O Dia Nacional do Espiritismo é comemorado no dia 18 de abril – data histórica para o espiritismo, pois na mesma data no ano de 1857, Allan Kardec publicou a primeira edição do livro “O livro dos Espíritos” em Paris. Também conhecido como Espiritismo Kardecista ou Kardecismo, o espiritismo consiste em uma doutrina religiosa de caráter filosófico e científico, cuja principal crença baseia-se na contínua evolução espiritual do ser humano a partir das reencarnações.
Origem e definição do Espiritismo
Essa doutrina teve a sua origem na França, por volta do século XIX, desde as observações e por conseguinte os estudos, do renomado educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail – conhecido mais tarde pelo pseudônimo de Allan Kardec -, que dedicou boa parte da sua vida aos estudos científicos que discorriam sobre o magnetismo. Tal estudo teve como o foco a investigação das “mesas gigantes”, que, na época, eram eventos nos quais diversos objetos se moviam de forma anormal sobre as mesas sem qualquer interferência humana. A partir disso, Kardec teve o seu interesse ampliado e passou a estudar profundamente sobre qualquer assunto que tivesse relação com a desmaterialização dos corpos e com o espírito humano.
O resultado das tantas pesquisas de Kardec no assunto do espiritismo foi a publicação de cinco obras que, mais tarde, serviriam como os principais guias para a doutrina da religião espírita. São elas: “O livro dos espíritos” (1857), “O livro dos médiuns” (1859), “O evangelho segundo o espiritismo” (1863), “O céu e o inferno” (1865) e “A gênese” (1868). A união dessas 5 obras se tornaram a “Codificação Espírita”.
O espiritismo é uma crença totalmente aberta aos ensinamentos de outras religiões, como a umbanda e o cristianismo. Dentro da doutrina espírita, Jesus Cristo é tido como um espírito evoluído de primeira ordem – espírito superior que já ultrapassou todas as provações e se tornou um missionário para ajudar a humanidade a se aperfeiçoar espiritualmente. Mas, diferentemente do cristianismo, os espíritas não acreditam no nascimento milagroso de Jesus e nem que Ele é o Salvador.
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Muitos definem o espiritismo de Kardec como um resumo de doutrinas distintas, religiões e também diversos estudos científicos – como o Evolucionismo, de Charles Darwin. Para os adeptos do espiritismo, os espíritos vivem em constante desenvolvimento, semelhante ao pensamento de Darwin, que afirma que os seres vivos também evoluem continuamente conforme o âmbito no qual estão incluídos.
Dentro do espiritismo, todas as pessoas são canais de comunicação entre o mundo físico e o mundo dos espíritos – os chamados médiuns – mas, algumas pessoas possuem uma a sensibilidade mais aflorada do que outras, podendo assim estabelecer de forma mais intensa essa ligação de conversação. Os médiuns têm a responsabilidade de se comunicar de muitas maneiras com os espíritos e, entre as mais comuns, estão a incorporação e a psicografia.
Espiritismo no Brasil
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil é o país que possui a maior população espírita do mundo inteiro, com cerca de 3,8 milhões de brasileiros que seguem fielmente o espiritismo como única crença. Um dos nomes mais famosos do espiritismo no país foi Chico Xavier (1910 – 2002), que teve grande ênfase entre a sociedade por ser um dos médiuns mais importantes no país, e também por ser o meio de comunicação com inúmeros espíritos por meio da psicografia.
A doutrina espírita começou a ser mais influente no Brasil no meio das classes sociais mais altas de Salvador, nas quais os intelectuais da época debatiam as pesquisas de Allan Kardec de forma calorosa. Assim que as obras de Kardec foram traduzidas para o português em 1875, a sua doutrina começou a ser inserida de forma mais clara em diversas classes sociais brasileiras.
Depois que Kardeck publicou o seu primeiro livro sobre o espiritismo “O Livro dos Espíritos”, a religião despertou grande interesse em diversas pessoas. Em 1864 o próprio autor ressaltou a sua alegria por ter conquistado os ouvidos de muitos brasileiros. Na época, os franceses que haviam sido exilados se encontravam com aqueles que se opunham ao regime de Napoleão III e também com os brasileiros que estavam sempre por dentro das teorias filosóficas e políticas, em uma pequena redação chamada Courrier du Brésil (no Rio de Janeiro) – esse encontro tinha o objetivo de discorrer sobre as teorias que agitavam a população da Europa.
Quando a doutrina espírita veio à tona no Brasil, grandes jornais publicaram os seus estudos, que logo foram muito estimados por grande parte dos importantes cidadãos da corte de Dom Pedro II. Logo em seguida, o espiritismo se tornou uma opção muito válida para as pessoas que discordavam do controle moral que a igreja exercia. Pouco tempo depois, a doutrina de Kardec foi legitimada por ter o apoio de pessoas que tinham grande respeito diante da sociedade brasileira.
No ano de 1860, Casimir Lieutaud publicou o primeiro livro espírita no Brasil e, dois anos depois, as obras de Kardec já estavam todas traduzidas nas livrarias de algumas cidades do país. De início, a igreja não se manifestou muito contra as suas teorias, mas 20 anos depois a igreja reagiu de forma incisiva quando a doutrina começou a se espalhar pelas cidades brasileiras.
A postura libertadora da crença espírita incomodou muitas famílias que eram donas de escravos na Bahia e, sem desanimar, Teles de Menezes foi o fundador do Eco d’Além-Túmulo, que foi o primeira publicação bimestral espírita do Brasil. Essa publicação periódica era uma forma de posição discordante da escravidão e acabou se tornando um grande meio de divulgação da doutrina do espiritismo.
Muitas publicações foram tomando conta das revistas de diversas cidades, propagando assim respostas concretas às críticas que a igreja católica fazia contra o espiritismo e alcançavam novos fiéis. Em 1882, os seguidores espíritas disfarçavam a sua escolha religiosa para evitar possíveis perseguições, mas quanto mais eram perseguidos, mais se proliferavam pelo país – a união tornava o movimento cada vez mais forte.
Em 1884, Augusto Elias da Silva, um fotógrafo da época, impulsionou encontros espíritas em sua casa e abraçou a criação de uma federação para os grupos espíritas que existiam. Com o apoio de todos, foi fundada a Federação Espírita Brasileira, que hoje, no século XXI, é a organização nacional mais importante que possui a incumbência de estimular o espiritismo no Brasil.
O dia Nacional do Espiritismo foi fundado em 2007, sendo uma data para a celebração da doutrina espírita e também como homenagem ao lançamento do primeiro livro sobre espíritos do fundador Allan Kardec, que mais tarde seria o início dos princípios da religião espírita.