Enquanto alguns admiram carros, vinhos, cavalos, armas, e outros se entusiasmam com o discurso de políticos que prometem mundos e fundos que sabem que não vão cumprir, há aqueles, mais ousados, como eu, que são atraídos por uma boa história, um bom romance, por livros.
Embora existam diferentes gostos nessa matéria, o romance parece ser aquele gênero na literatura que agrada a maioria das pessoas, para não dizer todas. Entretanto, o conto vem ganhando espaço cada vez mais entre os leitores por ser geralmente uma história mais curta, direta.
Não importa se você gosta do conto ou do romance, o interessante é ler. A leitura nos torna mais humano, nos faz seres melhores, seres mais tolerantes. Quem lê, aprende mais, sabe mais, vive mais! A leitura favorece ao espírito humano momentos de profunda alegria, prazer, felicidade.
Quem pensou que nessa pandemia eu fiquei isolado socialmente, se enganou. Toda semana eu viajava para um lugar diferente, e com pessoas diferentes, através da leitura. Muitos foram os lugares que conheci, pessoas que conversei, emoções que senti. E o mais interessante de tudo isso é que não se contrai e nem se transmite o coronavírus!
Nessa quarentena, a minha primeira viagem foi para a Bahia através da leitura do romance “Mar Morto” de Jorge Amado. Nele fiquei sabendo que é “doce morrer no mar”. Dei boas risadas com as histórias do velho Francisco e Rosa Palmeirão. Emocionei-me com a história de amor entre Lívia e Guma. Por fim, rezei para que os pescadores encontrassem o corpo de Guma, mas o autor preferiu deixá-lo no fundo do mar, morando com Iemanjá, destino final dos homens fortes, valentes e virtuosos.
Na segunda semana da quarentema, ainda afetado pela leitura da semana anterior, comecei a ler outro livro de Jorge Amado, dessa vez “Capitães de Areia”. Nesse livro fiquei sabendo que a varíola atingia sobretudo os pobres, os desprotegidos, os meninos de rua, e comparei com o coronavírus. As histórias de vida do Padre José Pedro, Boa Vida, Gato, Sem Pernas, Professor, João Grande, Pirulito, Dalva, D. Aninha, Zé Fuinha, me levaram às lágrimas e, algumas vezes, às gargalhadas. Por fim, devo dizer que foram às histórias de vida de Pedro Bala e Dora que mais me emocionaram. O amor entre eles dois era inocente, puro, contradizendo o ambiente onde eles moravam. Quando Pedro Bala entra para o sindicato, ficando ao lado dos grevistas, dos estivadores, parece que se redime de todos os seus crimes.
Poderia citar muitos outros lugares e pessoas que conheci nessa quarentena através da leitura, mas por hora, talvez afetado pela morte de George Floyd e Miguel, o menino que caiu do 9º andar de um prédio em Recife, onde sua mãe trabalhava como empregada doméstica, vou apenas citar o livro “Irmão Negro” de Walcyr Carrasco. Neste livro, descobri que o preconceito é latente na cultura brasileira e que ele mata tanto quanto o trânsito, as drogas, a violência urbana.
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Por fim, os livros nos transformam, nos levam para lugares imagináveis, nos fornecem prazeres indescritíveis, sentimentos nobres, emoções verdadeiras. Quem lê nunca fica sozinho, pois tem sempre um monte de autores, personagens por perto. A literatura, a poesia, o conto, o romance, torna a vida mais alegre, atraente, emocionante, cheia de esperança. Pense nisso!