Capítulo 34 – DIGA DOÇURAS!
Todas as pessoas merecem ouvir doçuras. Faz bem à alma e adoça o sabor da vida. Sem doçuras nada tem graça, mesmo que seja a obrigatória falta de doçuras para perder uns quilinhos e caber dentro do jeans do ano passado.
Qualquer pessoa tem essa carência, esse espaço não preenchido: ouvir doçuras, principalmente as marcadas pela sinceridade, ditas nas horas de maior necessidade. De tanto que se ouve de amarguras ou do desalento do excesso de sal nas coisas da vida, mais e mais amplia o desejo pelas doçuras. E temos que saber quando, como e o que dizer sob o manto de “doçuras”, para que não sejam interpretadas como comportamento manipulativo, que fere demais as pessoas já debilitadas exatamente pela falta de doçuras.
O que são… “doçuras”? Não é difícil contextualizar a expressão e a sua prática relativa, bastando que se recorde a carência natural em todo ser humano por experimentar o que lhe agrade intensamente, que vá bem lá no fundo da alma e ali ajude a acalmar umas tantas dores, as tais dores da existência. De tanto ouvir palavras e frases cortantes, o que se caracterizar como o oposto… é bom, é doce!
Então, o que impede que seja dito aquilo que enternece a pessoa e suaviza um pouco dos pesos? Palavras estimulantes, de reconhecimento de mérito e de importância, palavras que não se extinguem, como as que tocam todos os terminais da sensibilidade humana, palavras que só devem ser ditas em murmúrios, palavras que só podem brotar em determinadas ocasiões, enfim PALAVRAS QUE NÃO DITAS MAIS, são as que recomenda sejam proferidas sem medo quanto a exageros, porque tamanha é a sua carência que nada será mais que o necessário, portanto sem excessos.
Aqui cabe o relato de uma experiência com um grupo de mulheres egressas do sistema penal, onde tinham purgado dores e débitos com a sociedade e que, por via de trabalho voluntário, capitaneado por grupos laicos, mas ferventes em fé no ser humano, objetivava a reintegração na sociedade e a mais poderosa blindagem contra a reincidência na prática de delitos.
Cerca de 20 mulheres, jovens ainda, com a idade média menor que 40 anos, aceitando o trabalho que lhes era proposto, passavam por diversas camadas de trabalho de sensibilização e ressignificação da vida e suas oportunidades e, num deles, como observador, acompanhei uma experiência surpreendente.
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O moderador dos trabalhos propôs que fosse debatida qual a palavra mais doce que gostariam de ouvir doravante e, após algumas rodadas de debates, alguns até bem calorosos, chegou-se ao resultado. Esperava-se que este fosse “mãe”, “amor”, “perdão” e qual não foi a surpresa quando a coordenadora do grupo entregou o papel em que estava registrada a palavra mais doce, segundo a apuração via consenso. Nele estava escrita a palavra “MENINA”, que nominava a forma pela qual elas gostariam de ser tratadas doravante…