O choque da notícia que vai fazer seu parto hoje, e este bebê será prematuro, primeiramente te faz viver um enorme sentimento de medo, uma aflição que invade nossa vida e ao mesmo tempo um súbito de esperança e felicidade precisa ser alimentado porque nasceu vivo, e a cada novo dia esta vitória precisa-se agradecer.
A primeira gravidez foi de alto risco, mas foi possível esperar os nove meses de gestação. Cinco anos depois da primeira gestação, mesmo tomando medicação levei um susto desesperado quando me dei conta: estou grávida outra vez.
Tudo vivenciado pela experiência e lembranças da primeira gravidez veio à tona, e ainda mais difícil.
Fui gestante com pressão alta, com os sintomas de pré-eclampsia constantes, uma doença pouco reconhecida há 22 anos.
Os inchaços pelo corpo inteiro devido à retenção de líquidos me fez ser gestante sem as doces lembranças das fotografias, algo que tanto amo.
E chegando quase ao sexto mês foi preciso subitamente tirar o bebê, estava já internada em observação, na hora da ecografia que era feita sempre pela manhã para acompanhar o desenvolvimento e situação que o bebê se encontrava foi anunciado: prepara a mãe para a sala de parto…eu ainda pedi: Dr. Guaracy deixa este parto para amanhã que é dia do aniversário da minha mãe!. Um neto seria um presente. Ele olhou friamente e respondeu: amanhã nem sei se você acordará viva, imagina o bebê…foi desesperador.
“Como seria maravilhoso se esta fosse a única regra: o melhor “tempo” para nascer, é o tempo do bebê!” Mas não é bem assim não!
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O meu pequeno guerreiro enfrentou desafios desde aquele, hospitalizado o tempo todo, injetado com medicação para fazer amadurecer os órgãos vitais: pulmões, coração, e ainda ter forças para sozinho adquirir defesas naturais com o mundo exterior que lhe chegava antes do tempo, além de icterícia, baixo peso, problemas de respiração…
O sofrimento de tê-lo à distância, amá-lo sem tocar diariamente, não sentir o toque do seu coração.
Tive o privilégio de pelo menos ficar no hospital, eu também estava em risco pós-parto. Foram mais de trinta dias de aflição.
Quando chegou o tempo de voltar para o lar, as dificuldades rotineiras de tirar leite numa máquina e amamentar com um copinho para não forçar o pulmão, a mamadeira seria prática, mas iria afastá-lo de sugar o peito, e ainda esperar que este ser tão frágil, alimentado de maneira tão complicada, ainda ganhasse peso, perda e ganho de peso são oscilações de bebês, imagina para um bebê prematurinho, de baixo peso, que não pode perder um grama? Isso foi um dos maiores desesperos…continua e será para todos eles…mas cada dia era muito agradecido porque meu bebê enfrentava tudo como superação na luta para sobreviver.
Ser mãe de um bebe prematuro é confiar em Deus que vai dar tudo certo e ser também uma guerreira, perseverante, ser forte mais que qualquer mãe, porque seu filho foi lhe tirado do ventre antes do tempo e só o Criador tem explicação.
E assim são os bebês prematuros, vencedores das primeiras batalhas nesta jornada chamada VIDA!
E hoje escrevo com alegria, que apesar da sua prematuridade, o desenvolvimento foi totalmente normal, muito mais que esperado, está um jovem saudável, inteligente, para nossa gratidão.
(meu bebê prematuro João Paulo nasceu em 05/08/1997 com 1.450 g.)