Você costuma sentir azia? Aquela sensação de queimação após ingerir determinado alimento. Ou quem sabe você sofre constantemente com problemas de má digestão ou dores no estômago? Se você se identificou com alguma dessas opções, saiba que você pode ter gastrite.
Doença considerada comum, com mais de 2 milhões de casos por ano somente no Brasil – segundo informações do Hospital Israelita Albert Einstein –, a gastrite vem cada vez mais acometendo pessoas ao redor do mundo. O motivo? São vários os fatores que podem desencadear essa doença. Desde má alimentação, uso de medicamentos, consumo de bebidas alcoólicas, até questões emocionais e do sistema nervoso. Mas você já ouviu falar em gastrite alérgica? Sabe como e por que ela ocorre? Continue lendo e tire todas as suas dúvidas sobre gastrite e seus principais tipos.
Tudo sobre gastrite alérgica
O que é gastrite e suas variações
Gastrite é uma doença que consiste na inflamação, erosão ou irritação da mucosa do estômago (paredes internas que revestem o órgão). Ela tem dois tipos principais, que são baseados no seu tempo de duração: gastrite aguda (dias ou semanas) e gastrite crônica (meses ou anos). Além do fator tempo, existem variações que especificam um pouco mais a área acometida pela doença, assim como suas causas e sintomas. Confira um pouco mais sobre os tipos de gastrite:
Gastrite aguda
Esse tipo de gastrite causa grandes incômodos repentinos, porém duram pouco tempo. Geralmente, a gastrite aguda ocorre quando uma bactéria chamada Helicobacter pylori – conhecida como H. pylori – está presente no organismo, mas também se manifesta a partir do consumo excessivo de gorduras, de alimentos apimentados e de anti-inflamatórios.
Gastrite crônica
Definida a partir do seu longo tempo de duração, a gastrite crônica apresenta sintomas que aumentam com o tempo, juntamente à inflamação e à irritação da mucosa estomacal. O quadro da doença é uma crescente: vai da fase inicial, intitulada de gastrite leve, que consiste em apenas uma parte da mucosa do estômago afetada, até a fase avançada, conhecida como atrofia gástrica, que consiste em praticamente toda a mucosa do órgão afetada, podendo evoluir para úlcera ou até mesmo câncer.
Essa variação de gastrite também pode surgir da presença da H. pylori, mas em alguns casos pode ser resultado do próprio sistema imunológico do paciente, que por algum motivo errôneo tende a “achar” que há alguma ameaça em seu estômago.
Gastrite nervosa
Muito se ouve falar sobre gastrite nervosa, mas essa variação da doença não é diagnosticável por meio de exames de imagem e de laboratório – enquanto as outras o são. Esse termo é utilizado quando um paciente sente os sintomas comuns de gastrite, mas não apresenta nenhuma alteração na mucosa estomacal. Automaticamente, associam-se fatores do sistema nervoso a tais desconfortos, que logo desaparecem com o tempo.
Gastrite alérgica
Esse tipo de gastrite não é desencadeado por bactérias nem pelo sistema nervoso. A gastrite alérgica resulta de um reflexo do sistema imunológico do paciente, que acaba aumentando as células que defendem o organismo de possíveis infecções – chamadas eosinófilos. É como se o próprio organismo tentasse se defender de algo que não existe e assim acaba promovendo os desconfortos estomacais idênticos aos dos outros tipos de gastrite.
Gastrite alérgica ou emocional, entenda a diferença
Assim como a gastrite emocional ou nervosa, a gastrite alérgica é caracterizada por dor estomacal intensa, azia, náuseas e vômitos. Porém sua causa está relacionada à reação que se dá quando há a ingestão de algum alimento que cause alergia àquele organismo.
Nesses casos, há um aumento do número de eosinófilos, células de defesa do sangue, na parede gástrica, indicando assim que foi detectado algum processo alérgico pelo sistema imune. O diagnóstico é realizado por meio de uma biópsia durante a endoscopia.
Essa inflamação é bastante rara e, portanto, só deve ser considerada em pessoas com histórico de alergias e após exames e testes apropriados. A gastrite alérgica é tratada a partir do uso de medicamentos como corticoides.
Já na gastrite emocional, não há qualquer alteração na mucosa gástrica, e seu diagnóstico é feito por exclusão. Ou seja, se durante o exame de endoscopia não for identificado sinais de inflamação, mas ainda sim o paciente sofre com os sintomas clássicos da gastrite, a hipótese de gastrite emocional ganha força.
Jovens, principalmente do sexo feminino, são mais suscetíveis a esse tipo de gastrite. Mudanças repentinas de hábitos, como sedentarismo, consumo de alimentos industrializados e gordurosos, e períodos de estresse ou ansiedade na vida da pessoa provocam um aumento dos ácidos do estômago, causando essa condição.
Sendo assim, a única maneira de descobrir se a gastrite é alérgica ou emocional é consultando um profissional gastroenterologista. Só após os exames e o diagnóstico correto é que o tratamento pode seguir de maneira adequada.
Sintomas de gastrite
Mesmo que haja diferentes tipos de gastrite, os seus sintomas são basicamente os mesmos. Confira os principais desconfortos causados pela doença:
- Azia
- Sensação de queimação
- Má digestão
- Náuseas
- Vômito
- Sensação de comida “entalada” no esôfago
- Refluxo
- Dor no estômago
- Arrotos frequentes
- Cefaleia
- Fraqueza
- Presença de sangue nas fezes
- Mal-estar
- Insônia
O que pode causar a gastrite?
Uma das principais causas da gastrite é a fragilidade da barreira responsável por proteger a parede do estômago, permitindo assim que os sucos gástricos danifiquem o tecido estomacal. Tal fraqueza pode ser uma das consequências da presença da H. pylori, mas existem muitos fatores que facilitam irritações e inflamações no local. Atente aos principais causadores da gastrite:
- Consumo excessivo de alimentos gordurosos, temperados ou ácidos.
- Excesso de bebidas alcoólicas.
- Falta de mastigação dos alimentos.
- Má conduta alimentar.
- Ingerir grande quantidade de alimentos durante a noite, antes de dormir.
- Uso constante de anti-inflamatórios.
- Tabagismo.
- Excesso de estresse.
- Consumo de alimentos mal lavados.
- Drogas.
Tratamento
O tratamento varia de acordo com a causa e com o tipo da gastrite. Se você sente alguns dos sintomas citados, recomendamos que busque imediatamente um médico gastroenterologista. Somente um profissional fará os exames para obter um diagnóstico e somente ele poderá lhe recomendar o melhor tratamento. Evite se automedicar, pois ingerir medicamentos sem prescrição médica pode apenas aliviar os sintomas, não a causa do seu problema, o que pode causar complicações e gravar seu estado de saúde.
A maioria dos tratamentos para gastrite é medicamentosa; mas, juntamente a eles, alterar os hábitos alimentares é importante para que o seu estômago se recupere e volte a ser saudável.
Hábitos alimentares e gastrite
Como a gastrite é uma doença que afeta diretamente o estômago, devemos atentar aos alimentos que consumimos em nosso dia a dia. Grande parte das irritações estomacais é consequência da má alimentação e do consumo excessivo de determinados produtos. Confira a seguir alguns passos para manter a saúde estomacal:
Respeite os horários das refeições: não fique muito tempo sem comer e evite longos intervalos entre as refeições. De preferência, tome café da manhã, almoce e jante.
Mastigue bem os alimentos: a maioria das pessoas com gastrite come rápido demais. Isso significa que elas mastigam rápido também. Como a digestão começa na boca, é imprescindível que você mastigue bem os alimentos e que faça suas refeições com calma.
Higienize os alimentos: evite consumir alimentos contaminados. Para isso, você precisará higienizá-los muito bem.
Mantenha uma alimentação saudável: coma frutas, verduras, legumes e carnes magras.
Evite industrializados: tire do seu cardápio produtos industrializados e prontos. Prefira alimentos frescos e nunca reaproveite óleo de cozinha.
Menos gordura: a gordura é inimiga da digestão. Evite alimentos gordurosos, pois, além de prejudicar o seu estômago, a gordura se “instala” nas suas artérias e faz com que o organismo produza substâncias cancerígenas.
Não coma muito durante a noite: pegue leve no jantar e nunca coma durante a madrugada. A alimentação da noite deve ser a mais leve possível, pois os desconfortos da gastrite ficam mais intensos durante esse período.
Além de manter uma alimentação mais regrada, você pode recorrer a alguns chás e sucos naturais que lhe auxiliarão na digestão e fortalecerão o seu organismo. Confira algumas dicas de chás e sucos para gastrite:
Suco verde – salsinha e couve
A salsinha e a couve têm alto teor de clorofila – uma substância muito benéfica ao estômago, que é cheia de vitaminas, oxidantes e zinco – por isso um suco com esses ingredientes será um grande aliado contra a gastrite. Para o preparo, você precisará de 15 folhas de salsinha e 2 folhas de couve. Bata esses ingredientes com uma polpa de fruta de sua preferência e acrescente uma colher de sopa de linhaça germinada e 300 ml de água. Beba sem coar.
Suco de Aloe vera
Popularmente conhecida como babosa, a Aloe vera é um poderoso cicatrizante natural, que alivia a irritação causada pela gastrite. Para fazê-lo, você precisará do gel de 2 folhas de Aloe vera. Bata-o em um liquidificador com 4 colheres de sopa de água e beba diariamente em jejum ou sempre antes de dormir.
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Chás
Os chás mais indicados para o alívio dos sintomas da gastrite são: hortelã, alecrim, camomila e espinheira-santa. Utilize uma colher de sopa de uma dessas opções para 250 ml de água, coe e beba 30 minutos antes de suas refeições.
É importante ressaltar que, quando qualquer sintoma persistir, você deve procurar um médico. A partir de uma consulta, mudar seus hábitos alimentares e consumir produtos que auxiliem na saúde do seu organismo farão com que você restabeleça as funções e as atividades normais do seu estômago, evitando qualquer tipo de irritação ou inflamação nele. Fique sempre atento aos sinais do seu corpo e lembre-se: quando não tratada, a gastrite pode evoluir para úlcera e até mesmo para câncer.