Afinal, o que é reencarnação? Você acredita em vida após a morte? E na possibilidade de retornar em outro corpo, com a missão de evoluir como ser humano? Essa é uma discussão praticamente infinita e que dá muito pano para manga. Entre os que acreditam e os que não acreditam, residem diversos argumentos (prós e contras). Mas não é de hoje que isso é discutido, e não estamos longe de uma conclusão sobre ser ou não verdade. Até porque só saberemos de verdade quando morrermos.
A história da reencarnação é tão antiga quanto a própria existência humana. Trata-se de uma crença milenar. Desde a mais remota Antiguidade, muitas foram as civilizações que aceitavam a encarnação como fato. Há pelo menos 12 mil anos – na Idade da Pedra –, era costume enterrar os mortos em posição fetal, o que levava os estudiosos a deduzir que se tratava de uma preparação dos corpos para ingressarem em uma nova vida.
A reencarnação era vista de forma distinta entre as civilizações. Em umas, com a possibilidade de renascer em outros corpos; em outras, apenas com a imortalidade da alma.
Índia – a primeira referência
Vêm do Oriente os mais antigos registros sobre reencarnação. Mais precisamente na Índia, por volta de 1500 a.C., tendo como representação formal a parte final de um conjunto de cânticos tradicionais (os vedas). De acordo com esses registros, na origem de cada ser humano há uma centelha de consciência espiritual. O corpo morre, mas não essa essência, que tem seu recomeço como um ser ignorante, com a alma revestindo a matéria de forma transitória e sofrendo sucessivos renascimentos, provas e mortes.
Segundo esse conceito, cada vida vem na forma do ser adequado ao que foi aprendido. Se essa alma teve uma existência marcada por ações negativas e nocivas a outros seres, o carma é sofrimento. Ações beneficentes significam evolução interior. Ou seja, a evolução depende da conduta de cada indivíduo. Essa trajetória evolutiva culmina na união definitiva com o mundo espiritual.
Egito – vida eterna ao lado dos deuses
Já os antigos egípcios guardavam nos esquifes (caixões) textos exaltando as qualidades dos mortos. Essa era uma forma de tentar convencer o deus do além, Osíris, a lhes permitir que reencarnassem. Mas ao que parece, para os egípcios, as reencarnações não eram infinitas, seus ciclos integrais de vida não ultrapassavam 3 mil anos.
Segundo a crença egípcia, após a morte, a alma de cada indivíduo atravessava três fases, que culminavam com sua vida perfeita no céu (caso passasse pelas provas). Entretanto essas fases não diziam respeito propriamente à reencarnação, numa nova existência em um corpo físico. Mas as almas viviam livres para circular em qualquer lugar, podendo até mesmo voltar à Terra (estando invisíveis) e se utilizar das oferendas feitas por amigos e parentes. Existem registros de que essas almas ainda poderiam se transformar em algumas aves, serpentes, criaturas híbridas (pássaros com cabeça humana), flor-de-lótus, entre outras criações. Mas trata-se de metamorfoses voluntárias, contrariando o conceito de reencarnação para expiação e aprendizado, como no caso da lei do karma.
A reencarnação e as religiões
Para algumas religiões, como o budismo e o hinduísmo, por exemplo, a reencarnação é um processo natural. Já entre os cristãos, não há crença na reencarnação (mas sim na ressurreição de Cristo. A ressurreição é o retorno para o corpo original). As almas merecedoras vão para o paraíso. Entre os evangélicos, também não existe a possibilidade de reencarnar. Os muçulmanos creem que a alma aguarda o julgamento de Alá para saberem se vão para o céu ou para o inferno. Para eles, também não existe reencarnação. O judaísmo acredita que a alma possa sobreviver, mas não fala claramente em vida após a morte (algumas correntes creem na reencarnação, outras, na ressurreição).
No candomblé, não existem os conceitos de céu, inferno e punição. Ao morrer, o espírito da pessoa vai para um outro plano. Se o seu destino não for cumprido, ele pode ficar vagando entre os vivos, podendo interferir negativamente na vida dos mortais. Para a umbanda, os bons espíritos podem virar protetores, ajudando nas questões terrenas. Já os de pouca evolução podem se tornar perturbadores. Não fica evidente a questão da reencarnação para as religiões de matriz africana.
O espiritismo não é necessariamente uma religião, e sim uma doutrina. Mas ele defende a reencarnação como uma forma de ajudar na evolução espiritual. É por meio de diversas encarnações que o espírito tem a chance de melhorar. Quem pratica o bem, evolui mais rápido. Para os espíritas, Deus não é o responsável pela bondade ou maldade. O homem possui livre- arbítrio para decidir sua índole.
A evolução
A reencarnação, em todas as religiões e doutrinas que a defendem, é uma oportunidade de os espíritos evoluírem para atingir a eternidade. Aprendemos com nossos erros, e “voltamos” ao mundo terreno para reparar o mal que fizemos. Se não formos capazes de agir dessa forma, retornaremos até que possamos aprender e evoluir.
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A forma como reencarnar também tem uma relação com a nossa conduta na vida anterior, de acordo com algumas dessas correntes. Se tivemos uma existência danosa, voltamos como seres cada vez mais inferiores para que possamos aprender e aprender.
Estamos neste mundo para aprender. Mas não necessariamente devemos considerar somente que poderemos fazer isso reencarnando. Façamos o nosso melhor nesta vida, que é a única da qual temos certeza material. Acreditando ou não na reencarnação, ou mesmo na vida eterna e na possibilidade de morar eternamente no paraíso, faça o bem. Seja educado, amoroso, paciente, solidário, empático. Sem pensar na recompensa espiritual ou material. O ensinamento é esse.