Convivendo

A separação dos pais e uma nova família na vida da criança

Escrito por Eu Sem Fronteiras

Alguns momentos da vida são bastante complicados, principalmente quando somos crianças e estamos no início de um processo constante de amadurecimento. Se já temos a idade para ler e interpretar um texto, provavelmente já sentimos na pele os obstáculos de nossa existência terrena. Seja rico ou seja pobre, as dificuldades aparecem desde cedo nas nossas vidas, obviamente em proporções diferentes para cada um de nós. No caso das crianças, uma das primeiras reflexões profundas que algumas crianças têm em suas vidas é diante de uma separação dos pais.

Utilizando uma figura de linguagem, para uma criança, os pais representam verdadeiros deuses em nossa infância. O nosso desenvolvimento nos primeiros anos de vida é totalmente dependente do apoio dos pais. Alguns tiveram o mínimo para sobreviver, outros nem isso e tiveram que depender de outros seres humanos para fazer o papel de pais: dar de comer, dar banho, dar cama e dar todo o tipo de amparo.

“Um filho nunca deixará de ser filho e nem os pais de serem pais”.

Essencialmente, o papel dos pais é dar alguma coisa. Nos primeiros anos de vida, eles dão tudo o que precisamos, mas isso é cortado de forma paliativa e vamos aprendendo a nos virar por conta própria desde cedo. Não por acaso, muitas vezes as crianças utilizam a expressão “me dá” para todas as pessoas a sua volta, como se todas elas tivessem que fornecer o que os pais fornecem nos mais variados sentidos. Mas e se, de repente, por algum motivo, os pais deixam de dar aquilo que sempre deram? Aliás, pior ainda, se eles começam a se ausentar e você, no auge da sua infância e ingenuidade, percebe que o pai e/ou a mãe tem uma outra família?

Geralmente não é automática percepção que antes de serem pais e mães, o casal é marido e mulher e, em tempos mais atuais, até mesmo pessoas do mesmo sexo podem adotar uma criança, mas primeiro nutrem um sentimento entre eles próprios. Antes de amarem a criança, os pais se amam ou, pelo menos, se amaram um dia.

No Brasil, na maioria dos casos são as mulheres que ficam com a guarda dos filhos, então a convivência com o pai é reduzida. Por mais que um pai seja dedicado, a convivência não é mais a mesma coisa porque os pais moram em casas separadas. Mas por que isso acontece?

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Quer queiramos ou não, o dia continuará tendo 24 horas. Além dos afazeres diários, vai se somar a dedicação a uma segunda família. É difícil equilibrar bem o tempo mesclando trabalho e duas famílias, sem considerar outras atividades importantes para a manutenção de nossas vidas.

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A ligação entre um pai e um filho não deve ser pautado apenas pela convivência, porém é imprescindível que, pelo menos nos primeiros anos de vida da criança, essa ligação seja formada a partir de uma convivência.

Depois da criação desse elo, a manutenção não precisa ser tão presencial quanto era antes, afinal a criança já começa a compreender que o distanciamento é algo natural e não tem nada a ver com ela.

Como já diz um velho pensamento, marido e mulher podem deixar de ser cônjuges um dia, mas um filho nunca deixará de ser filho e nem os pais de serem pais. O que de início pode parecer a perda do pai e o desmembramento do seu eixo familiar, posteriormente, se bem trabalhado, pode representar uma segunda família também para a criança.


  • Artigo escrito por Diego Rennan da Equipe Eu Sem Fronteiras 

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