo de padrão vivenciado desde a mais tenra infância.
Aprender que muitas famílias com adoecimento dessa ordem dificilmente mudam e fazer um luto destas experiências difíceis pode ser o começo de uma nova vida.
Quanto mais despertos, melhor!
Você também pode gostar de outros artigos dessa autora. Acesse: Antídoto contra abuso emocional e violência física