No Brasil, o termo “indígena” é comumente utilizado pela mídia para se referir a qualquer comunidade que viva em uma tribo, no meio de uma floresta. A imagem disseminada sobre essa parte da população é a de que essas pessoas andam nuas, vestem cocares, fazem pinturas no rosto e não sabem se comunicar, como se fossem povos menos civilizados ou inferiores aos não-indígenas. Esse estereótipo não condiz com a realidade indígena brasileira.
O primeiro conceito a ser desconstruído é o da existência de uma única comunidade indígena. Essa é uma forma de se referir em linhas gerais a todos os povos indígenas que vivem em território brasileiro. Não são só os índios guaranis, mas também os ianomâmis, os caiapós, os charruas, os tupinambás, os tupiniquins, os ashaninka, os ticunas, os pirarrãs, os uitotos, os kalapalos, os caingangues, os pataxós, os awá, os bororos, os xavantes, os zoés, os carajás e os carijós, entre muitos outros.
O povo guarani
Esse povo, por exemplo, diferencia-se dos outros povos por falar a língua tupi-guarani. Eles foram os primeiros que tiveram contato com os colonizadores e são divididos entre kaiowá, ñandeva e m’byá. Os guaranis estão presentes em outros países da América Latina e representam uma porcentagem significativa da população indígena.
O povo karajá
Eles são conhecidos pelo idioma carajá e também pelas bonecas que produzem. São figuras de barro, que se assemelham à forma humana. Presentes em museus, essas bonecas também são brinquedos e itens de valor sentimental para crianças e mulheres.
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O povo ianomâmi
São lembrados por um aspecto em especial da cultura deles. Na religião desse povo, os rituais são celebrados com a ingestão de um rapé alucinógeno, que permitiria a conexão entre o humano e o divino. Outros festivais, como a coleta da pupunha e funerais, também são comemorados pelos ianomâmis.
Outro conceito que precisa ser repensado é a ideia de que todos os povos indígenas se localizam no mesmo lugar. Mesmo os indígenas que fazem parte de uma comunidade, podem ocupar diferentes territórios brasileiros. Além disso, nem todos esses povos vivem no meio de uma floresta ou no Amazonas.
Com exceção do Piauí e do Rio Grande do Norte, todos os estados do Brasil são ocupados por comunidades indígenas diferentes. Alguns povos vivem também nas capitais e nas cidades, e não deixam de ser indígenas por usarem roupas ou por morarem em uma casa de tijolos.
Ainda que os povos indígenas do Brasil representem a população nativa, as pessoas dessa origem sofrem preconceito estrutural. O estereótipo do índio preguiçoso e primitivo é o que perdura na sociedade brasileira, dificultando a inclusão dessas pessoas em escolas, em universidades e no mercado de trabalho.
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É preciso reconhecer a influência indígena na cultura brasileira (pelo folclore, pelos nomes dos alimentos, pelas crenças) e respeitar a existência dessa multiplicidade de povos.