“Assim, mais ou menos.”
Eu perguntei se namorávamos.
Ele disse:
“Mais ou menos.”
Peguei minha bolsa e nunca mais o vi. Não olhei para trás. Só bati a porta.
Eu poderia ter ficado, poderia ter falado, ter dito algo. Mas já não havia sido dito?
Todos os meses que ficávamos juntos, todos os jantares, todas as juras?
Os gestos não haviam ditado quem seríamos no futuro?
Mais ou menos?
Acontece que para mim já não cola essa história. E é óbvio que se quisesse apenas uma curtição tudo bem. Mais ou menos, vamos nessa, deixar rolar.
Mas é chegado o momento em que isso não rola.
Eu quero tudo ou nada. Se for nada, tudo bem, vida que segue, quem quiser ficar que fique. Mas quero tudo. Quero, parafraseando Drummond: “Fogo que arde sem se ver”.
Quero arder, fuego. Deixar marinar e aquecer toda essa minha alma que clama por isso. Não poderia me contentar com um mais ou menos. Foi-se o tempo, foi-se…
Sabe o que queria ter ouvido? Ou melhor sentido?
Você me pegando por todo meu corpo voluptuoso, me jogando naquela mesa e dizendo que éramos para casar, que eu era a mulher dos seus sonhos.
A última fala saindo de sua boca que gostaria de ouvir era “mais ou menos”.
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Ninguém gosta de café mais ou menos, ou você toma frio ou quente. E acredito que essas escolhas devem ser levadas para os outros âmbitos de nossa vida.
Você não tem de aceitar nada mais ou menos.
Ninguém quer ser feliz mais ou menos.
Viver mais ou menos.
Se alimentar mais ou menos.
Rir mais ou menos.
Até mesmo chorar mais ou menos.
Ou quem sabe ser triste mais ou menos.
É necessário perceber que ninguém é obrigado a amar ninguém, mas as coisas devem estar claras.
Com a idade, ter clareza na vida é mais importante que as incertezas daqueles que não sabem o que querem.
Vamos olhar todos para dentro e também dessa forma perceber se estamos sendo claros com o que queremos e como tratamos os outros.
Vamos fazer o possível para deixarmos de levar a vida mais ou menos.
Não tratemos os sentimentos dos outros de forma trivial, sejamos honestos para com eles. Não se pode cobrar aquilo que não se dá.
Uma senhora budista certa vez em uma palestra disse algo que ficou ecoando para todo o sempre na minha mente:
“Se doeu, pega para você que é seu”.
E não é verdade?
Eu te amo!
Sinto muito!
Sou grato!