Autoconhecimento Psicanálise

Calar é a solução?

Escrito por Ana Racy

Nesse artigo eu gostaria de abordar um assunto que tem me chamado a atenção ultimamente: o calar.  Muitas vezes ouço pessoas dizendo que se calaram frente a determinadas situações e depois começaram a se sentir mal.

No entanto, na maioria das vezes as pessoas não relacionam um mal-estar físico a alguma frustração, culpa ou até mesmo uma raiva que tenha sido engolida. O que tenho visto é um nível de insatisfação muito alto e isso chega a impedir as pessoas de visitarem o seu interior para identificar a origem dessa frustração. 

 Seria interessante perguntarmos a nós mesmos porque nos calamos quando nos sentimos desagradados em nossos desejos, opiniões ou pontos de vista. Muitas vezes, fazemos isso por medo de desagradar ao outro ou por necessitarmos do reconhecimento ou aprovação que essa pessoa possa nos dar. 

Outras vezes, calamos para não brigar ou ainda porque temos interesse em alguma coisa. Importante salientarmos que o fato de nos calarmos por esses motivos não nos torna pessoas compreensivas e amorosas. 

 Em termos psicanalíticos, percebemos o egocentrismo existente nesse tipo de atitude, embora possa nos vir à mente que essas são atitudes de pessoas “boazinhas”.

Esse “calar” acontece porque a pessoa busca algum tipo de ganho e não age por amor e respeito.

Porém, tudo aquilo que a boca não fala o corpo sente, como comentamos no último artigo. Uma raiva não elaborada, não digerida e jogada para dentro do corpo, pode alojar-se em nosso estômago, causando queimação e dores. Quando nos sentimos culpados por algo, ficamos fechados em nossa dor, apunhalando nosso corpo todo e toda a dor que sentimos serve para aliviar a culpa. No entanto, isso está longe de ser uma solução.

Muitas vezes não conseguimos chegar à origem dessa culpa ou raiva sozinhos. Precisamos da ajuda de um terapeuta para compreendermos melhor a nós mesmos e a forma como somos tratados, para que isso não nos cause nenhuma desarmonia. 

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A partir do momento que passamos a perceber as coisas com os olhos da compreensão, sentimos o apaziguamento interno, permitindo que o nosso lado emocional fique em paz. Quando entendemos que cada pessoa só pode agir e reagir dentro da sua possibilidade de compreensão do mundo, não criamos expectativas de que ela faça de uma maneira, de outra ou da forma como gostaríamos.

Sabemos que ela só faz o que pode fazer. Exatamente como nós só fazemos aquilo que podemos fazer. Isso ajuda a entender que tudo está certo, no tempo certo e no lugar certo, ainda que o nosso desejo fosse de que tudo fosse diferente. Aprendemos que não é o nosso desejo que domina o mundo, que as frustrações servem para nos fortalecer e que o perdão existe para ser usado. 

Portanto, se desejamos viver bem, é preciso aprender a compreender, perdoar e amar. Tratarmos nossas feridas pelo entendimento dos porquês. Que nos calemos por amor e respeito ao outro e não em proveito próprio. Dessa maneira, o “calar” será usado de forma empática e nós, nos tornaremos seres saudáveis física, emocional e espiritualmente.

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Fica aqui mais um convite para refletirmos nos benefícios trazidos pela mudança. Somos os únicos com poder suficiente para decidirmos a hora do “basta!” em nossas vidas. Basta de dores, mágoas, rancores, ressentimentos e sentimentos afins. Fomos criados para a felicidade e somos os únicos responsáveis pela tal felicidade em nossas vidas.

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br