Ao nos olharmos no espelho, o nosso Eu parece fugir à nossa percepção. O Eu não pode ser visto pelos olhos, nem mesmo ser tocado pelas mãos, muito menos ouvi-lo com nossa audição. Então, como conseguimos perceber o Ser? E como podemos dizer que de fato o Ser existe?
O Ser acontece no corpomente e de fato não está limitado aos contornos físicos do seu corpo, ou psíquicos da sua mente. Não somos apenas experiências ou parte do corpo, nem apenas pensamentos e emoções, mas sim estamos em cada parte e em todos elas.
Se de fato isso é verdade, então buscar o Eu dentro de uma forma limitada e restrita aos contornos físicos e psíquicos é equivocado, afinal, se Eu não tenho um limite definido, por que lutar pelo “meu”?
O Yoga nos mostra que o Ser é ilimitado, ou seja, não está preso ao corpomente. E mesmo sendo ilimitado, está presente em tudo: nas manifestações da natureza, nas emoções diárias, nos pensamentos, nas sensações, etc.
Um texto antigo nos ensina que “aqueles que percebem a si próprios, não como corpo ou mente, mas como o Ser ilimitado, o divino princípio da existência, encontram a fonte de toda felicidade e residem nela”.
De tal maneira, o Yoga propõe uma mudança de visão, na qual entendemos que todos temos uma perspectiva em relação à tudo, sobre nós mesmos e sobre a vida. No dia a dia é fácil observar como cada um tem um olhar diferente.
Pense por exemplo numa praia, pensa nas pessoas que estão ali. Cada uma, escolhe estar atento a algo, a uma parte diferente da paisagem e dos acontecimentos: os surfistas estão de olho nas ondas, apreciando os ventos e as correntes, mas não se interessam pelos peixes, estes chamam toda a atenção dos pescadores.
As mães que estão por ali nem percebem as ondas ou os peixes, estão apenas atentas as brincadeiras de seus filhos na beira do mar. Já as crianças nem percebem o que está ao redor delas, mantem-se atentas apenas aos seus castelos de areia.
Se desejarmos que nossa vida seja vivida com plenitude e felicidade real, e que seja digna disso, é preciso que aceitemos as pessoas como elas são, cada uma com suas preocupações, suas satisfações pessoais e necessidades básicas.
Nesse sentido, é importante que aceitemos com gratidão tudo aquilo que a vida nos oferece no hoje, sem nos preocupar em como as coisas deveriam ser, e aceitar tudo e todos como um presente da vida em prol do bem de todos.
O que quer que seja, é evidente para nós. Tudo aquilo que os olhos veem se torna evidente. Você é, e por isso brilha. O seu brilho ilumina tudo à sua volta. E você não precisa ser iluminado por outra consciência para ser, pois você já é. Você é autoevidente. A sua existência é autoevidente, pois a consciência é a única que consegue brilhar por si mesma.
Os objetos na criação se tornam evidentes para você a partir de cinco meios de conhecimento, pelos quais você pode dizer que as coisas são e que elas existem.
Os cinco meios de conhecimento são:
- Percepção
- Inferência
- Inferência complexa
- Constatação da ausência
- Ilustração
Mesmo quando dizemos “isto foi”, para nos referir a algum evento do passado, fazemos isso no presente, desde o presente. Quando você diz que sente fome, sente, quando você tem emoções e experiências, conhecimentos e ignorância sobre todas as coisas.
Tudo está evidente para si. Você é a testemunha que percebe as coisas. Portanto, é impossível dizer que algo exista sem ser percebido para um dos meios de conhecimento.
Agora, será que você existe ou não? Por qual desses meios de conhecimento é que você existe? Qual dos conhecimentos você usará para afirmar que você é, que você asti?
“Eu devo existir, pois penso que ninguém poderia se casar com uma pessoa que não existe”.
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Quando você afirma “eu sou”, não precisa de meios de conhecimento para fazê-lo. Você não precisa provar que existe, a existência está no significado da palavras Eu. O corpo está evidente para si. A mente está evidente para si. Assim, o Eu que você é, é autoevidente. E este Eu é, sempre foi e será eternamente, livre e totalmente pleno.
Namaste!