Convivendo

Toda essa gente

Pessoa de braço levantado e com a mão fechada com outras pessoas ao seu redor
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Escrito por Thiane Avila

Sabe de toda essa gente que abre o berreiro pra se ocupar

Sabe que é bem dessa gente que vem o desespero de não se aguentar

Em épocas de tanta balbúrdia, a grana tá curta pra quem quer estudar

É corte de todos os lados, sempre arrebenta pro mais fraco, não há do que falar

Hoje a ciência cortada, a pesquisa sem nada pra conseguir avançar

A saúde tá sucateada, e o pobre não mata porque tem que matar

A palavra, tão esvaziada, se preenche com bala pra tentar levantar

O governo na comissão de frente, cortando a corrente de quem quer ajudar

Pessoa com as mãos juntas abertas pedindo algo
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Veja do outro lado da rua, tem tinta escura a se espalhar

Ela tá com cor de muralha, formato navalha pra quem quiser se aproximar

Cuidado, não olha de perto, o homem tá certo, não vá duvidar

Panela batendo na rua não é uma fagulha pra quem quer dizimar

Tem um cara vestido de mito, soprando um apito pra se contentar

Ele fala tão contra a corrente, as verdades desmente, e ninguém sabe parar

Pergunto ao povo de cima o porquê de a chacina se justificar

Brasil, povo são de nascença, não perde a tua crença de tudo melhorar

Mulher sorrindo entregando um copo para homem que está sentado em um banco de madeira
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Invoco a classe desmedida, que brinca que ensina, mas não quer escutar

O que falta é ouvido atento e boca sem ímpeto de se colocar

Chegou o momento de os pobres não serem deboches e não só trabalhar

Nosso mundo depende de todos, e é a favor do povo que precisamos lutar

Estado de exceção virou regra, e a lei não dá trégua de se alterar

Tem medida pra tanto absurdo, largada a mudo pra não se alastrar

Enquanto olhamos Reginas e discordamos do teatro que tentam nos mostrar

Tem gente morrendo de fome, e o vírus que chega, chega pra matar

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Hoje, nessa pandemia, a voz virou sina por se abafar

Que não sejam as nossas paredes motivo de sede que nos façam calar

Usemos o tempo de casa pra tirar a mordaça e nos modificar

Ouçamos a voz que não fala, colocando sua raça a se manifestar

Sobre o autor

Thiane Avila

Com experiência na área da educação, Thiane já ministrou aulas particulares de Língua Inglesa e Portuguesa, bem como atuou em escolas de idiomas. Estudante de relações públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também cursa teatro e é colunista de uma Revista em sua cidade natal, Gravataí, além de colaborar com outras plataformas virtuais literárias.

A escrita já rendeu algumas premiações nacionais e participações em coletâneas. Os prêmios recebidos contemplam o 3º lugar no Concurso Literário Icozeiro (julho de 2014), o certificado de Qualidade Literária pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores (maio de 2015) e o reconhecimento pelo Conselho Editorial da Câmara Brasileira de Jovens Escritores do Rio de Janeira pela qualidade literária da obra selecionada para publicação nas edições de maio de 2015.

Contato:

Email: thiane_nane@yahoo.com.br
Facebook: Thiane Ávila
Site: Jundiaí Online

Participação nas seguintes coletâneas: “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos” Volume 124 e “Poemas descalços na noite serena” – ambos pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores.