Comportamento Convivendo

Em 20 dias, boliviana constrói casas de garrafa PET para famílias carentes

Escrito por Eu Sem Fronteiras
Diante dos cenários ambientais e sociais em que o mundo se encontra, alternativas sustentáveis estão cada dia mais em pauta. Afinal, é fugindo do lugar comum e pensando em novas soluções que seremos capazes de mudar algo em cada ambiente que passamos.

Ingrid Vaca Diez, advogada e administradora de empresas de Santa Cruz de La Sierra, inova e transforma o mundo há mais de 15 anos. Sua história começou em 2000, quando já tinha envolvimento com causas humanitárias e com as desigualdades sociais que estão presentes em países latino americanos.

Foi nessa época que a advogada decidiu realizar o sonho das crianças de seu bairro Alfredo Vaca Diez, perguntando a elas o que gostariam de receber de presente. A maioria respondeu brinquedos, como já era esperado. Mas um pedido em especial chamou a sua atenção.

Uma menina pediu em sua carta um quarto para poder dormir, já que na casa dela moravam oito pessoas e dormiam muito apertados. Isso ficou na cabeça de Ingrid e uma ideia nasceu logo depois de uma discussão com o marido.

A boliviana sempre usou garrafas plásticas para fazer artesanato e o acúmulo acabou resultando em uma briga do casal. Em tom de ironia, o companheiro de Ingrid disse que com aquele tanto de garrafas era possível construir uma casa. Com a ideia em seus pensamentos e com a história da menina da carta na memória, a advogada começou então a fazer experimentos e encontrou a fórmula ideal: PET e um cimento sustentável, feito com barro, mingau, açúcar e linhaça.

Ingrid com parede da casa feita de cimento e garrafas PET

Nasce assim o projeto Casas de Botellas (Casas de Garrafas), que tem como objetivo construir moradias para famílias em situação de extrema pobreza utilizando tanto as garrafas PET quanto o cimento.

Com a ajuda de voluntários, incluindo os futuros moradores das residências, Ingrid já construiu mais de 300 casas na Bolívia e em países vizinhos, como México, Uruguai, Argentina e Panamá.

Todas as moradias são antiterremoto, de baixo custo e trazem segurança e conforto. Por terem paredes grossas e cheias de terra, também possuem isolamento térmico, o que ajuda a conservar a temperatura dentro de casa por mais tempo.

O processo

As garrafas que são utilizadas para a construção das casas são sempre preenchidas com materiais descartáveis, como sacolas plásticas, papel e principalmente terra e areia. Quando cheias, chegam a pesar aproximadamente 3,6 kg e são amarradas e fixadas com cimento e cal para formar as paredes.

Segundo Ingrid, usando 82 garrafas PET de 2 litros ou 240 garrafas de 600 ml, é possível construir uma casa em até 20 dias se pelo menos 10 voluntários ajudarem no processo.

A primeira casa feita pela boliviana tinha 170m² e foram utilizadas 36 mil garrafas plásticas de dois litros.

Ingrid com sua casa sustentável pronta

Vale lembrar que, de acordo com pesquisa encomendada a Cement Sustainable Initiative (CSI – Iniciativa para a Sustentabilidade do Cimento), as cimenteiras são responsáveis por 5% da emissão global de CO2 (dióxido de carbono) anualmente. Durante a produção de uma tonelada de clínquer, material básico para a fabricação do cimento, é produzida uma tonelada de CO2, o que contribui para o aumento do efeito estufa.

Atitudes positivas como a da Ingrid podem ajudar não só pessoas que precisam de ajuda perante a situação econômica e social de seus países, mas também o meio ambiente em escala global. Já pensou se grandes empresas ou aqueles que possuem acesso a tecnologia e ciência encontrassem soluções mais ecológicas, como fez a boliviana? E se todos juntos resolvessem mudar e fazer diferente com o que têm em mãos? Com certeza viveríamos em um mundo mais saudável e evoluído.


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