Capítulo 1 – INTRODUÇÃO AO RECOMEÇO
Este é um bom começo para este quase livro. Digo “quase” porque de tal forma simples, objetiva e despretensiosa quanto a ser palavra final, pode até ser chamado de “livro”, mas não importa, o texto é honesto e limpo como a frase acima que dá o tom de “bom começo”.
Ninguém dispõe da máquina do tempo e as leis da Física não toleram violações, simplesmente não se deixam levar pela vontade humana: não volta no tempo e muito menos se desfaz o que foi feito ou se faz o que não tenha sido. Passou, passou. Restam apenas lembranças, saudades, o que lamentar e muito aprendizado. Resta, ao cabo de tudo, recomeçar para um fim melhor, como disse muito melhor que eu diria o saudoso, Chico Xavier.
Recomeçar, no escopo dessa publicação (melhor, esse nome, não?) não é começar do ponto em que se parou e nem seguir fazendo e refazendo o que foi feito. Nada de autoenganos ou de comportamentos de consolo, e muito menos nada de fatalismos ou de outras contaminações advindas de fontes amargas e que se comprazem em negar a felicidade humana.
Recomeçar é zerar o cronômetro, “deletar” os textos dos mapas mentais escritos com tintas de pouco ou nenhum viço, apagar as memórias carrancudas, onde parecem beber os seres que constroem e editam os nossos pesadelos, dar uma sacudida nos nossos penduricalhos emocionais desagradáveis, e PRINCIPALMENTE, não ouvir conselhos e palpites de gente presa nas suas próprias prisões, cujos muros são os medos em não tentar e o horror em correr riscos e acreditar no perverso ditado: “melhor o certo que o duvidoso”.
Recomeçar é um ato de libertação. Recomeçar para valer é uma libertação luminosa, como a experimentada por um prisioneiro de si mesmo e dos seus medos que, certa vez, de tanto espiar como era o mundo fora dos seus limites, acabou tropeçando da amurada e despencando no mundo que temia e que se revelou, para seu espanto e êxtase, como imenso cenário de coisas novas!
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Recomeçar é seguir junto da natureza: todo dia ela recomeça e em todas as estações do ano ela se repagina, se faz mais bela, se faz mais generosa e tolerante e sempre promete que assim será por muuuuuuuuito tempo (mais alguns milhões de anos pelo menos…ou bilhões…nem sei, tamanha é a escala do tempo do Criador).
Recomeçar é renascer já adulto e pleno todos os dias, é fazer de si mesmo o útero de um novo ser, cuja fecundação e genes são escolhas autônomas e cheias de graça, porque banhadas em cores e sons líquidos: cá entre nós, a fonte da célula mater que nos dará vida nova para ser o que quisermos!
Mas…afinal, que é mesmo um “novo fim”? Esse patamar pode ser contido no campo do possível ou tende a se perder nas imensas extensões dos sonhos de “príncipe encantado no cavalo branco ou princesa dourada na carruagem de diamantes”, tudo muito bacaninha, não é, estimado(a) leitor(a)? Contudo não tem a menor utilidade no campo do real! É preciso que se tenha em mente um cenário possível e desejado, homologado simultaneamente pela emoção e pela razão.
A imagem a seguir, da Roda da Vida, ferramenta muito utilizada em diversos campos do desenvolvimento na vida, pode ajudar muito para que se possa projetar os cenários do porvir que se deseja, o “novo fim” para a história de sua vida que estará trabalhando nos processos de recomeço.
Ela funciona assim: considere que cada “pedaço de pizza” é um segmento da sua existência. Na figura, há uma escala de 1 a 10, de dentro para fora (o ponto 1 é o centro do círculo, que significa a menor intensidade até o estágio 10, que representa a plenitude. Vá preenchendo os espaços, de sorte que você tenha, no final, uma visão gráfica do quanto esteja satisfeito(a) com cada segmento. Pode ser que um ou mais desses segmentos acabe sinalizando onde você deva pensar seriamente em um recomeço…para valer!