No livro “Sinta Medo e Faça Mesmo Assim”, Susan Jeffers fala sobre os vários pilares que dão suporte à vida. Quando a nossa vida tem apenas dois pilares — digamos, trabalho e relação —, se um deles falhar (você é despedido, sua relação não vai tão bem) vamos nos sentir realmente inseguros vendo nossa “casa” equilibrada em um pilar. Já se tivermos vários interesses, várias coisas para nos energizar, nos dar alegria e a quem recorrer quando a coisa vai mal, a vida fica um pouco mais fácil.
Aqui vão alguns exemplos sobre em quais pilares, além do trabalho e relação, nossa vida poderia estar equilibrada: espiritualidade, família, contribuir para uma causa, amigos, desenvolvimento pessoal, hobbies, vida comunitária, bem-estar.
É bem conhecido o caso dos centenários de Osaka, no Japão, que dizem que o segredo de sua longevidade é a vida comunitária. Este é um suporte muito importante: influencia nossa saúde física e mental, nos faz sentir amparados, necessários e, dependendo do grupo, nos mantém atualizados, conscientes, alegres.
Um outro aspecto: às vezes a gente acaba exigindo demais de um parceiro — esperamos que todas as nossas necessidades sejam atendidas por ele.
A filósofa Lucia Helena Galvão tem um vídeo em que fala sobre almas gêmeas, e diz que este fenômeno — esta união nos planos físico, mental e espiritual — não precisa ocorrer somente entre duas pessoas que se relacionam: este encontro pode acontecer entre um mestre e um discípulo, entre dois amigos.
A gente sabe que tem sempre aquele amigo que é bom para viajar, o que é bom para a balada, o que é bom para conversas profundas, ou aquele com quem nos divertimos e podemos ser crianças novamente — não esperamos tudo do mesmo amigo. Então, por que esperamos que o nosso parceiro nos satisfaça em todos os aspectos da nossa vida?
Quando ampliamos estes pilares, tiramos o peso que apenas um setor da nossa vida estava carregando: esperar satisfação só da relação, a desgasta. Esperar plenitude só do trabalho é, na maioria das vezes, frustrante.
Se a satisfação pessoal que esperamos do trabalho for conseguida por meio de uma participação numa causa, ou num hobby, podemos continuar trabalhando em qualquer coisa — para sempre, ou até que o trabalho perfeito apareça (ou, melhor ainda, até que entendamos que aquele é o trabalho perfeito naquele momento).
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Eu, por exemplo, tenho descoberto vários pilares dentro de um mesmo pilar: a espiritualidade. Há aspectos do hinduísmo que me preenchem enormemente. Por outro lado, tenho feito práticas de contemplação e meditação com um grupo cuja principal inclinação é budista, e tem sido incrível. Ainda sei pouco sobre as práticas indígenas, mas quando vou a uma cerimônia, sinto que nada substitui aquele conhecimento que mexe com a minha ancestralidade, a minha essência. Não espero que nenhuma dessas vertentes me preencha completamente: pego algo com o qual me identifico aqui e ali, e tento inserir na minha vida, como um mosaico.
Às vezes, um pilar pode se expandir para várias áreas da sua vida: se você decide fazer da pintura ou da música o seu hobby, e entra numa classe, ali você trabalha no seu bem-estar (que é um pilar), você encontra pessoas e aplaca sua necessidade de companhia ou alguém para conversar.
Temos muita sorte porque hoje em dia nem mesmo é preciso sair de casa para fazermos muitas dessas coisas. Está em nossas mãos!