No dia 8 deste mês é “comemorado” o Dia Internacional da Mulher, mas prefiro dizer que esse dia precisa ser relembrado, repensado. Em 1857, 126 operárias lutavam por direitos iguais aos dos homens em uma fábrica têxtil, localizada em Nova Iorque, nos EUA.
Essas mulheres reivindicavam melhores condições salariais, redução na jornada de trabalho e descanso dominical. De acordo com a história, elas iniciaram greves e manifestações reivindicando seus direitos e, com isso, sofreram repressão policial, o que as levou a se abrigarem na fábrica onde trabalhavam. Muitos dizem que o próprio patrão forjou um incêndio, trancando-as na fábrica, e ateou fogo, assassinando-as.
Essa foi uma parcela de tantas histórias que vemos acontecer todos os dias com as mulheres, não só no mercado de trabalho, mas na vida pessoal. Desde o surgimento do homem, sabemos que o machismo existe e, com ele, toda repressão que possa existir contra a mulher.
Demos um passo muito importante, que é a possibilidade de trabalhar fora de casa e de sermos remuneradas, no entanto, nos dias de hoje, ainda existem algumas ressalvas, mulheres ainda ganham menos que os homens, ocupam menos cargos de liderança e sofrem mais discriminação pelo simples fato de serem mulheres.
Naturalmente, a mulher é mais cobrada e sofre mais repressão do que o homem; desde seu nascimento até o envelhecimento, quem nunca ouviu a frase: Você é mocinha, não pode fazer isso!
De certa forma, hoje as mulheres têm mais liberdade de expressão e empoderamento, porém nem todas têm a possibilidade de trilhar o mesmo caminho. Muitas mulheres se sujeitam a condições precárias de trabalho em troca da própria sobrevivência.
Ser mulher é viver uma luta diária, executar um bom trabalho e infelizmente ter que provar que o seu trabalho é tão bom quanto ao de um homem, é se posicionar frente ao machismo estancado na cara dos outros, é se posicionar em meio aos assédios acometidos no dia a dia, principalmente no ambiente de trabalho.
O que foi dito até aqui foi a questão de ser mulher em um contexto geral, agora falo sobre ser mulher negra no mercado de trabalho, sobre minha experiência, meu “lugar de fala”, parafraseando a querida Djamila Ribeiro.
Dia Internacional da mulher e o empoderamento feminino
Como mencionei, ser mulher não é fácil, mas gosto de desafios e saber que podemos mudar o mundo, sim! Trabalho na área de recrutamento e seleção, lido com pessoas diversas o tempo todo, pessoas humildes, pessoas com espírito de grandeza e de todos os gêneros, meu papel é contratar o candidato mais capacitado para a posição.
Meu papel, no entanto, vai muito além disso, preciso estudar o meu cliente interno e o nicho de negócio que estou trabalhando. Muitas pessoas se surpreendem quando entendo o que elas estão dizendo e ainda quando digo que sou psicóloga. É uma luta diária como eu disse.
Isso está no meu dia a dia, entendo e enfrento para tentar fazer a diferença. Mas o que me surpreende até hoje é o fato de que, quando entro na sala de reunião para entrevistar um candidato, ele fica surpreso ao me ver. “Ah, você é a Beatriz!” Sabemos bem quando a entonação é diferente ou quando alguém tenta me explicar algo que já sei (Isso acontece corriqueiramente com todas mulheres).
Contudo, há seus pormenores em minha posição; certa vez, ao entrar na sala de reunião para entrevistar uma candidata, ela disse: Que bom ver alguém como eu aqui! Isso me motivou a trabalhar mais ainda em prol das mulheres, colocando-as nos lugares onde elas deveriam estar, principalmente as mulheres negras que precisam abolir urgentemente e cada vez mais o que nos foi imposto pela escravidão.
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Entretanto, por que esse dia precisa ser repensado? Porque ainda existem mulheres que trabalham no turismo sexual, mulheres que são discriminadas por sua raça, por serem mães, por serem trans, por serem pobres, por serem PCDs, e assim por diante.
Portanto, sempre que alguém quiser “parabenizar” uma mulher por esse dia, é importante entender o que houve historicamente e o que é feito em prol das mulheres.