“Spes messis in semine” (Provérbio latino que significa: “A Esperança da colheita reside na semente!”
A excelência do fruto do amanhã – a “integralidade do ser” e a sociedade humanizada decorrente – resultará da qualidade do plantio de hoje: do solo mais fértil, da melhor semente e da semeadura consciente.
Qual o solo mais fértil, no seio da humanidade, senão a alma virgem de uma criança, cujo potencial é infinito, as possibilidades sem limitações, a criatividade sem barreiras, o julgamento sem preconceitos e a vocação sem restrições? Esse ambiente de pureza e sacralidade expressa a perfeição do ser humano ao nascer, a pedra mais preciosa que se pode encontrar entre os homens, em seu estado primitivo.
Pais e mães, que responsabilidade! Se o DNA e a síntese das experiências de vidas passadas, por si só, indicam o pré-roteiro de uma vida, cabe a vocês, pais, inseminar nela o potencial de desenvolvimento e sustentabilidade dos atributos cosmicamente por ela herdados: a liberdade, a responsabilidade, a criatividade, o julgamento e a vocação. Só assim estará assegurado o ambiente ideal em que o ser cumprirá com efetividade suas missões neste plano: a do aprendizado e do serviço.
O cumprimento efetivo do papel dos pais requer amor e sabedoria. Mas, o amor instintivo, natural, protetor, nutridor e adestrador, quando condicionado pela cultura, pede a contrapartida da submissão e da obediência aos padrões de comportamento familiar e social, impostas pelos pais, a partir de convenções sociais e religiosas, que, por serem convenções são também rígidas e não negociáveis. No contexto deste amor instintivo condicionado, o filho é preparado para adquirir os valores sociais de elite, no nível dos padrões econômicos e culturais dos pais: comportamento precocemente disciplinado, amigos com valores e classe social semelhantes, escolas tradicionais, comportamento social irretocável, e respeito incondicional a qualquer hierarquia socialmente reconhecida, cuja organização garanta, mediante vinculação, a aquisição dos valores religiosos, sociais ou econômicos almejados.
Assim, o filho é preparado para atender a expectativa geral da sociedade, e para competir, com determinação, por conforto, riqueza e poder, de cuja conquista o amor egoísta dos pais reclama para si o reconhecimento: dos filhos, dos familiares e da sociedade. Quanto à rebeldia dos filhos, “ela é típica da idade: são apenas crianças, não têm compreensão do que é a vida”.
E, assim, a criança cresce e torna-se um adulto, tendo assimilado todos os padrões que lhe foram impostos, renegando sua criatividade, suas diferenças, suas tipicidades, seus julgamentos e sua própria missão natural. Ao educar “para a sociedade”, os pais acreditam que “ o filho ser diferente é um fator de exclusão social, problema este que deve ser corrigido por uma terapia de adequação, visando o reenquadramento aos padrões aceitos e praticados pela sociedade”.
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Ora, a sociedade é um meio e não um fim. Assim a reconhece o amor “ intuitivo”, ou amor-sabedoria, que não renega, mas conscientiza e direciona o amor instintivo nascido do ego inferior, e muitas vezes, a ele devotado. O “fim”, na educação de uma criança, não é a sociedade, mas o ser em si mesmo, como indivíduo e como humanidade. Os valores sociais, que não sustentam valores humanos autênticos, devem ser descartados.
Educar, não somente para a sociedade, mas principalmente para a humanidade, desperta o potencial de contribuição para o aprimoramento dos valores sociais e, portanto, para a formação de uma sociedade consciente e humanizada, a colheita cuja esperança reside na semente.