Capítulo 38 – Dê um sumiço de vez em quando!
Por estranho que pareça, pode ser que você faça uma diferença na vida das pessoas pela ausência. Melhor dizendo, a experiência tem mostrado que a importância do ocupante de um dado espaço pode ser mais sentida e reconhecida exatamente pelo vazio da sua ausência.
Tendemos a entender melhor a passagem de pessoas por nossas vidas quando temos ocasião de verificar o quanto pode ser dolorosa a sua ausência. Reflexão que não se dá com facilidade no transcorrer do tempo de convivência… porque não há falta de nada, não existe lacuna a nos incomodar!
E onde está a diferença que pode ser sentida pelas pessoas, como resultado de um sumiço da sua parte? Ela está num fenômeno parecido com a sensação da sede, um sinal de que o corpo precisa ser hidratado e aí podemos reconhecer o enorme valor de um simples copo de água cristalina, fresquinha!
A falta só é notada quando sentida e mais valorizada na proporção do quanto seja aguda e isso pode acontecer com cada um de nós e as pessoas com quem convivemos. Se elas são, de fato, importantes em nossas vidas e há de nossa parte amorosidade para valer, quem sabe o sumiço proposto seja a energia de modificação de um eventual esfriamento ou da insidiosa rotina relacional.
Casais adeptos da prática regular das “férias conjugais” relatam como a ausência momentânea acentua a alegria e os sabores da presença mútua constante. O que, guardadas as proporções e ressalvadas as condições singulares, também é uma forma de sumiço… planejado.
Os adolescentes dos anos 1990 deixaram um importante legado para as gerações seguintes, qual seja a prática do “dar um tempo”, que muito ajudou aos meninos e meninas de então a descobrir a falta que uns faziam para os outros, quase sempre desaguando em rápida e intensa reconciliação.
Os indivíduos mais conservadores de então entendiam que o “dar um tempo” não passava de uma crise de imaturidade e falta de coragem para encarar as durezas da vida.
O que, na verdade, era exatamente o contrário que se via na conduta dos adolescentes, esses saborosos seres, que apenas intencionavam ressignificar as relações.
Texto de um singelo bilhetinho acompanhando uma barrinha de chocolate desses bem comuns, enviado por uma mulher executiva para o escritório do seu marido de novo e informal casamento: “Chuchu! Foi vendo o banheiro impecável, o quanto a televisão é chata e notando que tudo que só um homem conserta está funcionando muito bem, é que senti a sua falta nesses dias! E nem vou citar aquela falta do que fazemos entre quatro paredes, sabe? Volta logo e some mais não! Eu posso morrer de saudades e aí vou puxar seu pé de madrugada. Beijocas! Mingau”.
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