Ter, eventualmente, pensamentos e emoções ditas disfuncionais pode ser ótimo, desde que este estado de alma o leve rumo ao “mais” – desde que isso seja para você o limão para fazer a limonada. Tenho dito aos meus clientes: a felicidade está no tempo; no quanto de tempo você gasta na sua dor chupando limão. Dez minutos, dez meses ou dez anos? A pessoa que diz: “Sabe, estou bem magoada com isso e aquilo” e, contudo, não faz nada depois disso, vive mal, muito mal.
Esse tipo de postura demorada na mágoa encaminhará você para o “menos”. Bem como aquele que sente raiva por algum motivo e consegue transformar essa emoção em impulso é alguém encaminhado para o “mais”. Esse conceito de “ir para o mais” e “ir para o menos” aprendi em uma das imersões que fiz. Bert Hellinger também usa algumas expressões bem parecidas. Ele sempre pergunta aos seus clientes: “Esse tipo de demanda e objeção o leva para um lugar de mais força ou menos força?” Bert nos ensina a sentir o que tem “mais força” e o que tem “menos força”.
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Às vezes uma pessoa pensa que está se posicionando e se expressando, mas na verdade ela está aprisionada em um lamento. Frases do tipo: “eu não acho isso justo”, “eu não concordo de forma alguma”, “isso precisa ser feito de tal e tal jeito ou vou embora”; frases desse tipo, muito categóricas e usadas para quase todas as situações do cotidiano, indicam um perfil mais inflexível e menos adaptativo. Percebo isso conversando com amigos e clientes. Ser adaptado soa como ser acomodado e isso gera um certo desconforto.
A fim de combater a “acomodação”, essas pessoas brigam, brigam e brigam. Elas precisam se posicionar, por medo de serem taxadas de “em cima do muro”. Elas pensam que estão tomando alguma atitude e agindo de forma positiva, mas esses são caminhos de “menos força” – pelo menos é isso que eu sigo percebendo. A longo prazo a bateria acaba e o sujeito já não se sustenta mais em pé. O nível de esgotamento fica altíssimo!
Há uma sensação de movimento, uma espécie de ilusão de ótica da nossa alma. Tipo pastel frito inchado de ar quente. Parece recheado e cheio, mas é quase vazio. Quase. Chamamos isso de movimento substitutivo. É uma pseudoação (é fake, falseada, é rodar em círculos). Protela-se o problema, adia-se a celeuma, mas não se resolve nada daquela questão. Se tem uma coisa que tenho aprendido com as Constelações Familiares e sua filosofia prática é que o sofrimento precisa ser acolhido e olhado. Quando a gente compreende a dor como algo poderoso e aurífero, a gente extrai lições muito impactantes que nos servem de apoio em momentos complicados.
É isso. Não há como nos imunizarmos dos infortúnios e dos sofrimentos inerentes à vida, pois entramos na nave e as regras do jogo na embarcação são essas. Alegria e tristeza andam juntas, e pronto. Nossa alma ganhou inteligência em algum ponto da evolução, mas ainda não somos mestres quanto a seu manejo. Com a inteligência ganhamos também, quase que como um forte efeito colateral, uma montanha de emoções que nos atordoam muito e ainda não sabemos lidar com todas elas. Sabe quando tomamos um medicamento para o coração, mas ficamos zonzos e enjoados? Penso que esse foi o preço. Tem sido o preço. Mas estamos a caminho e aprendendo do jeito que nos é permitido fazer. Há sempre um caminho!