Entre os muitos tabus que existem em torno da sexualidade feminina, o pompoarismo talvez esteja entre os principais. Muitas pessoas, em um primeiro contato com o nome, já imaginam algum tipo de show envolvendo o arremesso de objetos pela vagina. No entanto, essa técnica milenar de ginástica íntima tem muito mais para oferecer – tanto para o prazer como para a qualidade de vida das mulheres. Antes de conhecer as técnicas de pompoarismo, vamos saber um pouquinho mais desse universo?
O pompoarismo é, basicamente, uma técnica de exercícios para o canal vaginal. Os movimentos fortalecem os músculos do assoalho pélvico feminino, trazendo variados benefícios. Sua origem é associada ao Oriente, especificamente o Sul da Índia e a Tailândia; alguns registros também o associam à África.
Acredita-se que os exercícios que conhecemos hoje são um resgate de antigos saberes das sociedades matrifocais partilhados entre as sacerdotisas para os rituais de fertilidade. Foi a tradição oral entre mãe e filha, aliás, que possibilitou a sobrevivência dessas informações ao longo do tempo.
Os exercícios trazem benefícios sob uma ótica bastante tântrica, pela qual se entende que o corpo é um meio para o conhecimento, e não um obstáculo para a consciência superior. No Ocidente, o pompoarismo também é conhecido como “exercícios de Kegel”, graças ao ginecologista Arnold Kegel, que na década de 1940 realizou estudos sobre a musculatura pélvica e indicou essas práticas para o tratamento de incontinência urinária.
Benefícios
Quanto mais um músculo é exercitado, maior a circulação de sangue no local e, consequentemente, maior é a sensibilidade da região. As técnicas de pompoarismo fortalecem a vagina e o tônus do períneo (região entre a vagina e o ânus), o que proporciona uma nova consciência do corpo para a mulher.
A prática aumenta a libido, facilita o orgasmo (inclusive os múltiplos), além de diminuir cólicas e questões pré-menstruais. Os movimentos de contração e relaxamento aumentam a performance sexual, abrindo novas possibilidades para a penetração.
Ao mesmo tempo, a ginecologia comprova também os benefícios para tratar a flacidez da região vaginal, muito associada à incontinência urinária. O exercício reduz os sintomas da menopausa, previne infecções, vaginismo e auxilia com possíveis dores durante o ato sexual. Outro ganho é o aumento da lubrificação vaginal, importante na gravidez no que se refere ao parto e à recuperação da mulher.
Técnicas de pompoarismo
A ginástica íntima é baseada nos movimentos de contração e relaxamento da musculatura vaginal. Como explica a especialista Cátia Damasceno, idealizadora da iniciativa Mulheres Bem-Resolvidas, o segredo está na regularidade da prática. Se na academia existe determinada série para braços e pernas que deve ser executada durante um prazo específico e com precisão, é importante que o pompoar seja visto com essa disciplina. Em seu e-book “Aperta e solta”, a fisioterapeuta indica uma rotina inicial de sete dias.
Para começar, primeiro é preciso entender o que será exercitado: é o momento de encontrar os três anéis vaginais. O primeiro é o períneo, facilmente sentido ao fechar a entrada da vagina. Para sentir o segundo, fique de pé e movimente-se como se fosse segurar a urina: é aí que ele fica. O terceiro fica na região inferior da barriga. Para sentir, deite com a barriga para cima e esvazie o ar do baixo ventre. É interessante esvaziar a bexiga antes de praticar. Depois de se relacionar mais de perto com o seu corpo, é hora de praticar as técnicas de pompoarismo. Vamos lá?
Técnica 1 – Contração: inicie com cinco séries de 30 contrações do canal vaginal com intervalo de 1 minuto (como se estivesse segurando a urina). A cada dia, você pode aumentar o número de séries e reduzir o intervalo de tempo, criando o hábito do exercício e preparando a musculatura. A ideia é chegar ao sétimo dia realizando 10 séries de 30 contrações com intervalos de 30 segundos.
Técnica 2 – Contração e relaxamento: agora que você já tem familiaridade com os movimentos, adicione uma ação a mais para se desafiar. Agora, além de contrair, você vai “relaxar intensamente”. O relaxamento funciona como a sensação de “fazer força para a urina sair”. Então, faça uma cadência: 1 forte contração alternando com 1 intenso relaxamento de até 5 segundos em uma série de 10 repetições. Descanse por 1 minuto e repita mais 2 vezes.
Técnica 3 – Relaxamento e contração: agora, invertemos a lógica da última técnica, aumentando a repetição. Inicie com 1 relaxamento intenso rápido e alterne com 1 forte contração de 5 segundos. No começo, podem ser 4 repetições para cada 30 segundos. Com o tempo, aumente as repetições e reduza o tempo de descanso.
Técnica 4 – Desafiando a contração: a ideia é segurar a contração do canal vaginal durante o maior tempo que você conseguir. Faça anotações e perceba o aumento do tempo conforme a prática se desenrolar em sua rotina. É interessante criar microdesafios, como segurar a contração durante o tempo de um farol no trânsito, por exemplo, ou mesmo colocar alarmes que lembrem você de contrair durante o dia.
Técnica 5 – Pompoar e respirar: depois de praticar com as primeiras técnicas, é hora de adicionar mais um elemento no jogo: a sua respiração. Respire fundo algumas vezes para se preparar. Agora, dê o comando ao seu cérebro – ao inspirar, contraia a musculatura vaginal; ao expirar, relaxe ativamente (como se estivesse forçando a urina). Depois de pegar o jeito, você pode acelerar a respiração e as contrações ou mesmo se desafiar e aumentar o tempo do ar e dos movimentos. Atenção plena e pompoarismo em prol do seu amor-próprio!
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A partir daí, você pode começar a dar uma olhada nos acessórios, como as bolas Ben-wa e os cones vaginais. A ideia é que os utensílios intensifiquem o exercício de “sugar” e “expulsar”. Porém, um ponto importante: não saia praticando sem ler mais sobre a prática, pois você pode se machucar. A ideia é que o processo seja prazeroso e amoroso. O pompoarismo é uma forma de autocuidado feminino, portanto, parte do pressuposto de que seja algo prazeroso, e não forçado.