Frida Kahlo tem uma frase da qual eu gosto muito: “Onde não puderes amar, não te demores”.
Apesar de gostar dos dizeres, tem algo que me faz refletir, que é o fato de que a expressão do nosso amor parece estar limitada a um lugar. Se em determinado lugar eu não consigo expressar meu amor, o meu amor depende da condição desse lugar.
Diante de algumas questões trazidas por clientes durante esse tempo de pandemia, percebi que o convite repentino ao isolamento social fez com que cada pessoa, de acordo com sua situação, fosse instigada a olhar para as três relações básicas dos seres humanos: a relação consigo mesmo, com o outro e com o coletivo.
Quem entendeu bem o convite já pode ter encontrado a resposta para estas perguntas: Quem realmente eu sou? O quanto consigo permanecer em mim e continuar sendo eu mesmo na relação com o outro? Como minha postura de vida influencia o mundo?
Hoje alguém me perguntou como deveria agir diante do isolamento, e se eu acredito que a questão seja grave mesmo ou se há um exagero.
Independentemente da minha resposta, ela é um ponto de vista unicamente meu, e não uma grande verdade, por isso procuro sempre refletir sobre as leis universais quando vou pensar sobre algo, tentando analisar como um todo.
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Quando tenho uma resposta para essa e outras perguntas, tenho aí um sentido de identidade: a despeito do que os outros pensem sobre a pandemia ou determinado assunto, eu penso de tal forma.
Na relação com o outro, eu posso refletir sobre como sei impor de forma saudável meus limites e como posso respeitar o limite do outro, e até que ponto eu vivo o que acredito ou me deixo levar pela crença dos outros.
No sentido coletivo, maior, mais amplo, independentemente da minha vontade, há uma regra a ser seguida. Eu posso até achar que há um exagero, mas não posso sair sem proteção ou sem tomar os devidos cuidados impostos pelas autoridades.
Não adianta separarmos essas reflexões. Há um desequilíbrio na forma como vivemos enquanto seres conscientes, ora olhando somente para nós mesmos, ora olhando somente para o outro, ora seguindo ou ignorando o que o coletivo impõe.
Está na hora de se recolher e de dar conta de olhar para tudo isso de uma vez, com cautela, com amor, assumindo a responsabilidade pessoal de todas essas relações que são essenciais para a vida.
Parafraseando a frase de Frida Kahlo, hoje eu escrevi: “Onde não puderes ser você mesmo(a), não te demores”.
Descubra quem você é, saiba se relacionar com o outro a partir desse lugar e encontre também o seu lugar de contribuição no mundo. Perceba a influência que cada um de nós tem nesses eventos grandiosos que são, na realidade, a soma de todas as individualidades que formam uma força em si. A questão é: De que lado da força você está?