Quando o autor pede desculpas pelas possíveis incertezas no que escreveu:
Meus livros são pedaços de mim que vão ficando por aí, como legados para outros viajantes por estas bandas da vida que, como eu, precisam colher aqui e ali pedacinhos de saberes, de modo que possam transitar com alegria, esfoladuras e escoriações suportáveis, a par de imenso apetite para viver e sentidos muito aguçados para o deslumbrante mundo em que vivemos.
Aprendi que complicado na vida são as equações matemáticas, o cálculo diferencial e integral, a Tabela dos Periódicos e a conjugação dos verbos regulares, irregulares, defectivos, abundantes e anômalos, além das insondáveis regras para se definir um bom vinho, dentre vasto repertório de complicadores da efemeridade de nossas vidinhas. Para que, afinal, complicar ainda mais as coisas e virar as costas para os cenários em que se encontram respostas muito interessantes para as indagações da vida, menos aquela história de “de onde viemos e para onde vamos” (bem…no fundo, bem no fundo todo mundo sabe, mas não enfrenta a dureza de tão magnífico saber, não é verdade?).
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Meus livros pouco trazem da autoridade da cientificidade. Eu os escrevo e pronto. Não vou buscar justificativas nos doutos depositários do saber, escrevo e pronto. São observações do dia a dia, durante as quais me ponho de olho no que fazem as pessoas e deixo que meus ouvidos absorvam os ditos, confiando que lá no fundo da mente certamente há bilhões de neurônios desocupados que deverão cuidar de processar tanto ver e ouvir, e com eles, aprendo o que dizer, e sem que saibam, guardo para mim o mais saboroso do que produzem e escondo nos potinhos da memória, como se guardam moedinhas para uso futuro numa emergência qualquer. Assim sigo colhendo o que, em dado momento, imprevisível como o voo das borboletas, está tudo prontinho para ser costurado num texto e composto em mais um legado. Tenho certeza de que alguém, mesmo que apenas um, deverá ler o que as costuras uniram e ajeitar algo em sua vida. Nunca saberei, mas só de pensar nessa possibilidade já vale a pena o trabalho de extração dos potinhos e paciente costura.
O livro começou como o que farei novamente nesses dias de outubro de 2019: é preciso recomeçar uma empresa, engolida pelos anos de recessão e de pessoas de maus bofes e pela direção do nosso trêfego país. Antes do recomeço de agora, houve um recomeço ali, pelo meio do verão do ano 2.000, ocasião em que se soube que o mundo não acabara, segundo as interpretações dos profetas das sombras, mas que era preciso refazer uma pequena empresa de consultoria, resgatando-a de um projeto que se esgotou. E tanto naquela ocasião como agora, recomeçar foi e é um ato de zerar o que não passa de passado (gosto dessa expressão…), começar para valer de quase nada e seguir em frente.
Este livro é um ato de desapego do que não serve mais e de busca de não apenas uma releitura ou uma revisão do que foi feito, como alguém que tenta encontrar nos escombros algo que tenha valor: recomeçar, para esse autor, é uma atitude de coragem para largar para trás o que não deu certo e de construir o avião com ele em voo!
Antes do ponto final, lá adiante, espero que já esteja em você, caro(a) leitor(a), instalado o frenesi de uma aventura em que tudo é 100% você: o roteiro, o protagonismo e o final feliz!
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