Convivendo

A lição da tristeza

Escrito por Andrea Ralize

A tristeza é um mestre. Muitos ouvem os ensinamentos que ela nos apresenta a cada novo fato, a cada tropeço, a cada expectativa frustrada e, assim, aprendem a conquistar um pouco mais de si mesmos, mas a maioria esbraveja e não ouve a voz sutil da tristeza sussurrando: calma, calma…

Há momentos na nossa vida em que a vontade de desistir de tudo toma conta de nós por segundos que parecem infinitos, causando um estado de dor imensurável e, nesses momentos, quem compreende as lições subliminares conquista um pouco de paz, enquanto isso, quem não confia no tempo desiste e se entrega…

Silhueta de homem triste, cabisbaixo, ajoelhado na beira de um lago, com o pôr do sol ao fundo.

Estar triste é um estado de alma comum a todos os seres humanos, pois esse sentimento é que possibilita as mais importantes reflexões pelas quais passamos na vida. Estar alegre é lindo, agradável, fácil, mas na alegria não conseguimos aprender o que de fato nos importa.

O silêncio da dor é tão preenchido de sons importantes para o aprendizado definitivo de nossa vida, que muitos se recusam a permitir que ele ocorra. Preferem o barulho, por isso, ligam a televisão mesmo que não se vá assistir a nada, olham as redes sociais mecanicamente, sem parar, na esperança de encontrar respostas que nunca vêm…

O silêncio da dor é mestre em retórica. Mas, há de se ter ouvidos preparados para ouvir o discurso de si para si mesmo, o discurso que fere por ser real, sem máculas, sem firulas.

Deveríamos olhar a tristeza, quando ela se aproxima de nós, com mais respeito, pois ela sempre vem acompanhada de tanta sabedoria. Deveríamos esperá-la sem amarras ou subterfúgios, ouvi-la logo de cara, sem rodeios, a fim de que ela possa partir ao ter cumprido o seu papel…

Quando a tristeza se vai, após aprendermos alguma lição com ela, certamente nos tornamos mais amadurecidos, mais fortes para enfrentar os fantasmas que surgem a todo instante nas esquinas da vida. Mas, quando a tristeza se vai sem que tenhamos aprendido nada com ela, nos tornamos pessoas que apenas ignoram a si mesmas, reclamam sem parar, não são agradecidas e, sim, incapazes de sublimar a dor.

Mulher branca, com expressão apática, sentada no transporte público, apoiando sua cabeça no vidro da janela.

Ah, tristeza que me rodeia agora, estou de braços abertos, entre em mim por inteiro, tome conta de minhas entranhas, ultrapasse todas as barreiras, arrombe as portas trancadas, mas faça seu papel de uma vez… deixe-me caída na cama, abraçada ao meu travesseiro, sentindo o rio de lágrimas que escorre de minha alma…

Você também pode gostar:

Mas, tristeza que me rodeia agora, ensina-me algo de bom antes de partir, ajude-me a ser melhor do que fui ontem, acalenta-me para que eu seja fortaleza, mesmo parecendo flor…

Você também pode gostar de outros artigos da autora: Sobre encontros e desencontros

Sobre o autor

Andrea Ralize

Escorpiana, professora de filosofia, revisora de textos, mãe de três seres de luz, praticante de yoga, estudante de Vedanta e, nas horas vagas, escritora de fragmentos da vida.

Contatos:
Facebook: Andréa Ralize
E-mail: acralize@gmail.com