Completando mais uma volta na Roda do Ano Celta, chegamos à celebração de Yule, correspondente ao solstício de inverno no hemisfério norte.
É a última festa “menor”, correspondente aos equinócios e solstícios, que marcavam a trajetória do Sol pelo céu, de vital importância para a sobrevivência destes antigos povos.
A observação dos ciclos celestes trouxe a compreensão de que tudo está sujeito a ciclos constantes: o plantio, a gestação, o nascimento, o auge das forças, seu declínio gradual, a velhice e o desaparecimento, que logo em seguida daria origem a um novo nascimento.
Yule é a noite mais longa do ano. A partir desta data, o Sol vai começar a se aproximar da terra, trazendo de volta a luz e o calor. Para as religiões antigas, era como se a deusa desse à luz o “deus-sol”, a “criança prometida”, voltando a trazer esperança. Esta data deu origem ao Natal, que se apropriou do simbolismo do renascimento.
Habitualmente eram trazidos para dentro das casas um pinheiro, simbolizando a continuação da vida (pois o pinheiro mantém a cor verde das folhas no inverno). Os celtas somente a cortavam após pedirem sua permissão, pois nela residia o Espírito do deus-sol. No Reiki Celta, Ailim, o pinheiro (ou o abeto-prateado) favorece a imersão mais profunda na sabedoria Celta. Usado para purificar a alma e os ambientes, de fragância agradável, a energia de Ailim favorece a introspecção, os insights, integrando a pessoa com seu real propósito de vida. O pinheiro era considerado um exemplo da eternidade dos ciclos da vida e das estações, representando a Luz e a Esperança mesmo em tempos de trevas, e a promessa de renovação após longos períodos de dificuldades. Como esta árvore é muito resistente, os celtas a ligaram à ideia de resistência, longevidade, persistência e determinação.
Também Tinne, o azevinho, era usado pelas mesmas razões para decorar o lar. No Reiki Celta, o arbusto era considerado também um símbolo da vida eterna. Podia assumir tanto uma energia masculina como feminina. Seus frutos são vermelhos, contrastando com as folhas verde-escuras. Segundo os antigos celtas, plantar um azevinho perto da casa a protegeria contra raios, trovões e espíritos maléficos. Com sua madeira eram fabricados cabos para ferramentas, rodas para carruagens, lanças e amuletos de proteção.
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No calendário celta, esta época do ano era regida por Ruis, o sabugueiro, cujas propriedades mágicas eram a transformação e regeneração. Por brotar facilmente de ramos danificados, esta árvore representava, para os celtas, o ponto onde vida e morte se encontram e onde os ciclos se completam: a Vida na Morte e a Morte na Vida. Varinhas mágicas para encantamentos eram feitas com a sua madeira, que tinha o poder de afastar espíritos maléficos ou formas-pensamento. Representava a velhice, onde a face da “sábia anciã” da deusa era reverenciada, pois com seus conhecimentos ela poderia guiar os seres através dos labirintos da vida. Esta era a época de se desfazer de tudo que não possuísse mais serventia, dando lugar para que viesse o novo.
Através da roda do ano, podemos observar que os antigos viviam em uma perfeita sincronia com os ritmos da natureza Seria bom que nós, hoje cercados por tanta artificialidade e tecnologia, pudéssemos resgatar nossas origens ancestrais, trazendo um equilíbrio entre o progresso e o respeito pela Terra.
Referências
Reiki Celta, Antiga Sabedoria para os Tempos Atuais – M. Tereza do A. G. O. Ramos – AGbook, 2019, SP.