A maioria das religiões não dogmáticas e as filosofias esotéricas, tanto do Oriente como do Ocidente, admitem, mesmo que não explicitamente, que a razão da existência do homem sobre a face da Terra é a oportunidade que a vida lhe oferece para desenvolver sua consciência.
As lições de amor e sabedoria trazidas pelos líderes espirituais, em todas as épocas, tratam de induzir a humanidade ao amor ao próximo, ao congraçamento, à solidariedade, à generosidade, à compreensão das Leis Universais e ao louvor a Deus, cuja concepção depende do estado de consciência de cada um.
Desde os primórdios da humanidade o ser humano tem sido compulsivamente atraído pelo sobrenatural, pelo desconhecido, pelo imponderável, como se a vida material, a realidade prática da simples satisfação de suas necessidades não fosse suficiente para lhe trazer plenitude, sendo os deuses os grandes gestores deste mundo supra terreno que influenciam e julgam cada ato do ser humano sobre a Terra.
O legado da sabedoria milenar sobre os princípios cósmicos universais, compreendidos e observados numa época remota em que o homem se sabia de natureza divina, foi transformado numa visão dogmatizada, dramatizada e poética, mas pouco elucidativa, pelas civilizações mais recentes, particularmente as do Ocidente.
São poucas as instituições religiosas ou espiritualistas que guardam esses conhecimentos em sua estrutura original ou que se dispõem a divulgá-los.
De resto, o que permeia os preceitos das religiões modernas é a simbologia que, como um cofre inviolável, procura reter a essência do verdadeiro conhecimento. No entanto, longe de preparar o discípulo para o entendimento dessa simbologia, as instituições religiosas preferem utilizá-la como dogma, interpretando-a em seu próprio benefício, pretensamente mantendo o poder exclusivo sobre o conhecimento que ela representa, para, com isso, exercer seu domínio religioso sobre os menos esclarecidos.
Ora, o conhecimento sagrado, combustível cuja função é a de induzir o avanço espiritual do discípulo, desprovido de seu comburente imprescindível, o Amor, torna-se tão inócuo quanto o nutriente, cujo metabolismo não ocorre pela falta do oxigênio.
A crença de que a religião deva ser praticada através de uma instituição religiosa é uma imposição da necessidade de se congregar sob um único teto todos aqueles aos quais a “verdade institucional” será proclamada pelos “representantes da divindade na Terra”.
A libertação espiritual depende da convicção de que cada ser humano é um habitáculo da divindade, e portanto, contém em si total competência para o desenvolvimento de sua espiritualidade.
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Religião é um termo de origem latina cujo verbo significa “religar” (o homem a Deus). Só é possível religar, algo que no passado já esteve ligado. O empenho primordial das religiões, portanto, deveria ser o de despertar a consciência dessa ligação que, embora nunca tenha deixado de existir, pois a essência humana é divina, fugiu à percepção do homem por sua excessiva identificação com a matéria.
No entanto, as religiões dogmáticas tratam a divindade como uma entidade distinta do homem, que deve ser adorada, respeitada e obedecida, sob pena de sofrer ele os castigos impostos pelo rancor divino. Como então pedir ao pecador que se ligue a seu algoz?
Em seu significado original, o termo religião pode ser considerado sinônimo de espiritualidade. Mas tendo sido desvirtuado através dos tempos, hoje não seria apropriado utilizá-lo, de forma corrente, para significar o empenho no desenvolvimento da consciência humana.
Autônomo que é, o homem depende apenas de si próprio para o processo de sua evolução espiritual. Os líderes, em torno dos quais as religiões foram criadas, de colossal estatura espiritual, tiveram missões muito mais relevantes que estabelecer instituições destinadas à sua própria adoração.
A presença desses líderes, verdadeiros representantes do plano divino (Avataras), se dá pelo impacto de suas energias cósmicas com os corpos sensíveis de cada ser humano, canalizadas através de seu Eu interior, a individualização da divindade no homem. Nenhuma instituição ou congregação organizada é necessária para que este processo se estabeleça.
Qualquer instituição “religiosa” somente será útil à evolução da humanidade quando se propuser a prover a motivação autêntica, a facilitar o processo evolutivo autônomo e a incentivar o “ousar saber”!
Ao contrário, se chamar a si a propriedade da verdade, e em nome dela, impuser seus dogmas e regras de conduta, esta organização estará apenas criando uma população dependente de sua autoridade, incapaz, portanto de promover a própria evolução espiritual “sustentável”.
Assim, a ninguém é dado o direito de atribuir a responsabilidade pelo despertar de sua consciência a qualquer instituição religiosa, por mais que frequentá-la acalente suas emoções mais profundas. Emoção e êxtase, produzidos em qualquer culto religioso, podem ser resultados autênticos de conexões sutis, mas também de efeitos químicos e de manipulações psíquicas. Em nenhum dos casos, no entanto, são sinônimos de evolução espiritual.
Evolução é transformação! É um processo alquímico, é um processo quântico! É um processo dialético inexorável.