Você sabe o que é utopia? Sabe para que ela serve? Vamos conversar um pouco sobre essa palavrinha? Antes de tudo, faz-se necessária a definição do termo “utopia”. Para isso, lançaremos mão de um texto do renomado sociólogo brasileiro Pedrinho Guareschi, extraído de seu livro “Sociologia Crítica – Alternativas de Mudança” (2002, p. 162-163). Ei-lo: “Utopia é a qualidade do ser humano ainda não embrutecido pela fraqueza ou pela realidade tremenda. É a liberdade que o homem se reserva de opor às situações decepcionantes e injustas uma força contraditória: a esperança. Esperança de que aquilo que não é, não existe agora, pode vir a ser, tornando realidade presente aquilo que precisa acontecer. A utopia é a imaginação criadora, existente, que faz presente o futuro real, a partir do presente passível de ser transformado e melhorado”.
Segundo Guareschi, há diferença entre profecia e utopia. Ei-la: “A profecia é visualização do não sabido, do desconhecido. A imaginação utópica é a projeção do sabido, do consciente. A utopia luta pela materialização de um desejo presente. Ela ‘projeta’, isto é, ‘lança adiante de si’ as coisas que devem acontecer e poderão acontecer se o homem quiser. A imaginação utópica dá à luz o que já está presente no seio das coisas”.
Ainda segundo o mesmo autor, há diferença também entre burocracia e utopia. Ei-la. “Para os burocratas, só é bom o que é presente e só são possíveis mundos inteiramente ordenados e previsíveis; eles veem no exercício da imaginação utópica um perigo a suas vontades totalitárias. Para os utópicos, a imaginação é uma função própria e constante do ser humano, que deve ser exercida a todo momento, na escola, na política, na vida amorosa. Num mundo em que, pela vontade consciente de alguns e pela omissão da maioria (como demonstra a insânia nuclear, a ‘pacífica’ e a militar), o homem vem demonstrando, senão uma tendência para o suicídio, pelo menos uma resignação com a possibilidade do aniquilamento total, é importante agitar a ideia multicolorida da utopia”.
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Por fim, e não menos importante, o autor convoca-nos a sermos utópicos: “Não nos deixemos amarrar e aprisionar pelo que está aí. O que está aí é apenas a parte da verdade e da realidade. O futuro também faz parte da verdade e da realidade. E o futuro está sendo gerado no presente. Depende de nós fazê-lo nascer, torná-lo presente. Tudo é possível a quem quer. Essa a nossa consciência, a nossa convicção. O futuro nos pertence. O impossível não existe para nós”. O convite está feito: sejamos utópicos, exijamos o impossível!