Socialmente ouvimos falar sobre conflitos, preocupações e inquietudes que envolvem a figura do ser humano, Em meio a esse turbilhão de incertezas, você já se fez a seguinte pergunta: qual é o maior problema do ser humano?
Sem alguma dúvida é o desconhecimento em relação a nós próprios, sobre o próprio ser humano. Vivemos uma vida preocupados com banalidades externas e alheias, acreditando que temos resposta para tudo e que conhecemos as pessoas com quem vivemos, mas, acima de tudo, acreditando que nos conhecemos.
Aqui começa o autoengano e a mentira, pois não sabemos tudo sobre nós. Convido você a refletir sobre quem você é. Se seu nome, sobrenome e identificação forem retirados, quem é você?
É uma pergunta básica, que abre as portas para o autoconhecimento, mas não sabemos como respondê-la.
Desconhecemos outras respostas tão importantes para nós, para o nosso desenvolvimento e para a nossa vida, como: quem somos em essência? Por que estamos neste planeta? Qual é a verdadeira missão? Além de desconhecermos as respostas para outros assuntos mais físicos e fisiológicos, por exemplo: de que está formado o corpo? Como é formado ou que problemas adquirimos quando começamos o desenvolvimento como seres vivos?
Certamente você estará se perguntando qual é a importância destas questões e como elas o ajudarão no seu dia a dia. A verdade é que isso não irá ajudá-lo com algo, mas é fundamental em sua vida, para tudo.
Desconhecer, não saber a verdade, afasta você de quem você é e do seu verdadeiro eu, não desse que você finge ser para procurar a aceitação e a integração em um núcleo de pessoas que você considera próximas.
Desconhecer-nos nos leva a nos afastar de nós, de quem somos, do que sentimos, desejamos e de uma longa listagem de questões que outorgam sentido e fazem parte da nossa identidade. Nos desconectamos e nos perdemos.
Quais são as consequências deste desconhecimento e dessa desconexão?
Desconectarmo-nos nos leva a depender dos outros e a criar padrões de dependência de forma sigilosa, sem perceber, o que nos leva a confiar e a acreditar mais nas outras pessoas, em seus critérios, conhecimentos, sentimentos… Enfim, perdemo-nos e procuramos as respostas em relação a nós e à maneira como vivemos nos outros.
Mas ainda vamos mais longe. Afastar-nos de quem somos nos leva a nos desconectarmos e a nos desconhecermos mais em todas as áreas da vida, como no campo social e nos relacionamos, porque estamos como que procurando fazer parte de alguma coisa, por isso em muitas ocasiões anulamos nossa personalidade; no âmbito dos estudos, escolhemos uma carreira influenciados por nossos pais, pelo contexto social etc., não porque temos a certeza ao analisarmos nosso futuro. Quando nos referimos ao nível laboral, temos “empregos” porque precisamos ganhar dinheiro para sobreviver, mas não trabalhamos por vocação, porque também não sabemos qual é a nossa vocação, por isso há tanta gente insatisfeita com seu emprego. Se analisamos o ambiente familiar, também delegamos nossa felicidade a eles, porque não entendemos que a felicidade nasce em nós e a compartilhamos com os outros. Poderíamos continuar a tecer essa rede de dependências.
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A dependência emocional nos afasta de nós mesmos. O desconhecimento tem um resultado que se resume à perda da própria identidade, fazendo-nos viver em completa ignorância sobre nós mesmos, sobre o ser humano e sobre a verdade a respeito dele.
Vivemos em um círculo vicioso de ignorância e desconhecimento porque não nos questionamos; se o fazemos, não nos fazemos as perguntas certas, porque temos medo de nos conhecer, de saber quem somos, de criar nossa identidade como seres humanos livres e independentes. Em suma, de conhecer a verdade.
Em vez disso, nos deixamos estar em um bucle sem sentido, em que as influências externas e o medo nos guiam, em vez de vivermos focados em nós, com bases firmes no verdadeiro autoconhecimento que nos permita estar em constante crescimento, em vez de pura sobrevivência.
Porque é disso que trata o crescimento pessoal: ter conhecimento sobre si para que seja possível se desenvolver como ser humano e viver uma vida plena.
Roberto Castillo
Membro da equipe da Escuela Integral para el desarrollo humano.