De certo não existe receita para a prosperidade, que o livre de pensamentos degradantes, experiências ruins e escolhas inadequadas. É plausível dizer que nossa conduta determina o caminho que nossa vida possa seguir, mas seria tolice desconsiderar que grandes problemas não surjam para nos desviar.
É ainda mais certo que muitas das adversidades que enfrentamos não estão sob o nosso controle ou entendimento, como sugerem os estoicos. Para tais, não é sensato dispor do bem-estar em vão, considerando que a ação será falha. Porém, no campo das contrariedades que temos influência, devemos proceder de maneira mais prudente possível e, nesse momento, possuir um alicerce forte é de grande importância.
Portanto, os bem-aventurados que foram agraciados pela união familiar, bons amigos, saúde e direcionamento à espiritualidade apresentarão boas indicações quando forem testados pelo Universo, agindo como uma embarcação estável frente às ondas de um grande oceano. Infelizmente, tais condições não são concedidas de maneira linear para todos e o caminho da luz torna-se cada vez mais distante para os menos afortunados.
Contrapondo esse pensamento, vejamos a história de Epicteto, escravo aleijado que viveu grande parte da sua vida na Grécia, que disse: “Doente e ainda assim feliz, em perigo e ainda assim feliz, morrendo e ainda assim feliz, no exílio e ainda assim feliz, na desgraça e feliz”. Seu contentamento poderia nos fazer pensar que ele simplesmente aceitou o destino como miserável no mundo, mas há muito mais em sua história. Além da contribuição inestimável para a filosofia, mostrou a importância da virtuosidade e do autoconhecimento para a plenitude em vida.
Sem sombra de dúvida, o feito de Epicteto contra as adversidades é admirável. Entretanto, ninguém optaria deliberadamente vivenciar tempos de transgressão à dignidade humana e incompreensão de boa vontade. Com efeito, até mesmo ele escolheria alguns itens da vida de bem-aventurado, caso pudesse.
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Por isso, é necessário identificar nossas bênçãos e prover condições para que outros também as alcancem, agindo diariamente com compaixão no entendimento da indispensável transformação do seu semelhante, que a partir de então se tornará autônomo.