Há uma tradição muito antiga ensinada pelos anciãos indígenas das Américas que costumam treinar a voz da mente para ser livre da voz física. O termo que estes anciãos utilizavam para este processo é chamado de “stalker” ou “perseguição”.
Sabemos que esta palavra perseguição tem algumas conotações negativas em nossa sociedade. No entanto, a perseguição é uma parte boa desta prática medicinal dos anciãos indígenas.
Na perseguição, usamos três áreas para nos ajudar a encontrar energia.
A primeira área é a dos nossos pensamentos: Julgamento e crítica, futuro ou passado, e autopiedade.
O segundo lugar que olhamos é para a energia perante a emoção: Estou tendo uma reação emocional a esta pessoa ou evento?
A terceira área de consciência é física: Tenho conhecimento de meu pensamento ou respostas emocionais e quase sempre torna-se uma tensão física para o meu corpo.
“Stalkear” é uma atividade proativa em que eu começo a olhar para os meus próprios pensamentos de julgamentos e críticas, e como, quando e onde eles ocorrem na minha mente. Por exemplo: Se alguém me corta no trânsito, sei que ficarei com raiva e os pensamentos negativos começarão a surgir, até que cria-se uma tensão no corpo físico.
Quando eu me tornar consciente de todas essas ações, começo a ter escolhas de como eu uso a minha energia para os acontecimentos da vida, seja julgar ou aceitar. Eu começo a aprender com o mundo e as pessoas, se eu sou uma folha à mercê do vento, ou se estou consciente e responsável.
Nós, então, começamos a perceber o poder que a voz da mente tem de criar sofrimento dentro de nós, e que tal sofrimento é separado do que ocorre no mundo exterior.
Este sofrimento pode ocorrer a partir de eventos passados muito distantes do nosso presente, e muitas vezes quando nos tornamos conscientes desse sofrimento, tentamos usar a psicologia do autoperdão, no qual o perseguidor procura a voz interna para recriar aquele momento ruim para começar o julgamento sobre o assunto.
Se pudéssemos mudar a voz, o que aconteceria fisicamente, emocionalmente, e como é que nossas atividades mentais iriam mudar?
Quando a consciência do sofrimento é alta, a voz muda de lugar e se torna uma voz de “nós mesmos”. Quando escolhemos fazer isso, podemos sentir o poder da voz no físico e quão rapidamente nossas emoções podem mudar. Muitas vezes rimos e nos sentimos leves com o papel que temos de sermos juizes de nós mesmos. Um verdadeiro paradoxo.
Tem sido dito que o Espírito está sempre em paradoxo. Se estamos dispostos a fazer este movimento, ao invés de pensar sobre isso, podemos literalmente criar um poder em nosso corpo físico. Nós encontramos a paz através da voz que cria sofrimento.
Efeitos colaterais que essas manobras energéticas de pensamentos podem nos trazer é estar sempre a espreita de nossos próprios pensamentos, e começar a ter um raciocínio mais lento ao dar voz aos pensamentos, construindo uma consciência mais clara e responsável.
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Mas, esse é um efeito ótimo que podemos levar para a vida, pois paramos de culpar o mundo e as pessoas pelas minhas próprias reações diante dela, e conseguimos diminuir significadamente nosso sofrimento físico e mental com relação as atitudes do mundo externo.
Ser stalker de nós mesmos é uma boa maneira de nos tornarmos seres humanos mais responsáveis de nossas próprias atitudes.
- Texto traduzido e adaptado por Natalia Ianonne da Equipe Eu Sem Fronteiras