Gosto de escrever esses textos em uma linguagem acessível, levando um pouco de conhecimento sobre Psicologia para o público, pois acredito que cabe aos profissionais da ciência divulgar esse conhecimento para além do meio acadêmico, para informar a sociedade a respeito dos benefícios da Psicologia, e esclarecer muitos aspectos ainda obscuros.
Psicologia infantil é sempre um tema muito rico e complexo, há muito a ser abordado.
Hoje, gostaria de falar um pouco sobre a participação dos pais durante o tratamento desenvolvido na clínica com a criança.
Tanto a teoria quanto a experiência clínica apontam a importância dos pais no tratamento da criança, onde estes são convidados a participar ativamente desse processo, redescobrindo novas maneiras de viver a dinâmica familiar.
Por outro lado, o desenvolvimento do processo terapêutico apresenta grandes dificuldades quando os pais se recusam a se envolver, a se implicar no processo. O desenvolvimento da criança está diretamente relacionado aos pais. A criança é um sujeito ainda em constituição. Não podemos pensar em um acompanhamento efetivo na psicologia infantil sem a presença e participação dos pais.
Quando falo em presença e participação, me refiro no sentindo mais amplo das palavras. Vai além da presença física nas sessões quando solicitada. Requer comprometimento com o processo, desde não faltar às sessões, não atrasar, não interromper o tratamento, até manter abertura diante das intervenções do terapeuta e manter uma relação de confiança com ele; observar atentamente as necessidades da criança, ao que ela diz e demonstra, e aceitação diante das mudanças do filho.
Embora o tratamento seja da criança, e é com ela que o terapeuta trabalha, este processo pode causar angústia nos pais, pois as mudanças vivenciadas pelo filho alteram a dinâmica familiar, o que implica que eles também terão que reavaliar seus papéis.
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O objetivo é buscar a autonomia da criança, para isso é preciso que os pais permitam que ela se desenvolva, que vá adquirindo e reconhecendo suas próprias habilidades, autoconfiança, o que não pode ser confundido com permitir que a criança faça tudo o que tenha vontade.
A autonomia diz respeito ao mundo interno da criança, e ela vai precisar justamente dos seus responsáveis como referência nesta construção. Isso mostra que a terapia não ocorre somente dentro do consultório. Tudo o que é feito é levado para a vida, e os pais ou cuidadores tem participação ativa e indispensável no dia a dia dos filhos.