“Não se desespere!”, disse a Voz.
“Até o Sol tem seu momento de renúncia todas as tardes, mas se levanta de novo de manhã!”
O homem respirou, sorriu, reencontrou, em si, a Luz que havia esquecido. G.P.
Gioia Panozzo, pelo desenvolvimento da consciência como caminho da cura.
Estamos inseridos em uma sociedade com princípios conturbados, na qual as pessoas se sentem apreensivas; sentimentos de angústia, ansiedade e medo são as emoções dominantes. As pessoas me incomodam, as coisas não são do meu jeito, não aceito esta situação, tudo isso me perturba, me aflige e me faz adoecer.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) – 1998, “Saúde é um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade.” A doença pode ser definida como um conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde.
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Alguém faça alguma coisa, preciso de ajuda, a solução deve ser imediata, afinal, não quero sofrer, somos intolerantes com o nosso organismo, não aceitamos a doença, não compreendemos por que adoecemos, queremos ficar bem, saudável e encontramos nas farmácias um alívio para cada sintoma. Tomamos remédios sem prescrição médica, outras vezes, infelizmente, com prescrição desnecessária, por atuar conforme o modelo médico vigente, o Patogênico.
A patogênese privilegia a doença; centra-se apenas em seus agentes causais, no modo como os agentes atuam no nosso organismo produzindo as doenças, estudam o adoecimento humano e como evitá-las. Como vimos, a doença pode ser definida como um conjunto de sinais (aquilo que é visível, perceptível) e sintomas (aquilo que sentimos, não visível, não perceptível).
Enquanto médica homeopata, entendo que todo sintoma mental ou orgânico tem uma origem, um motivo, um sentido, que se manifesta na esfera física, emocional, mental. Todo sintoma decorre de um sofrimento consciente ou inconsciente que deve ser elucidado e não suprimido, “calado”, com uso medicamentos, que embora sejam importantes, devem ser prescritos apenas quando necessários e bem indicados.
Contrapondo esse modelo da Patogênese, temos a Salutogênese, termo cunhado por Aaron Antonovsky (sociólogo e médico) que, após estudar o drama de seres humanos submetidos à situações extremas (sobreviventes de campo de concentração nazista, após a Segunda Guerra Mundial), percebeu que as pessoas com alguma bagagem espiritual – seja qual for a sua tradição religiosa – apresentam maior capacidade de autocontrole, de serenidade e mesmo de equilíbrio imunológico diante de situações estressantes.
Esse conceito representou uma mudança de paradigma nas ciências da saúde, que até então buscavam uma explicação apenas para a razão de alguém estar doente (patogênese). Este enfoque na saúde, no equilíbrio como condição existencial é possível, é o que se chama de Salutogênese.
A Salutogênese traz um enfoque contrário ao da Patogênese: ela questiona por qual motivo adoecemos e como vamos tratar a doença. Ela se dirige ao como devemos fazer para nos mantermos sadios e em equilíbrio, mesmo diante dos embates da existência, como manter a harmonia consciente diante dos desafios da vida.
Antonovsky propõe como centro da possibilidade salutogênica do indivíduo o senso de coerência, que é a forma com que o indivíduo encontra a possibilidade de resolver de modo satisfatório e saudável os seus desafios existenciais. Esse tema será abordado em nossa próxima partilha. Nos encontramos.